domingo, 31 de outubro de 2010

DESCULPAS SEM NEXO CONTRA A HISTORICIDADE DO RELATO DA CRIAÇÃO

1. "... Um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia.” 2ª Pedro 3:8.
A primeira refutação ao uso deste versículo para tentar provar a teoria das eras, é que o CONTEXTO não tem NADA a ver com a criação mas com a CONSUMAÇÃO. Quem usa esse texto é um dilator da Palavra e não é coerente com um “assim diz o Senhor.”

2. " Os seis dias são um simbolismo."
Simbolismo de quê? Só se for da ignorância Bíblica ! Não há simbolismo em Génesis e sim narrativas.

3. "…não importa se foi em seis dias ou em seis milhões de anos, Deus é o Soberano, o que importa é louvá-l`O”.
Uma pergunta importante se torna necessária: Como se pode louvar a Deus se ao mesmo tempo se despreza a Sua palavra !
4. "O livro de Génesis trata de mitologia...
Puro engano. O livro de Génesis e um dos exemplos clássicos de NARRATIVA bíblica.

5. "Os seis dias foram eras…”
Temos um problema muito serio ai. Adão foi criado no sexto dia, e passou também pelo estimo. Se os seis dias foram seis eras de mil anos, nos temos um problema com a idade de Adão. Se os dias foram eras de um milhão de anos nos temos um problema ainda maior! E se cada dia fosse uma era de tempo indefinido , nos conseguimos um problema maior ainda !!! Outro problema serio que surge desta afirmação e com relação aos vegetais. O texto e claro quando menciona trevas, luz, dia e noite. Se o que se refere são eras, ha de se convir que metade dessas eras eram de dia e metade de noite. Tal situação entretanto parece não só absurda, mas também ridícula, pois como e, por exemplo, que os vegetais poderiam sobreviver por milhares ou milhões de anos sem a luz para que pudessem realizar a fotossíntese ?

6. "Os seis dias da Criação foram uma sequencia de dias de instrução dadas ao autor (Moisés).”
Das fantasias teológicas acerca de Gen.1, talvez esta seja a mais ridícula.

7. "Génesis foi escrito para explicar a pessoa de Deus a um povo rude.”
De acordo com o caráter de Deus esta explicação e invenção humana, pois Deus jamais usou uma mentira para explicar ao seu povo qualquer coisa sobre Si próprio.

8. "Adão foi apenas um representante da raça humana, e não uma pessoa real.”
Se Adão foi apenas um representante, porque Cristo também não foi? Se Cristo foi uma pessoa histórica e Adão não, onde esta então o inicio da "mentirinha" nas genealogias? Se o evolucionismo parte do pressuposto que Deus (se Ele existe para eles) está ausente dos processos que ocorrem na natureza, segue-se que os seus defensores não precisam se preocupar em dar satisfação a ninguém da sua conduta moral, pois eles e que são donos de si mesmos e não Deus! Dai surgirem as filosofias da irresponsabilidade, depravação moral e outras tragédias que se abatem pelo mundo. Dai surgirem os comportamentos animalescos que testemunhamos nos nossos dias. Assassinos em série, homossexualismo e tantas outras perversões que outra coisa não são que a falta de temor ao Criador.
Alguém disse: "Se ensinam aos filhos que eles descendem do macaco, não se devem surpreender que eles se comportem como tal."
Há cristãos que sem o saberem estão a dar glória à evolução, ao acreditar que o homem descende do macaco.
SEM DESCULPA:
"17 Porque no evangelho é revelada, de fé em fé, a justiça de Deus, como está escrito: Mas o justo viverá da fé.
18 Pois do céu é revelada a ira de Deus contra toda a impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade em injustiça.
19 Porquanto, o que de Deus se pode conhecer, neles se manifesta, porque Deus lho manifestou.
20 Pois os seus atributos invisíveis, o seu eterno poder e divindade, são claramente vistos desde a criação do mundo, sendo percebidos mediante as coisas criadas, de modo que eles são inescusáveis;
21 porquanto, tendo conhecido a Deus, contudo não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes nas suas especulações se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu.
22 Dizendo-se sábios, tornaram-se estultos,
23 e mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis.
24 Por isso Deus os entregou, nas concupiscências de seus corações, à imundícia, para serem os seus corpos desonrados entre si;
25 pois trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram à criatura antes que ao Criador, que é bendito eternamente. Amém."
Romanos 1:

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

O SER HUMANO SURGIU NA ÁSIA E NÃO EM ÁFRICA

A Ásia é o maior continente da Terra, com 8,6% da superfície planetária (ou 29,5% das terras emersas). Parte oriental da Eurásia, a Ásia é também o continente mais populoso, com mais de 60% da população mundial.
Localizada principalmente nos hemisférios oriental e setentrional, a Ásia costuma ser definida como a porção da Eurafrásia (o conjunto África-Ásia-Europa) que se encontra a leste do mar Vermelho, canal de Suez e montes Urais, e ao sul do Cáucaso e dos mares Cáspio e Negro. É banhada a leste pelo oceano Pacífico (mar da China Meridional, mar da China Oriental, mar Amarelo, mar do Japão, mar de Okhotsk e mar de Bering), ao sul pelo oceano Índico (golfo de Áden, mar Arábico e golfo de Bengala) http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81siae ao norte pelo oceano Ártico.
O berço da humanidade, ao contrário do que sempre se acreditou a as pesquisas científicas confirmavam, não seria a África, e sim a Ásia. É o que diz um estudo publicado nesta quarta-feira no site da revista Nature. Paleontólogos de várias partes do mundo encontraram, na Líbia (norte da África), fósseis de três famílias diferentes de simiiformes — uma subordem dos primatas da qual descendem os seres humanos. Os fósseis encontrados pelos cientistas são de há 38 a 39 milhões de anos [segundo a cronologia evolucionista], um período classificado como Eoceno. Foi nessa época que as cordilheiras foram formadas e surgiram os primeiros mamíferos. As várias espécies encontradas no norte da África indicam que houve algum tipo de diversificação biológica anterior à data dos novos fósseis. O problema é que poucos simiiformes que tenham existido antes de 39 milhões de anos foram encontrados na África. E não foi por falta de estudos, de acordo com os autores do estudo — o norte africano teria sido bem explorado no último século e nenhuma diversificação de espécies anterior aos novos fósseis foi encontrada.
Se os pesquisadores estiverem certos, esse aparecimento "repentino" de diferentes espécies no solo africano, dizem os autores, só pode significar que a África foi "colonizada" por outros simiiformes vindos da Ásia. Dentre as espécies encontradas, uma delas, Afrotarsius libycus, é alvo de debate na comunidade científica. Alguns pesquisadores dizem que ela pertence a uma família diferente daquela que originou os seres humanos, a Tarsiidae. Já os cientistas que encontraram os fósseis no norte da África afirmam que os dentes dos indivíduos pertencentes a essa espécie se parecem mais com os do simiiformes.

Outros estudos já apontaram que a Ásia seria uma melhor candidata para o surgimento dos seres humanos, mas ninguém sabe quando e como [criacionistas sabem...]. Sem pistas na África, os pesquisadores pretendem vasculhar melhor a Ásia atrás do "verdadeiro" berço da humanidade.


Nota: Finalmente! Eles demoram, mas chegam lá. Criacionistas sempre disseram que a humanidade atual (pós-diluviana) teve origem com a família de Noé e que o ponto de dispersão foi a partir das montanhas do Ararat. Que ficam em que continente? Exactamente: ÁSIA! Quem sabe agora que estão frustrados com a falta de evidências depois de tantos anos de pesquisa nas planícies da África, os pesquisadores se voltem para a Ásia e se deparem com algumas surpresas.[MB]

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

A PALAVRA "TERRA" EM GÉNESIS 1:1

Niels-Erik Andreasen - professor de Antigo Testamento na Universidade de Loma Linda, Califórnia, U.S.A.

