segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

O LADO ESCURO DO UNIVERSO

As fontes de rádio usadas para medir o efeito de suavização dos dados do telescópio WMAP estão assinalados no mapa da radiação cósmica de fundo (círculos abertos). [Imagem: NASA/WMAP/Durham University]
Astrónomos da Universidade de Durham, no Reino Unido, afirmaram que todo o conhecimento atual sobre a composição do Universo pode estar errado.
Utane Sawangwit e Tom Shanks estudaram os resultados das observações do telescópio espacial WMAP e afirmam que os erros em seus dados parecem ser muito maiores do que se acreditava anteriormente.
Lado escuro do Universo
A sonda WMAP (Wilkinson Microwave Anisotropy Probe) foi lançada em 2001 para medir a radiação cósmica de fundo (CMB: Cosmic Microwave Background), o calor residual do Big Bang que preenche o Universo e aparece ao longo de todo o céu.
Há poucas semanas a sonda terminou o mapeamento do Universo primitivo, embora ainda sejam necessários meses para que esses dados sejam totalmente processados.
Acredita-se que a dimensão angular das ondulações verificadas na CMB esteja ligada à composição do Universo. As observações do WMAP mostram que as ondulações têm aproximadamente duas vezes o tamanho da Lua cheia, ou cerca de um grau de diâmetro.
Com estes resultados, os cientistas concluíram que o cosmos é composto de 4% de matéria "normal", 22% de matéria escura ou matéria invisível e 74% de energia escura.
O debate sobre a exata natureza desse "lado negro" do Universo - a matéria escura e a energia escura - continua intenso até hoje.
Radiação cósmica de fundo


Este é o efeito dos superaglomerados de galáxias sobre os fótons da radiação cósmica de fundo (CMB). [Imagem: IOP/Physicsworld]
Sawangwit e Shanks usaram objetos astronômicos que aparecem como pontos não identificados nos

domingo, 16 de janeiro de 2011

UM ELO FORA DO CONTEXTO FORMA UMA CORRENTE QUEBRADA


Introdução
A tese que se defende neste artigo é que a doutrina da evolução ao nível "macro" não tem apoio científico real. Não se questiona a "microevolução” (excepto, possivelmente, quanto à inapropriado da designação), isto é, o tipo de alteração pela qual por exemplo os geneticistas desenvolvem cachorrinhos do tamanho da palma da mão, ou laranjas com maior quantidade de sumo. Faz-se objecção à tentativa de extrapolar essas pequenas alterações para supostas alterações macro evolutivas, pelas quais hipoteticamente os peixes se transformaram em gente, ou partículas irracionais aleatórias se transformaram em organismos progressivamente mais complexos.
A Origem da Vida.
Na última metade do século XVII, Francesco Redi demonstrou que, contrariamente ao que muitos acreditavam, as moscas não se geravam espontaneamente na carne em putrefacção. Louis Pasteur demonstrou em 1861 que também as bactérias não se geravam espontaneamente no leite. Não obstante, a geração espontânea continua a se um ingrediente essencial na doutrina evolucionista.
Quais são as evidências? O Professor Lasker declara: "Tanto quanto saibamos, os compostos orgânicos que ocorrem naturalmente hoje são resultantes de processos vitais; a vida parece sempre depender de vida previamente existente" (página 26). Ressalte-se que, neste contexto, "orgânico" não significa "com vida", mas simplesmente qualquer composto contendo Carbono.
Tendo assim exposto os factos, Lasker continua a especular nas páginas 26 a 28: "Imagine-se, então, uma época anterior à existência da vida. Mesmo que os compostos orgânicos não estivessem a se sintetizados nas células, pelo menos não haveria microrganismos que os degradassem, a partir do estado em que existissem. Não havendo nada que obrigasse os compostos a dissociar-se, a evolução teria ocasionado compostos cada vez mais complexos, e não mais simples...".
