sábado, 9 de fevereiro de 2013

Vendo por Espelho - Obscuramente

VERSO A MEDITAR: “A sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus; porquanto está escrito: Ele apanha os sábios na própria astúcia deles” (1Co 3:19).
 
Em 1802, o teólogo William Paley escreveu um livro intitulado Natural Theology [Teologia Natural], no qual argumentou que se pode observar a natureza a fim de desenvolver uma compreensão do caráter de Deus. Ele escreveu extensivamente sobre as maneiras pelas quais as características dos animais revelam o cuidado e a habilidade do Criador. No entanto, Paley pode ter exagerado algumas características, porque ele não reconheceu os efeitos que o pecado e a queda exerceram sobre a natureza. Apesar disso, seu argumento geral nunca foi refutado, embora tenham ocorrido numerosas e clamorosas alegações ao contrário!
 Charles Darwin, por outro lado, argumentou que um Deus que projetasse todas as características da natureza não seria bom. Como prova, ele se referiu a um parasita que se alimenta nos corpos vivos de lagartas e a forma cruel pela qual um gato brinca com um rato. Para ele, esses exemplos eram evidências contra a existência de um amoroso Deus Criador.
 Compreendemos que Paley estava, obviamente, mais perto da verdade do que Darwin. Mas a lição desta semana examinará o que a Bíblia tem a dizer sobre a questão do que a natureza revela e daquilo que ela não revela, sobre Deus.
 A Terra é do Senhor
Um cientista, certa vez, fez um desafio a Deus. Argumentou que ele poderia criar a humanidade tão bem quanto qualquer deus. O Senhor disse: “Ok, vá em frente e faça isso.” O cientista começou a juntar algum pó, mas Deus disse: “Espere um minuto. Faça seu próprio pó!”
Embora essa história seja apenas uma fábula, a lição é clara: Deus é o único que pode criar do nada. Deus fez todo o material do Universo, incluindo nosso mundo, nossas posses e nosso corpo. Ele é o dono legítimo de todas as coisas.
1. Qual é a mensagem básica dos textos a seguir? O que essa mensagem nos diz sobre a maneira pela qual devemos nos relacionar com o mundo, com os outros e com Deus? Sl 24:1, 2; Jó 41:11; Sl 50:10; Is 43:1, 2; 1Co 6:19, 20
Um hino cristão muito apreciado começa com as palavras: “O mundo é de meu Deus” (Hinário Adventista, 36). Este é verdadeiramente o mundo de nosso Pai, porque Ele o criou. Não há reivindicação de propriedade mais legítima do que Sua capacidade de criação. Deus criou e, portanto, possui todo o Universo, os céus, a Terra e tudo o que neles há.
 