Afirma Génesis 1:1 que tanto a vida como a matéria inorgânica foram criadas simultaneamente, ou que, embora a vida seja bastante recente, a matéria inorgânica poderia ter existido muito tempo antes da semana da criação? O autor examina as dificuldades envolvidas na tradução da palavra terra a partir do texto hebraico.
A frase inicial do Velho Testamento é bela em sua simplicidade - “No princípio criou Deus os céus e a terra”. Até mesmo uma criança pode entendê-la, mas apesar disso cada uma das palavras dessa frase tem sido objecto de interpretação discordante (1). A palavra “terra”, ora em discussão, não constitui excepção. A questão consiste em saber se ela se refere:
a - À matéria que fisicamente compõe a terra (2),
b - Ao planeta Terra como parte do sistema solar (3), ou
c - À terra no sentido do solo sobre o qual a vida pode existir (4).
Abordaremos a questão de forma sucinta, analisando quatro problemas. Primeiro, examinaremos o significado e o uso da palavra “terra” (em Hebraico ‘erets). Em segundo lugar, consideraremos a palavra no contexto de Génesis 1:1. Em terceiro lugar, examinaremos o problema de Génesis 1:2. Finalmente, procuraremos verificar qual é a concepção bíblica do mundo físico que este versículo exprime.
A Palavra “terra”
A palavra hebraica da qual nossa palavra portuguesa “terra” é traduzida em Génesis 1:1 (“No princípio criou Deus os céus e a terra”) é ‘erets, entendida de maneira geral como terra no sentido de solo, mundo, ou algo semelhante. Poderemos ser mais específicos quanto ao seu significado? Para responder uma questão como esta, o intérprete comummente começa a procurar o significado da raíz da palavra, examinando-a no seu contexto geográfico, no caso, o Oriente Próximo.
A palavra egípcia mais comum para “terra”, no sentido de mundo ou terreno, tem vários significados, abrangendo desde “mundo”, “poeira”, “sujeira”, e “solo”, até “terreno”, “nação”, e “país”(5). Ela ocorre também com a palavra que designa “céu”, formando assim um par de palavras que indica o cosmos deificado. Infelizmente não é possível determinar qual dos significados é o original (6).
A língua acádica da antiga Mesopotâmia empregava diversas palavras para “terra”, das quais uma, eresetu, claramente se relaciona com o hebraico ‘erets (7). Ela é usada em conjunto com a palavra samu (“céu”) para formar a dupla usual “céu e terra” significando o mundo todo, ou mesmo o universo. De maneira bastante interessante ela também se refere ao mundo inferior, a terra da qual não há retorno, e menos frequentemente à terra ou território de um governador. Finalmente, ela significa “solo”, a matéria que pode ser arada, encharcada de sangue, e usada para sepultura.
Os dialetos semíticos de Canaan e da Fenícia relacionam-se intimamente com a língua hebraica. Em ugarítico ‘rs significa “terra” (8), e novamente se coloca em antítese a céu e nuvens, indicando a esfera da vida humana. Em diversas ocasiões esta palavra especifica o chão sobre o qual se cai, sobre o qual chove, e do qual procedem as colheitas (9). Finalmente, a palavra aparece na inscrição de Mesa (a Pedra Moabita) significando “terra” (“Chemosh está irado com a sua terra”) (10).
Estas ilustrações poderiam multiplicar-se, sem que o quadro final se alterasse significativamente - a palavra “terra”, relacionada com o hebraico ‘erets, era usada comummente no Oriente Próximo com os significados de “mundo”, “solo” e “terra”. Somente o contexto indicará se a referência é feita ao mundo todo (que chamamos de “planeta”), à superfície do planeta, na qual se manifesta a vida, ou a uma porção de terreno nessa superfície.
O hebraico ‘erets (“terra”) ocorre mais de 2500 vezes em hebraico (ou aramaico) no Velho Testamento. O exame de todas essas passagens, ou mesmo de uma boa parte delas, foge ao escopo deste ensaio. Não obstante, mesmo uma olhadela rápida mostrará que o seu significado varia no Velho Testamento da mesma forma que fora dele, e que ela inclui a ideia de “planeta terra”, “superfície da terra”, e “porção de terra”.
Desta forma, ‘erets refere-se a toda a terra (ou ao planeta, como diríamos), por exemplo em expressões tais como “o Deus do céu e da terra” (Génesis 24:3), “Criador dos céus e da terra” (Génesis 14:19, 22, traduzido na versão Almeida nova como “Deus altíssimo que possui os céus e a terra” ), e “o céu é Meu trono e a terra o estrado de Meus pés” (Isaias 66:1). Isto não significa que a terra sempre tenha sido entendida como sendo uma esfera, como hoje. Da mesma forma, ela é descrita (poeticamente) como tendo quatro cantos (Isaias 11:12, na versão Almeida nova “quatro confins da terra”) e extremidades ou fins (Isaias 40:28). É dito também que ela tem um centro, literalmente um umbigo (Ezequiel 38:12), e que ela pode tremer e abalar-se (Salmo 18:7), e cambalear como um bêbedo (Isaias 24:19 e versos seguintes).
Em segundo lugar, além da divisão do mundo em duas partes, o céu e a terra (planeta), aparece também na Bíblia uma divisão em três partes. O céu está acima, a terra abaixo, e entre eles a porção de terra seca (Êxodo 20:4, Salmo 135:6). Nestes casos ‘erets (“terra”) refere-se somente à superfície seca, ou a terra onde vivem os seres (“terra dos viventes” - Salmo 52:5; Isaias 38:11). Na realidade ela provê também a sepultura para os mortos (Isaias 26:19 - “a terra dará à luz os seus mortos”; Ezequiel 31:14 - “... estão entregues à morte, e se abismarão às profundezas da terra, no meio dos filhos dos homens, com os que descem à cova”). Além disso, o pó e a cinza fazem parte dela, bem como as regiões desérticas (Deuteronómio 28:23-24 - “a terra debaixo de ti ... pó e cinza”; 32:10 - “terra deserta”; Salmo 107:34 - “deserto salgado”; Jeremias 2:6 - “terra de ermos ... e sequidão”). Desta forma, não só a superfície da terra indicada com a palavra `erets é a mantenedora de vida, mas também, uma pessoa pode ser encravada nela (I Samuel 26:8 - “encravá-lo com a lança ao chão”), e o sangue pode ser nela derramado (I Samuel 26:20 - “não se derrame o meu sangue longe desta terra”). Neste ponto ‘erets recebe uma acepção afim à de ‘adama (“chão”, “solo”, “terra”) (11), sendo porém o chão sobre o qual pode se manifestar a vida (Génesis 1:11 e seguintes - “...produza a terra relva ... ervas que dêem semente ... e árvores ...”; 27:28 - “Deus te dê da exuberância da terra...”; Deuteronómio 1:25 - “tomaram do fruto da terra ... É terra boa que nos dá o Senhor...”).
Finalmente, ‘erets significa “terra” no sentido de um território delimitado. Encontramos assim “a terra do norte” (Jeremias 3:18), a “terra da campina” (Jeremias 48:21), a “terra de teus pais” (Gênesis 31:3), a “terra do seu cativeiro” (I Reis 8:47), a “terra dos Cananeus” (Êxodo 13:5), a “terra de Israel” (I Samuel 13:19), a “terra de Benjamim” (Jeremias 1:1), e a “terra do Senhor” (Oséias 9:3).
Permanecemos assim ainda sem uma definição clara do termo. Terra, chão seco, solo, terreno ou território, todas estas palavras são traduções adequadas e comuns da palavra ‘erets do Velho Testamento. Somente o contexto pode nos guiar para a escolha de uma tradução adequada.
Terra no contexto de Génesis 1:1
Uma pesquisa contextual é difícil de ser considerada em um espaço tão limitado, pois o contexto de um versículo ou de uma palavra pode bem ser comparado com as ondas concêntricas produzidas por uma pedra atirada em um lago. O problema se estende cada vez mais à medida que nos aprofundamos nele. Consequentemente, podemos tão somente fazer observações sucintas.
O contexto imediato encontramos no próprio versículo 1, especialmente na expressão “os céus e a terra”(12). É esta uma expressão familiar (13) que em geral é tomada como referindo-se a tudo - o mundo todo - com base em que os céus e a terra constituem os limites extremos de tudo que entre eles existe, isto é, o mundo todo (14). Na realidade poder-se-ia também ler a expressão como fazendo referência aos locais de habitação de Deus e dos homens, ou os seus âmbitos respectivos (Eclesiastes 5:2 - “Deus está nos céus e tu na terra”). Neste caso, a abóbada celeste e a superfície da terra exprimiriam o sentido desejado. Entretanto, no contexto da Criação divina, existe no Velho Testamento algum apoio para entendermos esses termos como se referindo mais à totalidade (de todas as coisas) do que à especificação daqueles âmbitos respectivos (Salmo 136:1-9, Isaias 40:21-23 e 45:11 e versículos seguintes).
A tradução toda de Génesis 1:1 é deveras difícil, como recentes traduções da Bíblia deixam claro (15). Não há como aprofundarmos esse assunto aqui, a não ser dizermos que o versículo 1 provavelmente é uma introdução geral a todo o relato da Criação (Génesis 1:1 - “No princípio criou Deus os céus e a terra”; 2:4 - “ Esta é a génese dos céus e da terra quando foram criados, quando o Senhor Deus os criou”) (16), e deveria ser traduzido como “no princípio criou Deus os céus e a terra”. Céu e terra, então, é tudo o que vem em seguida no relato, a partir do primeiro ato de Deus - a criação da luz (versículo 3). Subsequentemente, o segundo dia testemunha a formação do céu (versículo 8), e o terceiro dia fala do aparecimento da terra (versículo 10), seguidos da criação de seus respectivos conteúdos (do versículo 11 até 2:1).
A terra emergente (versículo 9), yabassa (“porção seca”) é chamada de ‘erets (“terra”) em oposição às águas que são chamadas de mares. Isso nos poderia levar a simplesmente identificar ‘erets como a terra firme física (solo, rochas, etc.), não fosse o fato de que a palavra ‘erets (“terra”) é também usada no versículo 2 para descrever aquilo que ainda não havia sido separado em terra seca e mar. Consequentemente, podem alguns concluir que ‘erets (“terra”) no capítulo inicial da Bíblia apresenta pelo menos dois significados distintos. Obviamente ela se refere à terra seca (versículo 10), mas também àquilo sem forma e vazio que a precedeu (versículo 2).
Parece claro que o primeiro desses dois significados, “terra seca”, é dominante no resto do capítulo (versículos 11, 12, 20, 22, 24, 26, 29, 30). Em um caso (versículo 25 - “... répteis da terra”), a terra (‘erets) é identificada especificamente com o solo (‘adama), como para ressaltar esse ponto. Entretanto, em alguns outros lugares pode ser preferível um entendimento mais global para ‘erets. Assim, os versículos 14 a 19 falam do sol, da lua e das estrelas e sua relação com a terra. São eles colocados no firmamento não somente para dar luz, mas também para medir estações (festivais), dias e anos. Pareceria que o sistema solar e os seus movimentos (como então concebidos) estão aí em consideração. Génesis 2:1-4, de igual modo, fala dos céus e da terra e seus exércitos, indicando presumivelmente todo o sistema, e assim completando o relato iniciado no versículo 1 (17).
Podemos assim tirar as seguintes conclusões preliminares. Em geral a palavra ‘erets (“terra”) em Génesis 1:1 a 2:4 refere-se à terra seca, em contraposição ao ar e ao mar, na qual podem viver o homem, as plantas e os animais. Em outras palavras, ‘erets significa a superfície da terra. Em segundo lugar, o relato também implica que esta terra é parte de um sistema maior, que inclui o sol, a lua e as estrelas (18), e portanto tem um significado mais amplo do que meramente o chão seco sobre o qual pisamos. Ela constitui, também, pelo menos uma região, algo que caracterizamos pelo adjetivo “terrestre”. Desta forma ela inclui o mar para os peixes e o ar para as aves, ambos criados juntamente no quinto dia, antes dos animais terrestres. Em terceiro lugar, na expressão “céu e terra”, ‘erets é parte de um todo que abrange tudo que Deus criou, desde o âmbito terrestre até o celeste. Portanto aqui ‘erets é menos significativo para nossas indagações, pois não se relaciona nem com a matéria nem com o território terrestre, mas simplesmente com a extremidade inferior do espectro que descreve toda a Criação divina. Portanto, ao indagarmos o que é o céu e a terra que Deus criou, no relato de Génesis 1:1 provavelmente a resposta seria que é tudo que se segue em Génesis 1:2 a 2:4, dando-se, porém, especial atenção à superfície frutífera que pode sustentar e manter a vida.
O problema de Génesis 1:2
Isto nos deixa com o espinhoso problema de Génesis 1:2 (“A terra, porém, era sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo, e o Espírito de Deus pairava sobre as águas”), um versículo que frequentemente é usado para descrever a condição da terra em seu estado primordial. Porém, o que significa a palavra “terra” aqui? O globo, a matéria física, ou o solo coberto pela água? Poderemos, de alguma maneira, penetrar o véu que vela a obra criativa de Deus, e saber como Ele operou realmente no início? Algumas propostas têm sido consideradas, nesse propósito:
1) O versículo descreve a existência da terra no intervalo entre a criação original da matéria e a criação da vida. A “terra” ou deveria ser vista como a matéria prima a ser modelada para dar origem a uma terra organizada (19), ou, de acordo com a chamada hipótese da restituição (20), descreveria um mundo caído de sua glória anterior, à semelhança de Lúcifer (versículo 1).
2) O versículo descreve a primeira obra criadora de Deus, uma terra escura e aquosa, no primeiro dia da semana da criação. Este ponto de vista pode trazer alguma dúvida sobre a sequência das obras de Deus na criação, começando com a luz e terminando com o homem, e poderia levar à sugestão impossível de que o primeiro ato criativo de Deus não tivesse sido bom (21). Young, entretanto, argumentou que essa primeira terra, criada por Deus, era de fato boa, embora ainda não apropriada para a vida (22). ‘Erets, aqui, teria sentidos diferentes nos versículos 2 e 10. O último versículo indicaria um desenvolvimento posterior ao do primeiro.
3) O versículo descreve um caos que permanece não muito antes da criação, em oposição à criação, exprimindo uma sempre presente ameaçadora possibilidade de julgamento divino (23). Aqui, então, a “terra” do versículo 2 é a mesma “terra” do versículo 10, como seria ou deveria ser sem o poder criativo de Deus.
4) O versículo descreve a terra antes da criação, e a caracteriza como sendo um “nada”, isto é, como nada mais do que uma condição na qual a criação da terra poderia ocorrer. De acordo com esta sugestão, bastante comum, ‘erets (“terra”) no versículo 2 não apresenta, em absoluto, qualquer significado especial (da mesma maneira que um aposento vazio não apresenta conteúdo) (24). Aqui, o versículo 2 reitera o tema do versículo 1, porém em um sentido negativo, isto é, que Deus criou tudo no princípio.
Isto significa que ‘erets (“terra”) no versículo 2 não nos ajuda muito para a solução de nosso problema, a menos que, de fato, aceitemos um hiato entre os versículos 1 e 2, de tal forma que o versículo 1 se torne uma cláusula temporal e o versículo 2 uma descrição da matéria preexistente, o que, entretanto, se contrapõe a alguns estudos cuidadosos que têm sido feitos sobre o problema (25). Alternativamente, o versículo 2 não contribui para a descrição de uma terra criada, a menos que aceitemos o ponto de vista de Young, o que, entretanto, acarreta sérias dificuldades, em particular que a criação divina da terra sugerida no versículo 2 não segue o esquema das outras obras de Deus na criação. Assim, se eliminarmos as proposições 1 e 2, ficamos com as proposições 3 e 4, nenhuma das quais traz qualquer outra contribuição para o nosso conceito da terra primordial a não ser que Deus a tenha criado.
Consequentemente, somos de novo levados a Génesis 1:1, que anuncia de forma sucinta que Deus criou os céus e a terra, seguindo-se uma descrição deste evento. Parece que a terra (‘erets) seria a terra seca sobre a qual pode existir a vida, embora se reconheça que ela faça parte de um sistema mais amplo (sol, lua, estrelas) que provê luz e comanda as estações em seu ciclo.
A terra no pensamento bíblico (26)
Disto resulta uma última questão. Que conclusões podemos tirar das considerações anteriores com relação às perguntas de ordem geofísica que fizemos no início? Génesis 1:1 refere-se à criação da matéria que fisicamente compõe a terra, ao planeta terra, ou ao solo da superfície da terra? Para responder essa questão devemos primeiramente investigar o sentido da palavra “terra”. Verificamos que geralmente esta palavra significa chão (certamente em Génesis, do capítulo 1 ao capítulo 2, versículo 4), embora tenhamos de estar alertados para o fato de que algo mais além do solo esteja associado a ela (versículos 14-19). Entretanto, ao apresentarmos nossas questões contemporâneas perante o texto bíblico, deveríamos também investigar se o próprio texto permite a aceitação das distinções que fazemos, e das nossas razões para fazê-las.
Por exemplo, fazemos distinção entre terra e o planeta terra porque a ciência actual tem-nos apresentado uma cronologia de bilhões de anos para o planeta, enquanto que o texto bíblico apresenta uma cronologia curta para a terra. Entretanto, não existem evidências de que o texto bíblico tivesse manifestado qualquer preocupação com relação a esse tipo de problema. Pelo contrário, o texto bíblico só faz distinção entre terra, entendida como chão ou terra seca, e mundo, no sentido de planeta, porque o primeiro significado tem a ver com o âmbito da vida humana e seu domínio, enquanto que o segundo tem a ver com o âmbito mais amplo das obras de Deus. Assim, Deus criou os céus e a terra (o mundo todo), enquanto que a terra (terra seca) foi feita para a vida e a humanidade. A distinção baseia-se numa perspectiva de função, e não de cronologia, e por isso não se pode esperar qualquer distinção temporal explícita entre ambas, o que na realidade não existe.
O melhor que podemos afirmar com relação à criação da terra em Génesis 1:1 é que ela tem que ver com nosso mundo, a terra, e que ela envolve o sistema ecológico no qual vivemos. Muito mais precisaria ser dito sobre questões geofísicas levantadas em nossa época, porém a Bíblia em geral silencia a seu respeito.
Assim, nossa conclusão de que a palavra ‘erets (“terra”) refere-se concomitantemente à superfície seca do nosso planeta e à vida nela existente, não permite concluirmos que Génesis 1 retrate um segundo estágio de uma criação em dois estágios, primeiro a matéria do planeta, e depois a terra, com um intervalo de tempo intercalado. Permite, sim, fazer uma distinção de perspectiva entre o mundo, como sistema céu e terra, e a terra como a porção de terra seca, com seu solo e sua vida. Qualquer distinção temporal entre ambas as acepções correrá por nossa conta, e não com o apoio do texto bíblico.
Não é desprovido de significado, aparentemente, que a Bíblia e o relato da criação iniciam-se com a simples palavra bere’shit, significando “no princípio” (e não com a palavra “Deus”, como se poderia pensar). Conclui-se que a Bíblia nos indica que quem quer que deseje compreender o seu relato da criação não deve ser levado a inquirir sobre o que poderia ter acontecido antes desse princípio, pois no início permanece somente Deus, e nada mais. Somos levados, pela Bíblia, a inquirir sobre o que aconteceu posteriormente ao início da obra criadora de Deus, porém ela na verdade não responde a todas as nossas questões!
Referências:
(1) A literatura é abrangente e variada. Ver por exemplo W. Eichrodt, 1962, In the Beginning, pp. 1-10, in “Israel’s Prophetic Heritage” (New York); G. F. Hasel, 1972, Recent Translations of Genesis 1:1 : A Critical Look, “The Bible Translator” 22:154-167; E. J. Young, 1964, Studies in Genesis One (Philadelphia); N. H. Ridderbos, 1958, Genesis 1:1 und 2, “Oudtestamentische Studiën” 12:214-260; W. H. Schmidt, 1967, Die Scöpfungsgeschichte (Neukirchen); C. Westermann, 1967, Genesis BK 1/2 (Neukirchen), pp. 130-141.
(2) Esta posição incomum é considerada somente esporadicamente, e provavelmente é influenciada pelas palavras tohu wabohu (“sem forma e vazia”) no versículo 2. Ver J. Calvin, 1847, Genesis (Edinburgh), p. 70; Clarke’s Commentary, 1830, vol. 1 (New York), p. 30.
(3) Este é o ponto de vista mais comum. Ele considera “o céu e a terra” (versículo 1) como a expressão do mundo todo, o universo, ou algo semelhante. H. Gunkel, 1922, Genesis (5ª Edição, Göttingen), p. 102; J. Skinner, 1910, Genesis (New York), p. 14; Westermann, Genesis, pp. 140s.
(4) Um ponto de vista menos freqüentemente expresso, que questiona ter o Velho Testamento uma perspectiva universal, e sim uma perspectiva limitada à abóboda celeste com a terra abaixo dela. Ver Young, Studies in Genesis One. pp. 9s; U. Cassuto, 1978, A Commentary on the Book of Genesis, vol. I (Jerusalém), p. 26; B. Vawter, 1977, On Genesis : A New Reading (New York), p. 38.
(5) W. Helck e E. Otto, eds., 1975, Lexikon der Ägyptologie (Wiesbaden), pp. 1263s.
(6) Ver S. Morenz, 1973, Egyptian Religion (Londres), pp. 29s.
(7) The Assyrian Dictionary, 1958, vol. IV (Chicago), pp. 311-313.
(8) Ugaritic Textbook (Roma, 1965), pp. 366s.
(9) Ver G. Johannes Botterweck e Helemer Ringgren, eds., 1978, Theological Dictionary of the Old Testament, vol. I (Grand Rapids), p. 392.
(10) J. C. L. Gibson, 1971, Textbook of Syrian Semitic Inscriptions, vol. I (Oxford), p. 74.
(11) Recentemente, P. D. Miller, 1978, Genesis 1-11, “Journal for the Study of the Old Testament Supplement” 8:37s.
(12) A palavra hebraica “céus” (shamayim) é dual (e não simplesmente plural), indicando talvez duas regiões celestes. Ver L. I. J. Stadelmann, S. J., 1970, The Hebrew Conception of the World, “Analecta Biblica” 39:37-41 (Roma).
(13) Ver N. C. Habel, 1972, Yaweh, Maker of Heaven and Earth; A Study in Tradition Criticisms, “Journal of Biblical Literature” 71:16.
(14) Ver A. M. Honeyman, 1952, Merismus in Biblical Hebrew, “Journal of Biblical Literature” 71:16.
(15) Ver The New English Bible, The New American Bible, The New Jewish Version, Anchor Bible, versões que abandonaram a tradução tradicional “No princípio criou Deus os céus e a terra”.
(16) Ver Hasel, Recent Translations of Genesis 1:1.
(17) Ver Schmidt, Die Schöpfungsgeschichte, p. 76.
(18) O hebraico cocavim (estrelas) são corpos celestes outros que não o sol e a lua. Com base somente na palavra é possível, mas não necessária, uma distinção entre estrelas fixas e planetas. A referência feita aqui às estrelas é incidental, quase parentética, para completar o quadro. Ver Westermann, Genesis, p. 182.
(19) Este ponto de vista pressupõe uma criação anterior do universo material, e é encarada favoravelmente por cientistas que aceitam uma cronologia extensa para a matéria e uma cronologia resumida para a vida na terra.
(20) Também designada como “Teoria da Ruína e Reconstrução, de Gênesis 1:2” em W. E. Lammerts, ed., 1971, Scientific Studies in Special Creation (Philadelphia), pp. 32-40.
(21) B. Childs, 1962, Myth and Reality in the Old Testament (New York), pp. 31-43.
(22) C. D. Simpson, 1952, Genesis, “Interpreter’s Bible”, vol. I (New York), p. 468.
(23) Young, Studies in Genesis One, p. 23.
(24) Os argumentos a favor desta interpretação são tirados de relatos da criação antigos do Oriente Próximo, e de Gênesis 2:5 que usa a expressão “quando... não havia ainda nenhuma planta do campo ...etc . na terra”. Ver Westermann, Genesis, pp.141s; Ridderbos, Genesis 1:1 und 2, pp. 224-227, et al.
(25) Ver nota (1) acima.
(26) Para um acompanhamento mais completo deste assunto, ver Stadelmann, The Hebrew Conception of the World, pp. 126-154.