Alguns parágrafos adiante, acrescenta ele: "De qualquer maneira, os constituintes das proteínas e dos ácidos de nucleína das células vivas foram sintetizados em laboratório, sob as condições existentes na Terra primitiva. Embora ninguém tenha ainda chegado perto da criação de uma célula viva a partir do ar primitivo, não obstante têm-se mostrado plausíveis os passos químicos necessários" (página 32).
A "plausibilidade" desses passos deveria ser considerada mais detalhadamente. Em primeiro lugar, não é correcto dizer que, na ausência de microrganismos, "nada houvesse que obrigasse os compostos a dissociar-se". Nas experiências citadas por Lasker (realizadas por Miller, Sagan e Khare, Wollin e Ericson, Stephen Sherwood e Oparin) os aminoácidos e outros compostos simples tiveram de ser removidos rapidamente da presença da fonte de energia que os produzia (centelhas eléctricas ou luz ultravioleta) porque a taxa de sua destruição sob a sua acção, ou sob a acção de quaisquer outras fontes de energia propostas, excedia de muito a taxa de sua produção (2).
Mesmo que se supusesse que esses compostos pudessem ter-se formado, e permanecido na atmosfera durante tempo suficiente para chegar até ao oceano, a maioria deles teria sido destruída pela água nas temperaturas normais. Por exemplo, Miller e Orgel declararam que "as taxas de depuração do ADN, da hidrólise dos polímeros e da decomposição dos açúcares, são tão grandes, que parece impossível que tais compostos pudessem ter-se acumulado em solução aquosa e pudessem ter sido usados nos primeiros organismos, a menos que a temperatura fosse baixa" (3). entretanto (Miller e Orgel preferem 0 °C ou menos), parecem incompatíveis com a hipótese evolucionista de que a vida se tenha formado logo após a Terra ter perdido toda a superfície gelada, a partir de uma massa fundida, enquanto os oceanos ainda estavam muito quentes.
Além do mais, esses compostos são destruídos também pelo oxigénio. Assim, os defensores da geração espontânea da vida são levados a admitir que a atmosfera primitiva não continha oxigénio (Ver a figura III.3, página 26, do livro de Lasker). Actualmente, a atmosfera contém cerca de 21% de Oxigénio.
Parece, entretanto, que mesmo que originalmente não houvesse Oxigénio, o do vapor de água atmosférico, sob a acção da luz ultravioleta, teria produzido uma quantidade significativa de Oxigénio bem cedo na história da Terra (4).
Além disso, não há evidências de que a atmosfera alguma vez tenha contido metana (5), gás comummente utilizado nas experiências que supostamente têm a ver com a origem da vida. A amónia, que, juntamente com a metana, é necessária para a produção dos compostos, também é sujeita a fotólise rápida, sob a ação da luz ultravioleta, pelo que ter-se-ia reduzido a concentrações muito mais baixas do que as usadas nas experiências (6).
Suponha-se, entretanto, a título de argumentação, que os aminoácidos pudessem ter-se formado. Poderiam eles ter-se organizado por si mesmos em forma de "cadeias" para formarem proteínas? Lasker afirma:
“Ao tentar a síntese abiogénica de proteínas, S. W. Fox (1960) conseguiu produzir, a partir de aminoácidos, substâncias que, sob alguns aspectos, assemelham-se a proteínas. Elas são capazes de assumir a forma de pequenas esferas uniformes que podem ser vistas ao microscópio. Em alguns casos o microscópio electrónico revela diferenciação e características semelhantes às de células, como por exemplo membranas de parede dupla nas gotículas” (página 33).