 Não apenas o mundo pertence a Deus, mas Ele também reivindica a propriedade de todas as criaturas da Terra. Nenhum outro ser tem o poder de criar vida. Deus é o único Criador e, como tal, o proprietário final de cada criatura. Dependemos totalmente dEle para nossa existência. Nada podemos dar a Deus, exceto nossa lealdade. Todas as outras coisas na Terra já pertencem a Ele.
 Além disso, pertencemos a Deus, não apenas pela criação, porém, mais importante ainda, pela redenção. Embora seja um dom maravilhoso de Deus, a vida humana foi muito prejudicada pelo pecado e termina com a morte, uma perspectiva que despoja a vida de todo significado e propósito. A vida, como agora existe para nós, não é tão fantástica. Nossa única esperança é a maravilhosa promessa da redenção, a única coisa que pode restaurar tudo novamente. Assim, somos de Cristo pela criação e pela redenção.
Um mundo caído
Uma coisa é certa: o mundo em que vivemos hoje está muito diferente daquele que surgiu do Senhor no fim da semana da criação. Certamente, uma poderosa evidência de beleza e planeamento existe em quase toda parte. No entanto, somos seres afetados pelo pecado, vivendo neste mundo de pecado e tentando entendê-lo. Mesmo antes do Dilúvio, o planeta havia sido impactado negativamente pelo pecado. “Nos dias de Noé uma dupla maldição repousava sobre a Terra, em consequência da transgressão de Adão e do homicídio cometido por Caim” (Ellen G. White, Vidas Que Falam [Meditações Matinais 1971], p. 32).
2. Como o mundo foi “amaldiçoado”, e quais foram os resultados dessas maldições? Gn 3:17; 4:11, 12; 5:29
A maldição sobre a terra por causa de Adão deve ter envolvido o reino vegetal, porque seus resultados incluíram a produção de espinhos e cardos. A implicação é que toda a criação foi afetada pelas maldições resultantes do pecado. A citação acima afirma muito claramente que a maldição sobre Caim não se limitou apenas a ele, mas repousou sobre o mundo inteiro.
 Infelizmente, as maldições em virtude do pecado não terminaram ali, porque o mundo enfrentou outra maldição que o afetou em grande medida. Essa, é claro, foi o Dilúvio mundial. “O Senhor aspirou o suave cheiro e disse consigo mesmo: Não tornarei a amaldiçoar a Terra por causa do homem, porque é mau o desígnio íntimo do homem desde a sua mocidade; nem tornarei a ferir todo vivente, como fiz” (Gn 8:21).
 O Dilúvio desorganizou o sistema de irrigação estabelecido por Deus na criação, despojando o solo de porções de terra e depositando-as em outros lugares. Mesmo agora, a chuva continua a dissolver o solo, roubando-lhe sua fertilidade e reduzindo o rendimento da colheita. Deus prometeu graciosamente não amaldiçoar a Terra novamente, mas o solo que herdamos está muito longe do solo rico e produtivo que Ele criou originalmente.
Leia Romanos 8:19-22. Embora esses versos sejam difíceis de aceitar, como eles se relacionam com o que estudamos hoje? Que esperança podemos encontrar neles?
 O príncipe deste mundo
Então, perguntou o Senhor a Satanás: Donde vens? Satanás respondeu ao Senhor e disse: De rodear a Terra e passear por ela” (Jó 1:7); “Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em redor, como leão que ruge procurando alguém para devorar” (1Pe 5:8).
Como vimos, o mundo pertence a Deus, tanto pela criação quanto pela redenção. Mas não devemos esquecer, também, a realidade de Satanás, a realidade do grande conflito e a realidade da tentativa do inimigo de tomar o controle de tudo o que puder. Embora, depois da cruz, sua derrota tenha sido assegurada, ele não se retirará silenciosa ou suavemente. Sua ira e seu poder destrutivo, embora limitados por Deus a um certo grau, de uma forma que certamente não entendemos agora, nunca devem ser subestimados. Não devemos esquecer também que, embora muitas vezes as questões possam parecer obscuras, a batalha final se resume apenas a duas forças: Cristo e Satanás. Não há meio-termo. E, como sabemos, grande parte deste mundo está sob a bandeira do lado errado. É de admirar que o mundo esteja tão degenerado?
3. Que importante verdade sobre a realidade e o poder do maligno é encontrada na Bíblia? Jo 12:31; 14:30; 16:11; Ef 2:2; 6:12
No livro de Jó é afastada uma parte do véu que esconde a realidade do grande conflito, e podemos ver que Satanás tem a capacidade de causar grande destruição no mundo natural. Sejam quais forem as implicações da expressão “o príncipe deste mundo”, uma coisa fica clara: Nesse papel, Satanás ainda exerce uma influência poderosa e destrutiva sobre a Terra. Essa verdade nos dá uma razão a mais para perceber que o mundo natural tem sido muito danificado. Precisamos ter muito cuidado com as lições que tiramos dele a respeito de Deus. Afinal, considere os grandes erros de interpretação de Darwin a respeito da condição do mundo.
De que forma você pode ver, nitidamente, a influência destrutiva de Satanás em sua vida? Por que a cruz e as promessas nela encontradas são sua única esperança?
 A “sabedoria” do mundo
Alcançamos uma quantidade incrível de conhecimento e informação, sobretudo nos últimos duzentos anos. Conhecimento e informação, no entanto, não são necessariamente a mesma coisa que “sabedoria”. Obtemos também uma compreensão do mundo natural muito maior que a dos nossos antepassados. Todavia, uma “compreensão maior” também não é a mesma coisa que sabedoria.
4. De que maneira Deus avalia a suposta “sabedoria” do mundo? Em nossos dias ainda podemos comprovar a tolice dessa “sabedoria”? 1Co 1:18-21; 3:18-21
Há muita coisa no pensamento humano que desafia a Palavra de Deus. Seja a questão da ressurreição de Jesus, da criação ou de qualquer milagre, a “sabedoria humana” (mesmo quando apoiada pelos “fatos” da ciência) deve ser considerada “loucura” quando contradiz a Palavra do Senhor.