A CRIANÇÃO

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

A BÍBLIA E A PALEONTOLOGIA

Arthur V. Chadwick
Southwestern Adventist University
Tradução: Urias Echterhoff Takatohi
Revisão: Marcia Oliveira de Paula
Marcos Natal de Souza Costa

A Minha Perspectiva
Ao lidar com um tópico sujeito a tanta controvérsia e interpretação como este, penso que é apropriado afirmar os meus próprios pressupostos no início. Farei isto de forma abreviada. Quando cursava na faculdade, fiquei convencido da minha necessidade de Cristo e entreguei a minha vida a Ele, unindo-me à Igreja Adventista do Sétimo dia, devido ao meu desejo de seguir a Verdade aonde quer que ela levasse. Parecia claro para mim naquela época, e assim é ainda hoje, que a Bíblia ensina intencionalmente lições que não podemos apreender por nós mesmos. Conquanto eu acreditasse que processos racionais fossem essenciais para o estabelecimento de uma filosofia de vida, reconhecia que a razão somente não seria suficiente.
A crença em um evento de Criação Divina literal em um passado recente é uma parte de minha filosofia. Não necessito de evidências científicas para dar apoio a esta posição, mas espero que, corretamente entendidos, todos os dados científicos irão finalmente fazer sentido dentro desta estrutura. Portanto, meu objetivo ao fazer ciência, não é "provar" que um dilúvio global ocorreu, ou que a criação foi um evento literal que ocorreu há poucos milhares de anos atrás. Estes fatos são assumidos como dados. Espero que, usando estas perspectivas singulares na ciência, eu e outros assim equipados, obteremos vantagens nos "insights" que podemos ter ao abordar problemas na arena da ciência.
Há muitas questões não respondidas sobre o mundo natural como o que, como e quando. Para os cientistas, possuir mais perguntas do que respostas não é uma situação desagradável. Afinal, o papel da ciência é buscar respostas a questões do mundo natural e o que poderia ser melhor do que estar rodeado de questões não respondidas e desafiadoras? Também entendo que nem todos partilham desta perspectiva. No artigo que se segue, tentarei colocar algo daquilo que sabemos, do que podemos saber, do que não sabemos, e talvez do que não podemos saber da Bíblia e da paleontologia, sobre a história da vida na terra.
Uma das áreas singulares a serem exploradas seria dirigir esforços para a construção de um modelo do mundo antediluviano, baseado no que é conhecido a partir da Bíblia e dos melhores esforços para interpretar o mundo natural em harmonia com a Bíblia. O esforço necessário para que um tal projeto seja viável é enorme. Alguns de nós apenas iniciamos a sondagem do Cambriano, com o objetivo de entender o que foi provavelmente o início do Dilúvio do Gênesis. Estamos usando padrões de depósitos sedimentares para discriminar áreas de origem potenciais de sedimentos e fósseis, o padrão de distribuição de fósseis para tentar reconstruir os tipos ou número de habitats, e dados de paleocorrentes para tentar reconstruir os padrões de fluxo e ajudar a localizar as áreas de origem. Fica claro que um empreendimento monumental como este só poderá ser bem sucedido por meio de um esforço conjunto, bem dotado de recursos, com tantos pesquisadores bem treinados e dedicados quanto possível. Naturalmente o objetivo seria entender melhor as circunstâncias que produziram o registro fóssil, e ser capaz de explicar alguns dos detalhes difíceis de entender. Antes de decidir se tal esforço é ou não necessário ou importante, vamos revisar o outro aspecto desta apresentação, a paleontologia.

O que é Paleontologia? Paleontologia é a investigação científica da história passada da vida na terra, por meio do estudo dos restos fósseis de animais e plantas. Esta disciplina é de considerável interesse para a comunidade cristã, porque tem a ver com a interpretação da história passada e particularmente a história passada da vida na terra. A paleontologia como profissão tem causado temor e desconfiança entre os cristãos, porque muitas das conclusões obtidas pelos paleontólogos são consideradas uma ameaça à integridade da Bíblia, e particularmente ao relato bíblico das origens. Assim, o título deste artigo pode ser entendido como sugerindo uma certa tensão entre os dois assuntos, como se a paleontologia e a Bíblia estivessem de alguma forma em contradição. Vou propor que esta atitude não é salutar e não deve ser cogitada por aqueles que mantém uma visão holística da revelação.

A Bíblia como um Registo da Vida na Terra
O que a Bíblia diz:
Nossa preocupação é o relacionamento entre a revelação na Bíblia e a revelação no registro histórico da vida na terra. Vamos começar com uma excursão na Bíblia. O que podemos aprender sobre a história da vida na terra a partir da Bíblia? Podemos aprender bastante. Conquanto a Bíblia não fale virtualmente nada sobre os fósseis de forma direta, fala explicitamente sobre a origem das formas vivas e, tanto quanto as conexões cronológicas são mantidas, nos fala sobre quando se originaram. Iremos examinar esta fonte porque ela forma o fundamento e estrutura sobre a qual tudo mais será amarrado.
O relato do Gênesis descreve o mundo antes da Semana da Criação como escuro e coberto com água (Gên. 1:2).Esta ausência de luz exclui a existência de vida como a conhecemos atualmente, pois sem luz não pode haver plantas, e as plantas formam a base da pirâmide alimentar. Um mundo coberto de água também exclui a existência de formas de vida não adaptadas para viver na água. Consideradas juntas, estas duas frases fortemente sugerem um mundo sem vida. Quando Deus iniciou a criação de formas de vida no terceiro dia com as plantas, e no quinto e sexto dia com os animais das águas, céu e terra, Ele não deixou nenhum domínio de formas vivas vazio. Qualquer coisa que pudesse ter ocorrido no planeta antes do início da Semana da Criação, não poderia ter envolvido a vida e morte de miríades de formas de vida. Não havia nenhuma. Deus reivindica no capítulo inicial da Bíblia, e repetidamente ao longo das Escrituras, ser a causa de todas formas de vida. Na época de Noé, Deus afirma: "Disse o Senhor: Farei desaparecer da face da terra o homem que criei, o homem e o animal, os répteis e as aves dos céus; porque me arrependo de os haver feito”.(Gen. 6:7). João implicitamente reafirma em S. João 1:3: "Todas as coisas foram feitas por intermédio dEle, e, sem Ele, nada do que foi feito se fez”.Isto dá a Ele soberania sobre as formas de vida representadas no registro fóssil também.