Sidney Fox produziu essas cadeias de aminoácidos pelo aquecimento de uma mistura pura e seca de certos aminoácidos, usualmente durante 6 a 10 horas, a 170-200 °C, ou por uma semana a 120 °C. Em seguida, agitou-a em água quente, removendo o material insolúvel por filtragem. Arrefecendo a solução, precipitaram-se glóbulos microscópicos, ou "microesferas", contendo as cadeias de aminoácidos. Fox afirma que essas "microesferas proteinóides" são estáveis e exibem uma espécie de evolução pré-biológica. Entretanto, Oparin afirma:
“As microesferas de Fox, sendo obtidas termicamente, não apresentam resultados muito promissores, deste ponto de vista (isto é, da evolução até incluir processos metabólicos). A Sua estrutura é estática. Isso... cria muitas dificuldades quando se tem de convertê-las em sistemas dinâmicos que possam ser utilizados como modelos da evolução do metabolismo” (7).
De facto, as experiências de Fox dependem de um suprimento de aminoácidos puros e secos, necessidade esta que parece ser impossível satisfazer, como foi observado.
Se tal suprimento, entretanto, fosse disponível, Fox mostrou que, sob certas condições, seria possível ligar entre si os aminoácidos. Ele sugere, então, que tais condições deveriam ter existido na Terra primitiva, nas proximidades dos vulcões. Entretanto, Miller e Orgel criticam essa sugestão, realsando que, ao se solidificar, a lava é muito mais quente do que o ar, e acrescentam:
“Outra maneira de examinar este problema é perguntar se existem locais na Terra, hoje, com temperaturas adequadas, em que pudéssemos por exemplo semear 10 gramas de uma mistura de aminoácidos, e obter uma colheita significativa de polipeptídeos ... Não podemos sequer imaginar um local semelhante” (8).
De maior significado é ainda a declaração de Fox de que os polipeptídeos (cadeias de aminoácidos, mais curtas do que as proteínas) são semelhantes às proteínas na ordem em que as ligações são formadas. O facto de que mesmo as mais simples proteínas exigem uma ordem definida na ligação dos aminoácidos, e de que é virtualmente nula a probabilidade de que tal ordem ocorra espontaneamente, tem sido fonte de consideráveis desapontamentos para os defensores da geração espontânea.
Tanto quanto se saiba, nada há, no que se refere às propriedades físicas e químicas dos aminoácidos, nucleotídeos (os blocos construtores do ADN), e açúcares, que indique que as polimerizações envolvendo misturas de quaisquer dessas substâncias, produzam algo além de sequências ou estruturas aleatórias. Essa aleatoriedade foi demonstrada experimentalmente por dois companheiros de Fox, Peter Mora e Gerhard Schramm, na polimerização de açúcares (9), e de nucleotídeos (10).
As evidências contrárias relativamente às cadeias de aminoácidos de Fox foram comentadas por Miller e Orgel, que chegaram a acusá-lo de fraude: "O grau de não-aleatoriedade dos polipeptídeos térmicos assim demonstrado é mínimo em comparação com a não-aleatoriedade das proteínas. É um erro, portanto, sugerir que os polipeptídeos térmicos sejam semelhantes às proteínas em sua não-aleatoriedade'' (11).
Um dos fatos mais misteriosos da Biologia relaciona-se com esse problema de ordem em contraposição à aleatoriedade. Todos os aminoácidos encontrados nas proteínas, com uma única excepção, a glicina, podem existir em duas formas designadas por D e L (dextrógira e levógira). Química e fisicamente elas exibem propriedades idênticas, com excepção de certas propriedades ópticas que não pareceriam ter nada a ver com a sua utilização biológica.
Biologicamente, porém, a diferença é enorme, pois todas as proteínas produzidas nas células vivas contêm exclusivamente a forma L, ou seja a levógira. Todas as proteínas produzidas artificialmente contêm, entretanto, misturas aleatórias das formas D e L. A substituição de um simples aminoácido em uma proteína, por outro com a forma D, destrói completamente toda a sua actividade biológica (12). Levando-se isso tudo em conta, a alegação de Fox quanto à não-aleatoriedade, parece realmente questionável.