 Além disso, como afirmado anteriormente, grande parte do conhecimento científico de hoje, especialmente no contexto das origens humanas, começa com uma perspectiva puramente naturalista. Mesmo que muitos dos maiores génios da história científica – Newton, Kepler, Galileu – tenham sido crentes em Deus e visto seu trabalho como um auxílio para explicar a obra de Deus na criação (Kepler escreveu: “Ó Deus, eu penso os Teus pensamentos depois de Ti ...”), tais sentimentos hoje são muitas vezes ridicularizados por segmentos da comunidade científica.
 Alguns até procuram negar as histórias miraculosas da Bíblia, argumentando que elas realmente foram fenómenos que ocorriam naturalmente e que os antigos, ignorantes das leis da natureza, interpretaram erroneamente como ação divina. Há, por exemplo, muitos tipos de teorias naturalistas que procuram explicar a divisão do Mar Vermelho como algo diferente de um milagre de Deus. Alguns anos atrás, um cientista sugeriu que Moisés estava drogado, e então ele ficou alucinado com a ideia de que Deus lhe deu os Dez Mandamentos em tábuas de pedra!
Por mais tolas que algumas dessas explicações possam parecer, uma vez que você rejeite a ideia de Deus e do sobrenatural, você precisa inventar alguma outra explicação para essas coisas. Por isso, a “loucura” sobre a qual Paulo escreveu de modo tão claro e profético.
 Pelos olhos da fé
O Salmo 8 é um dos mais amados. Para Davi, como crente em Deus, a criação falava da majestade e amor do Senhor.
5. Que lições específicas Davi contemplava na criação? Além disso, comparando o que sabemos sobre a criação hoje com o que era conhecido naquele tempo, por que as palavras de Davi parecem ainda mais notáveis? Sl 8
Somente nos últimos cem anos realmente começamos a compreender a vastidão do cosmos e, em comparação com isso, a nossa pequenez. Não se pode sequer imaginar que alguém como Davi, exceto pela revelação divina, pudesse ter alguma ideia da grandeza dos “céus”. Se ele ficou admirado naquela época, quanto mais admirados nós devemos ficar, sabendo que, apesar do tamanho do Universo, Deus nos ama com um amor que não podemos nem mesmo começar a entender?
6. O que Davi percebia nos céus? Sl 19:1-4
Muitos já olharam para as estrelas à noite e reconheceram a grandeza de Deus e a pequenez da humanidade, e louvaram a Deus por Seu cuidado. Outros se concentraram no problema do mal na natureza e culparam Deus pelos problemas que, na verdade, são o resultado de suas próprias escolhas ou das atividades do diabo.
 Para o cristão, a criação fala verdadeiramente do cuidado de Deus, mesmo em meio ao mal introduzido por Satanás. No entanto, por mais poderosos que sejam o testemunho e a evidência do mundo criado, a revelação é incompleta, principalmente devido aos resultados da queda e às maldições que ela trouxe.
Leia João 14:9 e pense em Jesus na cruz. Por que a cruz deve ser sempre a principal revelação sobre a natureza e o caráter de Deus?
 Estudo adicional
Fui advertida (1890) de que futuramente teremos uma luta constante. A chamada ciência e a religião serão postas em oposição uma à outra, pois os homens finitos não compreendem o poder nem a grandeza de Deus. Foram-me apresentadas estas palavras das Escrituras Sagradas: “Dentre vós mesmos, se levantarão homens falando coisas pervertidas para arrastar os discípulos atrás deles” (At 20:30; Ellen G. White, Medicina e Salvação, p. 98).
Perguntas para reflexão
 1. Pense na “tríplice maldição” (Ellen G. White, Spiritual Gifts [Dons Espirituais], v. 3, p. 88) sobre a Terra (a maldição da queda de Adão, do pecado de Caim e do Dilúvio). O efeito cumulativo dessas maldições, acrescido por milhares de anos, significa que nosso mundo atual é muito diferente da sua forma quando Deus o criou. Por que, então, devemos ser cuidadosos quanto às conclusões que tiramos, a partir do mundo atual, sobre o mundo no princípio?
 2. A ciência é limitada em seu alcance, sendo propensa a resistir à autoridade divina. Além disso, a influência de Satanás é fortemente sentida na natureza, de modo que muito do que vemos é incompatível com a revelação de Deus na Bíblia. Por que é tão importante confiarmos mais nas Escrituras do que na ciência?
 3. Por que não devemos nos surpreender ao encontrar alguma tensão entre os eventos sobrenaturais registrados na Bíblia e a abordagem materialista da ciência?
 4. Examine a citação acima. Estamos vendo isso se cumprindo em nossa igreja? Como podemos lidar com esses desafios perigosos à nossa missão e mensagem, de uma forma que, embora não comprometa nossa posição sobre a criação e a Palavra de Deus, ainda conserve a igreja como um “lugar seguro” para os que lutam com essas questões difíceis?
 5. Leia Romanos 11:33-36 e Jó 40:1, 2, 7, 8. Qual deve ser nossa atitude para com as dificuldades que encontramos ao procurar harmonizar a ciência e as Escrituras?
Respostas sugestivas: 1. A Terra e seus habitantes pertencem ao Senhor, porque Ele nos criou e salvou. Devemos amar a Deus e aos Seus filhos, nossos irmãos. 2. A maldição sobre a Terra tornou mais difícil a obtenção do alimento. A violência trouxe maldição sobre a Terra e sobre os relacionamentos sociais. 3. O diabo é o príncipe do mundo, o príncipe da potestade do ar, o espírito que atua nos filhos da desobediência. As forças das trevas lutam contra nós. 4. Para Deus, a sabedoria do mundo é loucura. 5. A majestade da criação desperta o louvor ao Criador; apesar da grandeza do Universo, Deus valoriza e honra os seres humanos, criados à Sua imagem. O conhecimento da ciência nos deixa ainda mais impressionados com as maravilhas da criação. 6. A glória de Deus e a obra de Suas mãos. Os dias e as noites proclamam o conhecimento de que existe um Criador por trás das obras do Universo.

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