Os Fósseis se Originam com a Morte
Quando Deus criou a vida, uma ordem de relacionamentos inteiramente diferente existia entre os organismos de Sua criação. Como seria este mundo? Hoje não temos nenhum sistema de referência de tal mundo. Não podemos mais visualizar um mundo sem a morte, assim como Adão em seu estado não caído não podia visualizar um mundo com morte. As condições anteriores à entrada do pecado no Jardim do Éden, e presumivelmente em toda a terra, podem talvez ser precariamente reconstruídas pelas referências à Nova terra. É-nos dito que no Éden restaurado,
"O lobo habitará com o cordeiro, e o leopardo se deitará junto ao cabrito; o bezerro, o leão novo e o animal cevado andarão juntos, e um pequenino os guiará. A vaca e a ursa pastarão juntas, e as suas crias juntas se deitarão; o leão comerá palha como o boi”.Isaías 11:6, 7.
Outra vez, ao descrever a Nova Terra, Isaías escreve:
"Não haverá mais nela criança para viver poucos dias, nem velho que não cumpra os seus; porque morrer aos cem anos é morrer ainda jovem, e quem pecar só aos cem anos será amaldiçoado. Eles edificarão casas e nelas habitarão; plantarão vinhas e comerão o seu fruto. Não edificarão para que outros habitem; não plantarão para que outros comam; porque a longevidade do meu povo será como a da árvore, e os meus eleitos desfrutarão de todo as obras das suas próprias mãos. Não trabalharão debalde, nem terão filhos para a calamidade, porque são a posteridade bendita do Senhor, e os seus filhos estarão com eles. E será que, antes que clamem, eu responderei; estando eles ainda falando, eu os ouvirei. O lobo e o cordeiro pastarão juntos, e o leão comerá palha como o boi; pó será a comida da serpente. Não se fará mal nem dano algum em todo o meu santo monte, diz o Senhor”.Isaías 65:20-25
E no livro de Apocalipse João escreve:
"E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram”.Apoc. 21:4.
É difícil para nós sabermos hoje que nível de morte tem significado no plano de Deus. As mudanças afetaram apenas os mamíferos, ou vertebrados? O que os tamanduás comiam? O que se pode dizer sobre as plantas? E as bactérias? A ignorância alimenta a especulação. Nossa incapacidade de explicar, descrever ou entender como tal sistema pôde existir tem sido considerada por alguns como evidência de que ele não existiu, e que a morte é uma parte da "ordem natural”.Mas é tão inútil para nós hoje tentarmos entender como tal ordem pôde existir, como é para nós tentarmos entender o processo pelo qual Deus originou a vida no princípio. Não temos pontos de referência para um mundo assim. Nossa incapacidade de descrever ou entender tal sistema deve ser reconhecida como é: uma limitação de nosso conhecimento e compreensão. Naturalmente, é mais satisfatório e autogratificante, afirmar que tal sistema não poderia ter existido, do que admitir que a falha é nossa. Os detalhes terão que esperar nova revelação ou nosso retorno ao Éden.
Qualquer que tenha sido a ordem no mundo edênico, com a entrada do pecado, ele chegou ao fim, e a morte rapidamente se seguiu. Deus mesmo tirou a vida de animais preciosos para prover roupas para Adão e Eva, que serviriam de lembretes constantes das conseqüências de suas escolhas, e de sua necessidade de um Salvador. Com o pecado veio a morte (Gên. 2:17, Romanos 6:23). Paulo bem descreve a entrada da morte como conseqüência natural da desobediência em Romanos 5:12: "Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram”.Em Romanos 8:22, ele afirma: "Porque sabemos que toda a criação, a um só tempo, geme e suporta angústias até agora”.Com a morte veio a possibilidade de fossilização, a preservação de restos de organismos anteriormente vivos. E com a fossilização vem a paleontologia.

O Registo da Morte
Como a paleontologia está relacionada com a morte, olharemos para este aspecto da história da vida na terra. A crosta terrestre contém mais de 20 trilhões de toneladas de matéria orgânica armazenada como carvão, petróleo e carbono disperso. Há outros trilhões de toneladas de restos dos componentes inorgânicos dos fósseis, tais como conchas, ossos e outras formas. Há uma grande probabilidade de que pelo menos uma parte significativa deste material tenha sido produzida em conexão com a Semana da Criação. Por exemplo, Deus criou os recifes de coral, ou apenas pólipos de coral sem um lar? Havia matéria orgânica no solo ou era ele composto inteiramente de constituintes inorgânicos? Deve-se notar que, sem uma fonte de carbonato de cálcio, os oceanos não seriam um local adequado para o crescimento de muitos invertebrados marinhos. Aquários marinhos requerem um substrato de coral ou conchas no fundo para proverem um ambiente saudável. De qualquer forma, uma grande parte do material fóssil representa os restos de organismos que viveram na terra, e temos no registro paleontológico evidência de destruição em massa de formas viventes. Mais tarde vamos examinar detalhadamente a organização destes restos fósseis. Mas primeiro, o que podemos entender sobre este registro de morte em massa a partir da história bíblica? Já vimos que a morte se seguiu ao pecado. O pecado foi, com toda probabilidade, uma aflição logo no início na terra. Adão e Eva ainda não tinham procriado, algo que foi um mandado explícito em Gên. 1:28. Isto nos dá um período de poucos milhares de anos, entre a entrada da morte e o catastrófico dilúvio mundial considerado a seguir. Durante este tempo, o período antediluviano, a morte de formas animais foi aparentemente uma ocorrência cada vez mais freqüente e violenta entre todas as categorias de organismos, incluindo o homem. Observando os resultados do pecado pouco antes do dilúvio, Deus "Viu... que a maldade do homem se havia multiplicado na terra e que era continuamente mau todo desígnio do seu coração”.(Gên. 6:5).
É até mais gráfica e inclusiva a linguagem nos versos seguintes:
"A terra estava corrompida à vista de Deus e cheia de violência. Viu Deus a terra, e eis que estava corrompida; porque todo ser vivente havia corrompido o seu caminho na terra. Então, disse Deus a Noé: Resolvi dar cabo de toda carne, porque a terra está cheia da violência dos homens; eis que os farei perecer juntamente com a terra." (Gên. 6:11-13).
Devem ter ocorrido mortes e destruição em larga escala, não apenas de seres humanos, mas também de cada forma de vida animal, como resultado da expansão do pecado na terra. A morte e destruição são o que fornecem material para a paleontologia, e temos evidência de que restos de formas de vida devem ter se acumulado antes da destruição da superfície da terra pelo dilúvio. Se estas formas foram realmente enterradas antes do dilúvio é um assunto sobre o qual se pode especular longamente. Ao final do dilúvio, aqueles restos que permaneceram foram enterrados e, ao menos em parte, preservados. Mas a morte e a destruição ocorridos no mundo antediluviano não podem ser comparados com o que ocorreu como resultado do dilúvio em si (o período diluviano). Lemos em Gênesis 6:
"Disse o SENHOR: Farei desaparecer da face da terra o homem que criei, o homem e o animal, os répteis e as aves dos céus; porque me arrependo de os haver feito”.(v.7).
"Então, disse Deus a Noé: Resolvi dar cabo de toda carne, porque a terra está cheia da violência dos homens; eis que os farei perecer juntamente com a terra”.(v.13).
"Porque estou para derramar águas em dilúvio sobre a terra para consumir toda carne em que há fôlego de vida debaixo dos céus; tudo o que há na terra perecerá”.(v.17).
"Pereceu toda carne que se movia sobre a terra, tanto de ave como de animais domésticos e animais selváticos, e de todos os enxames de criaturas que povoam a terra, e todo homem. Tudo o que tinha fôlego de vida em suas narinas, tudo o que havia em terra seca, morreu. Assim, foram exterminados todos os seres que havia sobre a face da terra; o homem e o animal, os répteis e as aves dos céus foram extintos da terra; ficou somente Noé e os que com ele estavam na arca”.(Gên. 7:21-23).
A linguagem é inconfundível. O dilúvio foi um cataclismo colossal que afetou a terra toda. Nenhuma inundação local pode fazer justiça a este relato, e sugerir isto é ridículo, embora isso seja feito freqüentemente por aqueles que desejam preservar um sabor de historicidade para o relato do Gênesis, sem sacrificar a ortodoxia científica. Não está claro porque Noé e seus filhos teriam que gastar 120 anos construindo um barco por causa de uma inundação local, ou porque a preservação de animais na arca seria necessária no caso de uma inundação local.
"Nesse mesmo dia entraram na arca Noé, seus filhos Sem, Cam e Jafé, sua mulher e as mulheres de seus filhos; eles, e todos os animais segundo as suas espécies, todo gado segundo as suas espécies, todos os répteis que rastejam sobre a terra segundo as suas espécies, todas as aves segundo as suas espécies, todos os pássaros e tudo o que tem asa. De toda carne, em que havia fôlego de vida, entraram de dois em dois para Noé na arca; eram macho e fêmea os que entraram de toda carne, como Deus lhe havia ordenado; e o Senhor fechou a porta após ele”.(Gên. 7:13-16).
No relato do dilúvio, temos um registro de morte e soterramento de formas de vida em uma escala global. Este relato tem um profundo efeito sobre o que fazemos com a história registrada da vida animal na terra.
O terceiro período durante o qual animais e plantas morreram e foram preservados como fósseis é o período após a saída dos residentes da arca nas "Montanhas do Ararate”.Este período será referido aqui como o período pós-diluviano. Embora o próprio dilúvio tivesse terminado, as conseqüências do mesmo sobre a terra não haviam terminado, e por um período de centenas a milhares de anos, após o desembarque da arca, a vida na terra em recuperação estaria passando por uma rápida proliferação e modificação, para se acomodar aos novos ambientes resultantes da catástrofe. Estas condições, ideais para a criação de fósseis, são também as condições necessárias para uma rápida especiação: baixas densidades populacionais, rápida migração, altas taxas de reprodução e altas taxas de alterações geológicas. Mesmo hoje, podemos ocasionalmente testemunhar catástrofes geológicas que produzem a fossilização de organismos em grande e pequena escala. Um exemplo amplamente citado foi a erupção catastrófica do Monte Santa Helena no Estado de Washington em 1980. Nesta catástrofe, milhões de animais e plantas foram destruídos de uma forma que irá facilitar a preservação de alguns deles como fósseis pós-diluvianos.
Se nosso alvo como cientistas inclui tentativas de entender a história passada da vida na terra, o reconhecimento destes três períodos (antediluviano, diluviano e pós-diluviano) e a busca pela recuperação de seus limites deve ter uma alta prioridade. Voltaremos a este ponto mais tarde. Retornemos agora nossa atenção à paleontologia.

O Registo Fóssil
O que são os Fósseis?
Fósseis são quaisquer restos de organismos previamente existentes encontrados nas rochas ou sedimentos. Os fósseis podem variar desde películas de carbono em rochas pré-cambrianas atribuídas a bactérias, aos esqueletos gigantes de baleias completas enterradas em diatomita, que é uma rocha composta de minúsculos fósseis de organismos unicelulares. Um fóssil pode ser um molde da forma externa de uma concha, ou o preenchimento interno de um molde, com o organismo original completamente ausente. Os fósseis podem ser o resultado da substituição, um processo que substitui a matriz original do organismo, átomo por átomo, com minerais. Os organismos podem ser impregnados com minerais, consolidando o animal original como uma rocha. Os fósseis também podem representar as partes duras de organismos, essencialmente inalterados em sua química original, mas presos em rocha. No caso de ossos, por exemplo, a fossilização envolve a remoção das proteínas do osso, e recristalização dos minerais do osso em uma forma ligeiramente diferente. Qualquer que seja o processo, um registro do animal é deixado de forma que pode ser recuperado pelo paleontólogo para estudo e interpretação.

Condições para fossilizaçãoVárias condições devem ser satisfeitas para formar um fóssil a partir de um organismo morto. A primeira destas é o soterramento. A maioria dos fósseis precisa ser soterrada dentro de um curto período após a morte, para que as partes de seu corpo possam ser encontradas juntas. Quando um paleontólogo encontra uma assembléia de fósseis, alguns podem exibir decomposição e desarticulação, mas com freqüência são encontrados, na mesma assembléia deposicional, organismos intactos ou mesmo organismos que foram enterrados vivos1. Estudos tafonômicos têm determinado o período de tempo necessário para que organismos de vários tipos se desarticulem. Este período é muito dependente das condições sob as quais os restos são mantidos. Em ambientes úmidos, a carne decompõe-se rapidamente e os ossos ou partes do corpo são rapidamente dispersos. Se o organismo está em um clima árido, a carne pode se desidratar, cimentando os ossos e impedindo sua dispersão por um longo tempo. Como para formas fósseis as condições pós-morte são raramente conhecidas com certeza, deve-se deduzir com cuidado qualquer conclusão a que possamos chegar com respeito à rapidez de soterramento. Geralmente, os organismos que vivem na água irão se desintegrar rapidamente, a menos que ocorra um soterramento num ambiente que favoreça a preservação. Depósitos que contém organismos intactos ou vivos no momento do soterramento exigem enterro e preservação rápidos e definem uma taxa mínima de soterramento.
Uma segunda condição para muitos tipos de fossilização é a presença de fluido carregado de minerais nos poros do sedimento. O tipo de mineral no fluido e a composição do próprio fóssil irá determinar o tipo de fossilização que ocorrerá.
Uma terceira condição para muitos tipos de fossilização é a aplicação de uma pressão de confinamento significativa, e, em alguns casos, também de temperaturas elevadas. Há muito a ser aprendido sobre os processos de fossilização, sendo esta uma área de estudo com futuro promissor.

A Coluna Geológica
Na superfície da terra, rochas sedimentares estão expostas em muitos lugares. As explorações em busca de petróleo revelaram informações adicionais concernente às rochas abaixo da superfície da terra, e nosso conhecimento sobre estas rochas é considerável. Com o tempo, estas rochas sedimentares foram sistematizadas com base nos fósseis que contém e no relacionamento entre as camadas. Este registro sistemático é chamado de coluna geológica. Quando é feita referência à distribuição de fósseis na coluna geológica, o termo registro fóssil é usado com freqüência. O conhecimento da coluna geológica é valioso na busca pela compreensão da história passada da vida na terra. Um esboço de seus aspectos principais irá nos ajudar em nosso estudo.
O conjunto de rochas presentes na crosta terrestre é convenientemente dividido em duas unidades principais com base no conteúdo fóssil das camadas. As rochas contendo fósseis animais foram atribuídas às divisões do Fanerozóico. As rochas geralmente desprovidas de fósseis abaixo deste nível foram designadas como pré-cambrianas. O Fanerozóico é dividido em três eras. De baixo para cima são: Paleozóica, Mesozóica e Cenozóica. A Era Paleozóica é subdividida em seis períodos, de baixo para cima: o Cambriano, Ordoviciano, Siluriano, Devoniano, Carbonífero (Mississipiano e Pensilvaniano nos Estados Unidos da América) e Permiano. Nas rochas paleozóicas, o registro fóssil inclui membros de cada filo animal significativo, de esponjas aos vertebrados. Inclui também plantas vasculares e não vasculares afins aos grupos atuais. A Era Mesozóica é subdividida em três períodos, de baixo para cima: Triássico, Jurássico e Cretáceo. O registro Mesozóico é mais conhecido pelos espetaculares fósseis de dinossauros, mas também inclui os primeiros registros de mamíferos, e o aparecimento do último grupo principal de plantas fósseis, as plantas com flores. A Era Cenozóica é dividida no Terciário e Quaternário. Estes estratos registram a morte e soterramento de grande número de mamíferos, e a transição para o ambiente recente.

O Pré-cambriano
O Pré-cambriano contém todos os tipos de rochas presentes no Fanerozóico, mas geralmente sem fósseis multicelulares. O termo Pré-cambriano foi originalmente aplicado para todas as rochas sem fósseis que ficam na base de estrados definidos como cambrianos, com base nos fósseis de metazoários (animais multicelulares) que contêm. Rochas pré-cambrianas também são separadas das rochas fanerozóicas por uma grande discordância angular em muitos lugares do mundo.
Estudos contínuos têm revelado que, conquanto as rochas pré-cambrianas mostrem ausência de fósseis de metazoários (algumas exceções possíveis serão consideradas a seguir), elas contêm películas inorgânicas e estruturas complexas que, ao menos superficialmente, lembram células bacterianas e de algas modernas. Estromatólitos, estruturas litificadas, laminadas, de relevo domeado que lembram estruturas de algas com o mesmo nome, são também encontrados em algumas rochas pré-cambrianas. Na parte superior do Pré-cambriano (Vendiano), encontra-se uma variedade de formas descritas como cistos e acritarcos2, assim como um grupo de impressões fósseis complexas em arenitos, chamadas de Fauna de Ediacara (nome dado devido à localidade na Austrália onde foram encontrados pela primeira vez). Pelo fato de serem impressões em arenito, não há restos orgânicos, e podem ser vistos poucos detalhes na maioria dos espécimes. Eles têm sido considerados como animais invertebrados primitivos de várias afinidades, como seres unicelulares inflados, ou liquens, ou restos de grupos animais extintos. Estas estruturas têm simetria e superficialmente parecem ter estado vivas. Têm a aparência de folhagens penadas, bolsas ou discos. Os organismos com aparência de folhagem usualmente mostram ramos delicados, e nenhum destes organismos possui cabeças ou sistemas circulatórios, nervosos ou digestivos óbvios. Como não podem ser claramente associados a nenhum grupo existente, não podem atualmente servir de base para qualquer argumento forte.
Recentemente, outra descoberta foi anunciada em estudos de localidades do Pré-cambriano Superior na China. Estas localidades contêm camadas ricas em fosfato. Os depósitos de fosfato têm a capacidade excepcional de petrificar estruturas delicadas em detalhes mínimos. Uma análise microscópica de materiais destas camadas revelou a preservação do que foi descrito como embriões de animais e plantas. A datação indireta dos depósitos pode ser desafiada e eles podem bem ser cambrianos em vez de pré-cambrianos. Em qualquer caso, estão muito perto do limite do cambriano. Estes achados, se substanciados por mais trabalhos, são de grande interesse por causa dos detalhes de preservação. Os fósseis, alguns dos quais ao menos superficialmente lembram estágios primitivos de formas embrionárias animais, não são atribuíveis com certeza a nenhum grupo existente e pode ser que sejam de algas.
A explicação convencional para o registro pré-cambriano é que as formas orgânicas e inorgânicas, semelhantes a células, são os restos das primeiras células que se desenvolveram no planeta. Esta teoria também mantém que estas formas se originaram de material não vivo através de processos completamente naturais (isto é, nenhum Criador) durante o Pré-cambriano. Subseqüentemente, a evolução biológica ocorreu, levando à imensa complexidade revelada nas formas metazoárias do Cambriano. Esta afirmação absurda tem sido a causa de considerável consternação entre biólogos criteriosos. Werner Arber, biólogo molecular na Universidade de Basel, ganhador de um prêmio Nobel, assim resumiu a extensão do problema:
"Embora seja um biólogo, devo confessar que não entendo como a vida se originou. . . . Considero que a vida apenas se inicia ao nível de uma célula funcional. A célula mais primitiva pode requerer pelo menos várias centenas de macromoléculas biológicas específicas diferentes. Como tais estruturas já bastante complexas podem ter se ajuntado, permanece um mistério para mim. A possibilidade da existência de um Criador, de Deus, representa para mim uma solução satisfatória para este problema."3
Pelo menos duas posições alternativas podem explicar os dados observados sem serem atrapalhadas pela impossibilidade de explicar a origem da vida e de formas de vida complexas. Uma visão alternativa atribui as impressões em rochas pré-cambrianas a processos inorgânicos e atribui todos os seres vivos ao relato bíblico da Criação. Há pelo menos evidências indiretas de que todas as formas descritas como cianobactérias e outros Procariontes podem ser duplicadas em laboratório com compostos inorgânicos. Os estromatólitos também podem ter origem inorgânica. Uma terceira hipótese seria a possibilidade de as cianobactérias terem sido colocadas na terra antes da Semana da Criação. Ambas as hipóteses têm a vantagem de lidar satisfatoriamente com os dados, sem desculpar o problema de ter vida aqui em primeiro lugar. E ambas estão pelo menos dentro do espírito do relato das origens do Gênesis. As formas fósseis de Ediacara e outros exemplos de possíveis metazoários pré-cambrianos estão no Pré-cambriano Superior. Se forem mesmo restos de organismos vivos, poderão facilmente ser acomodados em qualquer destes modelos como seres não incluídos no Paleozóico, talvez soterrados durante o período antediluviano.

O Fanerozóico
O resto do registro fóssil é composto pelo Fanerozóico, as rochas nas quais a vida, em todas as suas formas, aparece na terra. Iremos cobrir o conteúdo das várias divisões do Fanerozóico com um certo detalhe à medida que continuamos. Voltemos nossa atenção para estes detalhes.

O Paleozóico
O Paleozóico é dominado pelos invertebrados marinhos. Quando se continua subindo a coluna, plantas e anfíbios são adicionados, seguidos de perto pelos répteis. O Paleozóico termina com o último registro fóssil da maioria destas plantas e invertebrados marinhos.

O Cambriano
Na base do Paleozó1ico, em muitas partes do mundo, estão as rochas do Cambriano. O Cambriano foi historicamente definido pela ocorrência das primeiras formas fósseis de metazoários, com freqüência trilobitas. Esta definição tem sido revisada na medida em que ficam mais intensos os esforços para encontrar ancestrais dos metazoários fósseis do Cambriano, e na medida em que foram encontradas algumas faunas que precedem estratigraficamente o primeiro trilobita. O limite inferior do Cambriano é atualmente definido pelo aparecimento de rastros fósseis (tocas), de Trichophycus pedum. A certa distância estratigraficamente acima disto aparecem os primeiros restos de animais metazoários. Estas faunas têm sido coletivamente chamadas de a "Pequena Fauna de Conchas”, uma descrição adequada para elas. Os fósseis são muito pequenos, tipicamente com alguns milímetros de diâmetro, e consistem de cones, tubos, espinhos e placas de afinidades desconhecidas. Estes são logo depois enriquecidos com espículas de esponjas, conchas de moluscos, braquiópodes e algumas formas desconhecidas, cujas afinidades ainda estão sendo pesquisadas. Estes são seguidos em rápida sucessão pelos trilobitas e outros artrópodes. Representantes de virtualmente todos filos aparecem como fósseis nos estratos do Cambriano Inferior. O único filo significativo do qual não aparecem fósseis no Cambriano é o Briozoa. Com o tempo, suspeito que seus restos fósseis também serão achados nestas rochas. O repentino aparecimento de formas vivas - representantes de virtualmente todas formas vivas - é amplamente referido como a "Explosão Cambriana”.As teorias para explicar o aparecimento catastrófico de todo o espectro da vida animal em sucessão tão rápida, são tanto numerosas quanto insatisfatórias. A maioria delas é composta apenas pouco mais do que gesticulação e pensamentos esperançosos. Geralmente as explicações incluem afirmações sobre o desenvolvimento de partes duras (mais ou menos simultaneamente em membros de cerca de 35 filos), possibilitando que organismos de corpo mole, já existentes previamente, repentinamente pudessem ser preservados como fósseis. Infelizmente para este cenário, o registro em rochas mostra belas preservações de formas de corpo mole no Cambriano (mais de 80% dos gêneros registrados no Folhelho Burgess, por exemplo, são de formas de corpo mole), mas estratos pré-cambrianos idênticos não contêm nenhuma evidência de tais formas. Além disto, há uma ausência geral, em rochas pré-cambrianas, de tocas e rastros que mesmo os animais de corpo mole são capazes de produzir atualmente. É o primeiro aparecimento deste tipo de rastro fóssil, Trichophycus pedum, que marca o início das rochas cambrianas.
As questões envolvendo a Explosão Cambriana têm muitas facetas. O aparecimento de membros de quase todos os filos num período que, em termos evolutivos, é muito curto, deixou a evolução na posição inviável do Rei em suas "roupas novas". Os sentimentos expressos num artigo recente na Internet são reveladores:
"O período Cambriano foi estranho e empolgante, mas foi também uma época de confusão. Uma confusão que dura 150 anos com os cientistas desconcertados sobre a explosão repentina do Cambriano. Não existe nenhuma teoria amplamente aceita que explique o surto de vida, e, portanto, é adequado que terminemos com estas questões. É possível achar respostas para os problemas? Qual a causa deste rápido Big Bang biológico? Por que não têm ocorrido repetições de evoluções bem sucedidas desde então? Por que não surgiram novos filos após o Cambriano?"
De um ponto de vista paleontológico há várias explicações possíveis para os dados. A hipótese naturalista geralmente aceita é que as formas cambrianas eram os descendentes evolutivos de precursores de corpo mole do Pré-cambriano, que se tornaram "pré-adaptados" para ocupar espaços em um novo ecossistema que se estabeleceu no início do Período Cambriano. Assim o "aparecimento repentino" é ilusório, e os animais meramente evoluíram de seus papéis anteriores no Pré-cambriano. Qualquer que seja a satisfação que tal teoria pode produzir nas mentes de seus adeptos, deve ser destruída pela ausência de qualquer dado que dê apoio a essa teoria. Além da ausência de precursores metazoários pré-cambrianos, a complexidade da biologia molecular das formas cambrianas primitivas se iguala a qualquer forma viva hoje4. É preciso responder ao desafio de toda a evolução da informação bioquímica complexa nos metazoários ter ocorrido no Pré-cambriano, onde não há evidência de metazoários. Tal posição requer um comprometimento de fé para com um modelo, que iguala ou excede o requerido em qualquer visão religiosa imaginável. Naturalmente os defensores desta teoria esperam que algum dia sejam encontrados os imaginários ancestrais pré-cambrianos. Mas, a despeito de esforços crescentes nesta empreitada, a lacuna permanece.
Uma segunda hipótese, a Deísta, bastante popular entre alguns cristãos, aceita uma criação divina de todas estas formas de vida no passado remoto. Numa hipótese variante (Teísta), Deus está envolvido ao longo do caminho. Os dois pontos de vista são baseados em pressupostos naturalistas, que interpretam os eventos discutidos em Gênesis 1 como figurativos, a fim de preservar um comprometimento com a escala de tempo radiométrica e com o paradigma naturalista (evolucionista). Uma terceira hipótese, a chamada Intervencionista ou hipótese Criação/Dilúvio, explica o repentino aparecimento de diversos fósseis complexos em sedimentos cambrianos como um registro da criação repentina de todo o espectro das formas de vida, associada com o dilúvio catastrófico descrito nos primeiros capítulos do Gênesis. A presença de um completo espectro de uma biota complexa, na ausência de evidência de ancestrais, certamente oferece um forte apoio para este modelo. As rochas abaixo do Cambriano teriam se acumulado na terra possivelmente antes da semana da criação de Gênesis 1, e assim não contém evidência de metazoários. As rochas do Cambriano representam ou os sedimentos acumulados na terra após a Criação, e antes do Dilúvio, ou são as primeiras rochas resultantes do Dilúvio.
Na hipótese Naturalista, não há um Criador. As hipóteses Deísta/Teísta e Criação/Dilúvio envolvem um Criador, e o Criador é o Deus da Bíblia. É difícil crer que indivíduos inteligentes e educados não consigam ver a mão do Criador na natureza. Como afirmou Werner von Braun:
"Não é possível ser exposto à lei e ordem do universo sem concluir que deve haver planejamento e propósito por trás de tudo... Quanto mais entendemos a complexidade do universo e de tudo que ele abriga, mais razão temos para nos maravilhar com o planejamento inerente sobre o qual ele é baseado... Ser forçado a crer em apenas uma conclusão -- de que tudo no universo aconteceu por acaso -- iria violar a própria objetividade da ciência... Que processo aleatório poderia produzir o cérebro de um homem ou o sistema de um olho humano? ... Eles (os evolucionistas) desafiam a ciência para provar a existência de Deus. Mas é preciso acender uma vela para ver o sol? ... Eles dizem que não podem visualizar um Planejador. Bem, pode um físico visualizar um elétron? ... Que raciocínio estranho faz com que alguns físicos aceitem o elétron inconcebível como real, enquanto se recusam a aceitar a realidade de um Planejador, dizendo que não conseguem concebê-lo? ... É com honestidade científica que apoio a apresentação de teorias alternativas para a origem do universo, da vida e do homem nas salas de aula. Seria um erro deixar de lado a possibilidade de que o universo tenha sido planejado em vez de ter aparecido por acaso."5
A decisão entre os pontos de vista Teísta/Deísta e Criação/Dilúvio deve ser feita levando em conta o que o próprio Criador nos disse. Estamos lidando com a história da terra, e, em história, um relato escrito de uma testemunha ocular é a informação disponível mais valiosa. Dados extracientíficos precisam ser usados ao tentar discriminar as duas hipóteses (ou outras que possam ser construídas) sobre as origens, e faz bastante sentido para quem afirma lealdade ao Deus da Bíblia, procurar respostas na Bíblia, sem sentir necessidade de se desculpar. Uma leitura direta do relato bíblico mostra que ele é claramente estruturado em poucos milhares de anos, favorecendo a hipótese Criação/Dilúvio. Este ponto de vista das origens não é isento de problemas no mundo natural, como veremos. Mas as conclusões finais a que se chega, em relação às origens, se apóiam em quem ou o que um indivíduo escolhe aceitar como autoridade. Nas duas primeiras hipóteses, a autoridade é o naturalismo e o racionalismo. O indivíduo afirma que a mente humana, agindo só, é capaz de discriminar toda verdade. Na terceira, a fonte final de autoridade é o Deus da Bíblia. É imperativo que indivíduos trabalhando nesta área reconheçam e admitam qual é sua fonte de autoridade. Até que isto possa ser estabelecido, há pouca base frutífera para uma comunicação construtiva. Na balança, a hipótese Criação/Dilúvio é consistente com uma leitura clara da Bíblia, enquanto a hipótese Deísta/Teísta não o é. A hipótese Criação/Dilúvio também se confronta satisfatoriamente com as questões mais urgentes na paleontologia: a origem da vida e a Explosão Cambriana. A hipótese Naturalista, mesmo com toda sua popularidade, não satisfaz nenhuma das duas. Conquanto haja outras hipóteses ou variantes que poderiam ser propostas e discutidas, vamos nos limitar a estas três. Ao continuar nossa avaliação do registro paleontológico, mantenha estas três hipóteses em mente.
O registro fóssil do Cambriano é de grande riqueza e incrível diversidade. Gould 6 o comparou a um arbusto de cabeça para baixo (o oposto de uma árvore filogenética normal), porque desde o princípio a diversidade é muito grande e há muitas formas que não são encontradas em níveis superiores do registro fóssil. Durante o Cambriano, a diversidade de trilobitas alcançou o seu máximo. Quando a deposição do Cambriano é superposta pelas rochas ordovicianas, a transição é mais uma questão de mudança de tipos de rochas do que qualquer mudança importante na fauna.

O Ordoviciano
As rochas ordovicianas exibem um aumento contínuo em diversidade, com muitas espécies de braquiópodes, trilobitas, corais, crinóides, cefalópodes e peixes sem mandíbula. O Ordoviciano se inicia com cerca de 150 famílias de organismos e termina com mais de 400. O único filo adicional ainda não registrado no Cambriano é o Bryozoa. Embora fósseis de plantas terrestres não sejam vistos senão em camadas superiores, há relatos de esporos de plantas terrestres no Ordoviciano. A diversidade de trilobitas ainda é grande em sedimentos ordovicianos. A "Extinção Ordoviciana" ocorreu próxima ao topo do período Ordoviciano. Neste ponto do registro fóssil, um terço de todas famílias de braquiópodes e briozoários desaparecem, assim como numerosos grupos de conodontes, trilobitas e graptolitos. Grande parte da fauna construtora de recifes foi também dizimada. No total, mais de cem famílias de invertebrados marinhos aparecem pela última vez. Estas famílias desaparecem do registro de uma forma ordenada e regionalmente consistente. Qualquer modelo com o propósito de explicar a história da terra com integridade deve acomodar estes dados.

O Siluriano e DevonianoSeguindo-se à perda de diversidade (soterramento de habitats?) no fim do Ordoviciano, novos grupos aparecem como fósseis durante o Siluriano e o Devoniano. Os recém-chegados incluem os primeiros fósseis de plantas terrestres macroscópicas do Siluriano. Além disto, o registro Devoniano inclui os primeiros fósseis conhecidos de tubarões, peixes ósseos e cefalópodes, além de uma variedade de estromatoporóides e corais. Fósseis de formas terrestres que aparecem em estratos devonianos incluem anfíbios, insetos e muitos tipos de plantas terrestres.

O Carbonífero (Mississipiano e Pensilvaniano nos Estados Unidos)Quando os últimos estratos devonianos foram depositados, o registro fóssil passou a incluir um grande componente de fósseis associados com águas rasas ou terra. O registro marinho continua a conter abundantes restos de briozoários, equinodermas (particularmente crinóides), braquiópodes, moluscos e artrópodes. A grande representação de insetos do Carbonífero atrai muito interesse. Muitas destas formas, incluindo baratas e libélulas, são familiares para nós hoje em dia, porém em tamanhos muito menores. O Carbonífero contém os primeiro grandes depósitos de carvão, e é deste aspecto que veio o nome deste período. Os carvões do Carbonífero são constituídos de plantas que não são familiares para nós hoje, embora haja representantes vivos da maioria dos grupos. As plantas dominantes são licopódios gigantes, fetos arborescentes, cavalinhas e outros, muitas vezes maiores do que qualquer de seus equivalentes modernos.
Uma objeção algumas vezes levantada contra a hipótese Criação/Dilúvio (de que o registro fóssil é em grande parte resultado de um único evento) é o volume gigantesco de material de origem orgânica na crosta terrestre. A grande quantidade de carvão, petróleo, gás e carbono disperso parece estar bem além do escopo do que um evento único possa produzir. Assim parece, pelo menos até que examinemos os dados.
A estimativa mundial de reservas de gás natural é de 5.000 trilhões de pés cúbicos. Isto poderia ser convertido em cerca de 94 bilhões de toneladas curtas de carbono (carvão). As reservas mundiais de petróleo são de cerca de um trilhão de barris. Isto seria equivalente a 180 trilhões de toneladas de carbono (carvão). Somando isto às reservas de carvão, estimadas em 1 trilhão de toneladas, teremos um total mundial de 1274 bilhões de toneladas de carbono fóssil a partir de fontes orgânicas (gás, petróleo e carvão).
Comparado com isto, a biosfera atual contém aproximadamente 829 bilhões de toneladas de carbono, cerca de 83% da massa do carbono fóssil preservada como carvão, petróleo e gás. Cerca de 243 bilhões de toneladas métricas de biomassa vegetal seca são produzidas por ano. Se a terra estivesse operando sob condições ótimas, poderíamos aumentar este valor em 10 vezes (maiores massas de terra, maior concentração de CO2, nenhum deserto, vegetação cobrindo os oceanos, biomassa ótima nos oceanos e mares ... ver abaixo). Permitindo esta otimização, poderíamos ter um acúmulo de 2 trilhões de toneladas de vegetação (peso seco) por ano. Se uma média de acúmulo de material orgânico representasse dez anos de crescimento, 20 trilhões de toneladas de material orgânico, vivo, morto e em decomposição poderiam estar presentes na superfície da terra na época do dilúvio, apenas provenientes de plantas. Além disto, também poderia haver na época cerca de 2000 anos de acúmulo de carvão, com cerca de 10 - 20% do carbono sendo preservado permanentemente como carvão disperso nos sedimentos e na coluna de água. Poderia haver também uma quantidade desconhecida de carbono orgânico adicionado a terra na época da criação, para preparar sua superfície para habitação.
Turfeiras atuais também fornecem um exemplo de como o ambiente pré-diluviano poderia ter possuído um reservatório de carbono muito maior do que a biomassa atual. Outros reservatórios podem ter incluído massas flutuantes de vegetação tais como as encontradas em certos pântanos modernos. A maior parte da vegetação paleozóica deve ter crescido sob estas condições, não apenas porque os representantes modernos destes grupos o fazem, mas porque mesmo uma análise superficial das estruturas de raízes associadas com estas plantas indicam que elas não poderiam ter crescido no solo. As plantas cresciam até 30 metros de altura, provavelmente em uma única estação de crescimento, e a maioria das formas era anual, possuindo pouca ou nenhuma madeira. As raízes eram estruturas de ancoragem singulares chamadas Stigmaria, que se ramificavam da base do tronco para lados opostos, dividindo-se imediatamente para produzir quatro raízes principais, que tipicamente se bifurcavam outra vez próximas ao tronco. Estas raízes cresciam de um broto terminal e enviavam para fora radículas de tamanho de um lápis num arranjo espiral, até meio metro do eixo principal. As radículas eram compostas de células grandes de parede fina, com pouco tecido estrutural. Desta aparência deduz-se que as raízes foram planejadas para penetrar restos vegetais, e certamente não poderiam ter crescido no solo. Devido a seu tamanho e volume, e ao rápido crescimento evidente, grandes quantidades desta vegetação poderiam ter se acumulado rapidamente, sob as condições de crescimento ideal do mundo pré-diluviano. Não é surpreendente que houvesse grande quantidade deste material disponível para ser soterrado e convertido em carvão durante o dilúvio. As raízes de muitos dos fetos arborescentes dominantes (e.g. Psaronius) mostram tecido aerenquimatoso, composto de células de paredes finas cheias de ar. Estes aspectos também são característicos de plantas aquáticas ou semi-aquáticas. Portanto, estas formas poderiam facilmente ter crescido sobre pesadas massas de vegetação flutuante, permitindo a possibilidade de um grande reservatório de carbono adicional. De qualquer forma, havia, pelo menos em teoria, carbono mais do que suficiente na terra pré-diluviana para justificar todo o carvão, petróleo, gás e carbono de origem orgânica disperso nos sedimentos.
O Carbonífero também contém restos de muitos anfíbios, freqüentemente associados com as plantas produtoras de carvão mencionadas acima. Pode-se imaginar, e isso é inteiramente consistente com o estilo de vida dos anfíbios, que estas formas viveram entre as plantas nos pântanos flutuantes nos quais foram soterrados.
A deposição carbonífera termina junto com os carvões paleozóicos e muitas das grandes espécies de plantas carboníferas. Parece não haver uma boa explicação para esta perda nas hipóteses Naturalista ou Deísta/Teísta. Por que plantas que dominavam a paisagem, e obviamente eram muito bem sucedidas, iriam repentinamente deixar de existir? De acordo com a hipótese Criação/Dilúvio, esta perda pode ser explicada pela destruição do habitat do mundo pré-diluviano no qual estas formas viviam e subseqüente soterramento de seus restos por contínuo influxo de sedimentos.

O Permiano
O registro fóssil permiano contém muitas das formas de invertebrados presentes nas rochas abaixo, mas a flora reflete mudanças dramáticas. As principais extinções que marcam o fim das duas divisões principais do Fanerozóico, o Permiano (marcando o fim do Paleozóico) e o Cretáceo (marcando o fim do Mesozóico), apresentam mudanças dramáticas no registro de plantas em camadas bem abaixo de onde começam as grandes mudanças no registro animal. Porque isto foi assim, não está claro nas várias propostas de explicação. As plantas do Permiano, que parecem ser muito mais adequadas para clima seco do que as plantas produtoras de carvão do Carbonífero, são chamadas de Flora Glossopteris. Esta flora consiste de árvores coníferas e gimnospermas de diversas afinidades, a maioria das quais está atualmente extinta.
A diversidade do registro faunístico decresce gradualmente, até próximo do fim do Permiano, quando quase todos os invertebrados do Paleozóico desaparecem. Embora os números sejam controversos, estima-se que 96% das espécies encontradas no Permiano não aparecem mais no Triássico. Isto inclui invertebrados e vertebrados. Entre os vertebrados, 75% das famílias de anfíbios e 80% das famílias de répteis desaparecem do registro. Esta perda de tantos grupos taxonômicos é chamada de "Extinção Permiana", e muitos divulgadores de ciência tentaram explicar esta perda através de um evento catastrófico, tal como o impacto de um meteorito. A dificuldade encontrada em todas estas tentativas é que o desaparecimento de espécies continua através do Permiano ou, como no caso dos principais grupos de plantas do Carbonífero, já havia ocorrido antes do início do Permiano. Se a explicação correta é um dilúvio global, então é possível compreender o desaparecimento de grupos taxonômicos, e não são necessárias explicações fantasiosas.

O Mesozóico
As rochas mesozóicas são caracterizadas por uma mudança dramática na biota. Inicialmente as plantas tendem a ser similares às do Permiano. A maioria dos animais é diferente. Há mais formas terrestres e rochas marinhas possuem peixes fósseis, cefalópodes, bivalves e corais diferentes dos do Paleozóico.

O Triássico
As rochas do Triássico são caracterizadas por camadas vermelhas, assim chamadas devido à presença abundante de óxido de ferro, além de cinzas vulcânicas amplamente distribuídas. Nestas rochas estão os restos de répteis fósseis e os primeiros fósseis de mamíferos. As plantas são samambaias, fetos arborescentes, cicadáceas, ginkgos e gimnospermas de muitos tipos. A flora Glossopteris do Permiano é substituída pelo gênero Dicrodium do Triássico, encontrado em todo lugar. Todos os tetrápodes dominantes, incluindo os dinossauros e várias outras formas de répteis e mamíferos, aparecem primeiro nas rochas triássicas. Muitos insetos são conhecidos no Triássico, incluindo muitas espécies de libélulas. Formas marinhas incluem peixes, répteis marinhos e a maioria dos grupos modernos de invertebrados, incluindo uma crescente variedade de cefalópodes.

O Jurássico
Graças a Hollywood, o Jurássico é provavelmente o mais conhecido dos períodos geológicos. As rochas jurássicas contêm os restos dos maiores dinossauros que já viveram, incluindo os saurópodes gigantes. As rochas marinhas contêm uma abundância de restos de peixes, incluindo tubarões e raias e um crescente conjunto de cefalópodes, em sua maioria amonitas. Os padrões de aparecimento e desaparecimento de amonitas provêem o principal indicador estratigráfico para o Mesozóico. Este é um aspecto que precisa ser estudado cuidadosamente, pois este padrão contém muita informação útil para ajudar na reconstrução de processos sedimentares do Mesozóico. Embora os que trabalham sob as hipóteses Naturalista ou Deísta/Teísta aceitem que estes padrões sejam de origem evolutiva, os aparecimentos e desaparecimento não parecem representar linhagens evolutivas. Assim, os padrões podem conter outros tipos de informações compatíveis com a hipótese Criação/Dilúvio, que nos permitiriam o discernimento de aspectos do mundo antediluviano não acessíveis de outra forma. Plantas terrestres fósseis incluem samambaias, coníferas, ginkgo e cicadáceas. Pequenos mamíferos estão presentes, mas não são comuns. Ocasionalmente são encontrados restos fossilizados de aves, incluindo o famoso Archaeopteryx.

O Cretáceo
O Cretáceo se inicia de forma não auspiciosa e geralmente as rochas do Cretáceo Inferior apresentam os tipos de fósseis encontrados nos estratos jurássicos. Em contraste com as rochas vermelhas do Triássico, os estratos do Cretáceo incluem centenas de metros de folhelhos negros, indicativos de áreas fonte bem diferentes daquelas do Triássico.
No meio do período Cretáceo, ocorre uma mudança dramática. Começa a aparecer o registro fóssil de plantas com flores (angiospermas), e, no fim do Cretáceo, a maioria das principais famílias de plantas com flores estão representadas por pólen, folhas, frutos e/ou madeira. Esta introdução dramática de uma flora totalmente nova, chamada de um "abominável mistério" por Darwin, é de grande significado. Em face disto, o repentino aparecimento das angiospermas é uma explosão tão grande, no âmbito das plantas, como foi a "Explosão Cambriana" no domínio dos animais.
São numerosas as tentativas de explicar esta questão dentro do modelo evolucionista. Uma destas, feita por Daniel Axelrod, propôs que as plantas estivessem evoluindo em regiões montanhosas, longe das regiões onde os fósseis estavam sendo preservados, e por isso não temos o registro fóssil de sua evolução. Não é por acaso que esta explicação compartilha muitos aspectos com as explicações propostas para a fauna cambriana (i.e. não tinham partes duras para serem preservadas ou estavam evoluindo longe das bacias deposicionais). Uma segunda defesa da hipótese evolucionista atribui o desenvolvimento a mudanças evolutivas "graduais", asseverando que as angiospermas são introduzidas lentamente no registro fóssil após um período prolongado, sugerindo que tiveram tempo suficiente para "evoluir" a partir da(s) primeira(s) forma(s). Esta defesa é semelhante à outra feita para a Explosão Cambriana, sugerindo que aquelas formas animais apareceram lentamente durante o Cambriano Inferior.
Há dificuldades fatais nestas duas abordagens. As angiospermas são um grupo rico e diversificado, excedendo todas as outras plantas terrestres hoje por vinte a um. Esta diversidade entra no registro rapidamente, e requer uma explicação. É inconcebível, dadas as grandes diferenças existentes entre as angiospermas, que todo espectro de informação que representam pudesse ter se acumulado do nada durante um período infinito, quanto mais em um curto intervalo de tempo, como afirmado. Além disto, os dados sugerem que as plantas eram inteiramente funcionais e de aspecto completamente moderno quando apareceram pela primeira vez, da mesma forma que vimos com os invertebrados no Cambriano. Por exemplo, Tidwell relatou um ramo fóssil de bordo (Acer) no Arenito Dakota em Utah, que continha pólen, flores e sementes ligadas à madeira. O ramo foi encontrado em rochas consideradas jurássicas, e posteriormente reclassificadas como sendo do Cretáceo Inferior. O problema de haver fósseis que tem aparência completamente moderna em estratos cretáceos persiste. Onde a evolução aconteceu? Uma ciência peculiarmente revisora tem procurado aliviar o problema, reclassificando os fósseis de plantas com flores cretáceas, e mesmo terciárias, em grupos arcaicos. Pela mudança de nome para gêneros diferentes, ou mesmo famílias diferentes, têm-se multiplicado infinitamente e sem necessidade os gêneros de folhas e outras formas. Presume-se que, se uma folha de bordo é encontrada no Cretáceo, deve ser uma coincidência que se pareça com uma folha de bordo, porque como poderíamos ter o gênero Acer representado há 100 milhões de anos atrás? Assim, se eles chamarem este fóssil de Protoacer ou Pseudoacer, pensa-se que isto resolve o problema da origem repentina das angiospermas. Naturalmente não resolve.
Apenas a hipótese Criação/Dilúvio pode explicar o aparecimento repentino de angiospermas sem recorrer a reconstruções fantasiosas e elaboradas. E mesmo esta hipótese não explica com facilidade porque as angiospermas não são encontradas abaixo dos estratos cretáceos. Mas este aparente surgimento repentino de angiospermas é carregado de dados, e pode nos ajudar na formulação de um modelo científico que explique a distribuição de formas de vida na terra pré-diluviana, e os processos do próprio dilúvio. O modelo deve levar em conta isto e usar estes dados no desenvolvimento de uma visão da biota e da geografia pré-diluvianas que possa explicar a ausência de fósseis de angiospermas abaixo do Cretáceo.
Os fósseis animais dos sedimentos cretáceos passam por permutas com o aparecimento de novas formas, tais como os bastantes discutidos Tyrannosaurus rex, Triceratops e os dinossauros com bico de pato que dominaram o Cretáceo Superior. Os poucos mamíferos cretáceos são pequenos e constituem elementos excepcionais no registro. O ambiente marinho cretáceo continua a ser dominado por peixes e moluscos, especialmente amonitas. Durante o Mesozóico, os fósseis-guia, chave em sedimentos marinhos, são os amonitas, cefalópodes espiralados relacionados com os nautilus modernos. Estas formas alcançam seu zênite nos sedimentos do Cretáceo Superior. Nestas rochas no centro dos Estados Unidos, mais de 50 intervalos estratigráficos são definidos pelo que parecem ser espécies distintas de amonitas. Enquanto alguns destes podem não ser espécies distintas, muitos dos morfotipos estão presentes apenas por breves intervalos, e depois desaparecem do registro.
Quando as rochas cretáceas terminam, outra transformação incompreensível acontece. Todos os dinossauros desaparecem e, junto com eles, muitos outros répteis que não são dinossauros também não são mais encontrados como fósseis. Nenhum dos amonitas vai além do Cretáceo. As angiospermas, que surgiram antes, passam pela transição do Mesozóico para o Cenozóico com bem poucas mudanças. Esta grande extinção tem sido ligada a muitas teorias ricas e fantasiosas, tais como a colisão de meteoros, indigestão, o surgimento dos mamíferos, etc. Mas nenhuma destas teorias faz justiça às evidências. Se um impacto de meteoritos foi o evento final do Cretáceo, por que a maioria dos dinossauros já estava morta? De fato não há matança que possa ser diretamente atribuída a um evento que se pretende ter sido de magnitude indescritível e que parece ter feito pouco além de espalhar uns poucos centímetros de poeira enriquecida de irídio. E se um impacto foi a causa, por que não afetou as angiospermas, e por que destruiu todos os amonitas, mas não outras formas marinhas? Se as causas da extinção do fim do Cretáceo foram mamíferos, ou "constipação", etc., então por que os amonitas morreram? Certamente há lugar para uma catástrofe abrangente global que finalmente afetou o ambiente no qual estas várias formas viviam e, como um evento em progresso, o fim do Cretáceo marcou um conjunto de condições nos quais os amonitas e dinossauros não podiam mais viver.

O CenozóicoAs rochas do Cenozóico incluem todos os depósitos desde o Cretáceo até o presente. O Cenozóico é dividido em três partes, de baixo para cima: o Paleogeno, o Neogeno e o Quaternário. Estas rochas contêm os restos de uma fauna dominada pelos mamíferos, e registram uma flora que faz a transição de plantas representadas no Cretáceo para plantas específicas de várias regiões da terra atual. O registro marinho também inclui formas que seriam familiares para nós hoje. Os depósitos cenozóicos são mais locais e basinais do que os depósitos do Mesozóico ou Paleozóico. Restos de mamíferos, especialmente dentes, são usados como marcadores estratigráficos. Uma compreensão do registro cenozóico envolve ser capaz de explicar a notável mudança de camadas de rochas amplamente distribuídas e fósseis-guia do Paleozóico e Mesozóico, para as unidades de rocha e assembléias de fósseis muito mais localizadas do Cenozóico.
Outra vez, considerar a hipótese Criação/Dilúvio permite-nos explicar alguns dos detalhes que não são facilmente explicados pelo Naturalismo ou Deísmo/Teísmo.
Um dilúvio global deve ter um fim em algum ponto do registro nas rochas. Podemos esperar que o fim seja marcado por padrões de drenagem que permanecem até o presente, e aspectos da flora e fauna cada vez mais familiares. Um evento tão dramático como um dilúvio mundial deve ter tido repercussões que duraram até bem depois da saída dos animais da arca. Deste ponto de vista, o dilúvio deixou muitas bacias cheias de água, nas quais sedimentos e restos de animais e plantas mortos e em decomposição continuaram a se acumular durante algum tempo após o fim do dilúvio.
O repovoamento da terra com animais ocorreria rapidamente, e as criaturas e plantas se expandiriam em territórios vagos aparentemente sem fim. Variedades de plantas e animais nunca vistos antes na terra poderiam agora se desenvolver, expressando informação genética que teria se mantido não funcional nos genomas inativos de animais de um mundo diferente. Seria de se esperar que o ambiente logo após um dilúvio mundial tivesse condições ótimas para a seleção natural, incluindo nichos abertos, efeito “gargalo” nas populações, efeito do fundador e isolamento geográfico, que resultaram numa rápida proliferação de espécies para os muitos nichos vazios da terra. Um exemplo claro da magnitude destes efeitos ocorreu nas Ilhas do Havaí, onde os organismos foram capazes de se expandir sem as pressões competitivas normais de predação e doença. Aqui possivelmente uma única espécie de Drosophila aparentemente se tornou ancestral de mais de 600 espécies distintas de moscas das frutas. É importante notar que ainda são Drosophila, e que podemos apenas especular sobre o processo pelo qual elas se diferenciaram.
Embora o Cenozóico não tenha terminado, o passado recente foi caracterizado por glaciações continentais no Pleistoceno. Estes depósitos contêm flora e fauna que são geralmente reconhecidas como indígenas. São interessantes os relatos de grande número de paquidermes congelados em regiões árticas. Darwin calculou que um único casal de elefantes poderia produzir um milhão de descendentes em menos do que mil anos, de forma que isto não parece ser um problema para nenhum modelo.

Análise do Registo
O registro fóssil contém uma mistura de informações. Alguns destes dados, por exemplo, parecem, ao nosso nível atual de compreensão, favorecer idéias naturalistas das origens. Alguns destes dados parecem apoiar o conceito de uma origem Divina Criativa para a vida na terra, e um dilúvio global catastrófico. O método e o tempo não podem ser confiavelmente deduzidos pelos métodos naturalistas da ciência, e devem ser aprendidos pelas revelações do próprio Criador.
O registro fóssil exibe uma progressão ordenada de formas, muito diferente da que se poderia propor para a evolução sem um conhecimento prévio do registro. Também não é intuitivo o que um dilúvio global acarretaria. Muitas partes do registro parecem exibir um padrão de fósseis que sugerem que a terra pré-diluviana e o próprio dilúvio foram eventos bem diferentes do que geralmente se acredita. Se o registro fóssil se originou principalmente com o dilúvio, então se necessita de algum tipo de explicação delimitada ecologicamente ou fisiograficamente.
Em estratos do Paleozóico Inferior, os fósseis são organismos quase exclusivamente marinhos. Embora desde o início haja uma grande diversidade, esta diversidade muda na medida em que subimos a coluna. As mudanças são ordenadas e significativas. Tipos de plantas que parecem viver sobre a água são abundantes nos estratos do Paleozóico Médio e Superior. Tetrápodes associados com estas plantas podem também ter vivido sobre o terreno formado pelas plantas flutuantes. As primeiras plantas e animais verdadeiramente terrestres são encontrados no Permiano (Paleozóico Superior) ou nos depósitos mesozóicos, depois que as plantas formadoras de carvão desaparecem do registro. Estes dados são importantes para se chegar a um modelo de mundo pré-diluviano. Grande parte do mundo que foi soterrado durante o dilúvio já estava sob a água.
As formas marinhas do Mesozóico são muito diferentes das formas paleozóicas. Depósitos terrestres com formas de vida terrestre são o palco central. O aparecimento das angiospermas no Cretáceo Médio é um evento que dificilmente se enquadra com as expectativas evolutivas, e coloca limites severos e restrições importantes na construção de modelos para qualquer hipótese. O extermínio de dinossauros terrestres e amonitas marinhos quase simultaneamente obriga os modelos naturalistas a procurar explicações catastróficas. Os criacionistas alegremente se disporiam a prover estas explicações, se não tivessem que explicar onde os mamíferos e angiospermas estavam escondidos quando os dinossauros estavam sendo soterrados. O zonamento de amonitas no Mesozóico é outra oportunidade para os criacionistas coletarem informações para utilizarem na construção de modelos. Por enquanto, deve ser considerado outro desafio formidável para o modelo Criação/Dilúvio.
No Terciário os dinossauros não mais aparecem no registro fóssil, mas as plantas com flores continuam, tornando-se, ao longo do Terciário, cada vez mais específicas para as localidades onde são encontradas hoje em dia. Da mesma forma, os mamíferos modernos não aparecem até próximo ao fim do Terciário, em muitos grupos. Todos os grandes problemas para o modelo Criação/Dilúvio devem ser considerados dados para a construção de modelos. Isto sugere que, se queremos construir modelos, devemos tirar vantagem dos desafios e trabalhar intensamente com eles para obter mais dados.
Estes são os dados da Paleontologia que os construtores de modelos devem ter em mãos para reconstruir o mundo que havia antes do dilúvio. Este empreendimento vale a pena? É necessário?

Considerações FinaisComo podemos acomodar o registro paleontológico com a Bíblia? Que podemos fazer com os sérios desafios apresentados à nossa fé por alguns aspectos do registro fóssil? O que podemos fazer para tornar conhecidos os sérios problemas das hipóteses Naturalista e Deísta/Teísta? É suficiente dizer que “A Bíblia diz assim, e eu creio nisto, e isto é suficiente para mim?” Devemos continuar explorando a ciência, sabendo que podemos ser levados a conclusões que não são compatíveis com a nossa fé? Estas questões são sérias e dignas de serem estudadas e consideradas cuidadosamente.
Se nossa abordagem da ciência é adequada, podemos reconhecer que ainda há muitas perguntas não respondidas em todos os pontos de vista, e não devemos temer uma investigação mais profunda. Na ciência os dados não são tudo. Mas devemos reconhecer que a visão de origens apresentada na Bíblia é clara acerca da Criação. As plantas foram feitas no terceiro dia, os animais aquáticos e voadores foram criados no quinto dia e os animais terrestres, incluindo a espécie humana, foram criados no sexto dia, três tardes e manhãs após as plantas. A Bíblia também é razoavelmente clara sobre os eventos significativos para a fossilização destas formas de vida que aconteceu desde então. Há muitas coisas não reveladas sobre o mundo antediluviano. Se soubéssemos mais, penso que poderíamos responder muitas das questões que, no momento, estão abertas ou que nos causam perplexidade. Deveríamos estar tentando resolver estas questões? Podemos continuar a esconder nossa cabeça na areia quando questões de paleontologia aparecem?
Nós tradicionalmente ensinamos e pensamos que o mundo físico era um componente indispensável da totalidade da revelação de Deus para nós. Versos tais como Romanos 1:20, Salmo 19:1-4 e muitos outros tornam isto claro. Se mantivermos esta abordagem holística da Revelação, seria inconsistente ignorar um enorme componente deste testemunho no registro fóssil. Deveríamos ser mais agressivos em nossos esforços para procurar a harmonia com a Revelação na Bíblia, usando os princípios colocados pelas Escrituras como um filtro para testar as idéias. Penso que isto não é uma opção, mas um mandato da mais alta ordem. Se escolhermos ignorar os esforços para encontrar harmonia entre a Bíblia e a paleontologia, poderemos perder aquela grande oportunidade de receber a revelação de Deus através da terra. O salmista escreve:
"Escutarei o que Deus, o Senhor, disser, pois falará de paz ao seu povo e aos seus santos; e que jamais caiam em insensatez. Próxima está a sua salvação dos que o temem, para que a glória assista em nossa terra. Encontraram-se a graça e a verdade, a justiça e a paz se beijaram. Da terra brota a verdade, dos céus a justiça baixa o seu olhar. Também o Senhor dará o que é bom, e a nossa terra produzirá o seu fruto. A justiça irá adiante dele, cujas pegadas ela transforma em caminhos”.Salmo 85:8-13
Devemos estar preparados e abertos para receber aquela Verdade. A questão não é se podemos crer no que Deus disse na Bíblia. Esta questão precisa ser previamente resolvida com base em nossa fé. Pois nos é dito especificamente que:
"Pela fé entendemos que foi o universo formado pela palavra de Deus, de maneira que o visível veio a existir das coisas que não aparecem. [ ... ] De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam”. Hebreus 11:3, 6
Mas iremos aplicar com sucesso esta fé para problemas reais no mundo físico? É aqui que podemos fazer a diferença, se escolhermos esta opção.
Penso que nossa visão da revelação no mundo físico, como um componente da revelação total de Deus para nós, exige que busquemos alcançar um nível satisfatório de compreensão do mundo físico. Não devemos “servir este princípio apenas com os lábios” sem implementar esforços sérios para buscar a compreensão que cremos que está aí. Estou seguro de que Deus não quer que esta revelação seja feita de um modo que venha a exaltar o homem. Mas Deus pode confiar numa mente preparada e numa vida comprometida. Com certeza o objetivo deste trabalho deve ser aquele que Deus já estabeleceu, que:
"Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos. Um dia discursa a outro dia, e uma noite revela conhecimento a outra noite. Não há linguagem, nem há palavras, e deles não se ouve nenhum som”.Salmo 19:1-3.
E:
“Os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis”; Rom. 1:20.
Espero, com grande expectativa, o tempo quando estas novas revelações serão recebidas de forma mais completa.
Enquanto isso, podemos começar a ajuntar observações do registro geológico, que possam nos ajudar na tentativa de montar um modelo preliminar do que pode ter ocorrido durante a história passada desta terra.

Espero que este modelo ofereça a oportunidade para se fazer progresso na harmonização de dados da ciência com as informações que nos foram dadas na Bíblia.

Notas1. Simoes, M.G.; Kowalewski, M.; Torello, F.F.; Anelli, L.E. Long-term time-averaging despite abrupt burial: Paleozoic [bioturbation?] obrution deposits from epeiric settings on Parana basin, Brazil. GSA 1998.
2. Butterfield, N.J., and R.H. Rainbird. 1998. Diverse organic-welled fossils, including "possible dinoflagellates," from the early Neoproterozoic of arctic Canada. Geology 26 (November): 963.
3. Citado em: Henry Margenau and Roy Abraham Varghese, eds., *Cosmos, Bios, Theos* (La Salle, IL: Open Court Publishing, 1992), 142
4. Trabalho de Chadwick e trabalho de Morris.
5. von Braun, Wernher. A citação foi retirada de uma entrevista, original em “Applied Christianity” da revista Bible Science Newsletter de maio, 1974, p. 8
6. Gould, Stephen J. 1989. Wonderful Life. W.W. Norton & Company, New York. 347 pp.