À vista dos problemas trazidos á luz pelas experiências mencionadas, a geração espontânea parece cada vez menos plausível. Considerem-se as cifras seguintes, apresentadas por Gerhard Schramm, com relação à probabilidade de formação ao acaso de uma das mais simples formas de vida (alguns chegam mesmo a questionar se ela devesse sequer ser chamada de forma de vida), o vírus do mosaico do fumo:
“O ácido ribonucleico (RNA) do vírus do mosaico do fumo contém 6000 nucleotídeos. A probabilidade de que essa molécula especial resulte da combinação aleatória de quatro nucleotídeos é (1/4)6000 = 10 –2000. Considerando que todo o universo contém o número estimado de 1080 protões, é praticamente impossível obter-se esse ácido ribonucleico no período de 109 anos, a idade estimada da Terra, mesmo que toda a Terra consistisse de uma mistura de nucleotídeos em reacção” (13) .
Schramm e outros defensores da geração espontânea tentam libertar-se desse dilema mediante alguma espécie de "selecção natural" para as moléculas pré-biológicas. Entretanto, como essas moléculas não são auto-replicativas, isso constitui uma contradição (14).
Peter Mora é mais objectivo. Comentando a respeito da prática usual dos evolucionistas de "apelar para o infinito", afirma::
“Creio que desenvolvemos essa prática para evitar enfrentar a conclusão de que a probabilidade de um estado auto-replicativo é zero. ... Ao se ter de invocar, para propósitos práticos, o conceito de tempo e matéria infinitos, o conceito de probabilidade é anulado. Mediante tal lógica pode-se provar qualquer coisa, como por exemplo, que qualquer coisa se auto-reproduza, exactamente e de forma satisfatória, independentemente da sua complexidade” (15).
Mora sugere, com propriedade, que "a ilusão de que o problema possa ser explicado com o conhecimento existente" constitui uma "atitude mental perigosa", e que deveríamos "mesmo ousar perguntar se não há nos seres vivos algo especial que não pode ser tratado pela Física, tal qual a conhecemos, mas que deva ainda ser submetido a comprovação ou refutação" (16).
Mutações.
Mesmo que o problema da geração espontânea pudesse ser superado, como uma espécie de organismo se transformaria em outra, diferente, mais complexa? O Professor Lasker admite que "A única maneira pela qual surgem possibilidades totalmente novas é pela mudança do próprio material genético", isto é, por mutações (página 87). É surpreendente, portanto, vê-lo admitir na sentença seguinte que "tem sido discutido que as mutações poderiam pouco ter a ver com a evolução, porque as que realmente têm sido observadas no laboratório, ou no homem, são quase sempre prejudiciais (ou quando muito, neutras) " (página 87).
As mutações são fundamentais para a evolução, não obstante os fatos observados novamente pareçam contradizer a doutrina. Lasker livra-se do problema afirmando que "ninguém alegaria que a mutação sozinha produz evolução. De fato, ela produziria a evolução na presença de outros factores, como por exemplo a selecção natural..." (página 87). Considerem-se, porém, os seguintes cálculos feitos por Sir Julian Huxley com relação à suposta evolução do cavalo (e então multiplique-se o resultado pelo número dos supostos passos evolutivos entre a ameba e o homem):
“A proporção de uma mutação favorável em mil não parece elevada, porém é provavelmente generosa. ... E o total de um milhão de etapas por mutação evolutiva é sem dúvida questionável. Suponhamos, entretanto, que esses números sejam estimativas razoáveis. Dentro dessa proporção, mas sem selecção alguma, certamente teríamos de cruzar um milhão de linhagens para obter uma contendo duas mutações favoráveis, e assim por diante, até mil elevado à milionésima potência para obter uma linhagem contendo um milhão. Na realidade isso poderia ainda não acontecer, porém esta é uma maneira útil de visualizar as fantásticas probabilidades contrárias à obtenção de numerosas mutações favoráveis em uma linhagem, somente devido ao puro acaso. Ao se escrever o número mil elevado à milionésima potência tem-se o algarismo 1 seguido de três milhões de zeros, o que exigiria três grandes volumes de 500 páginas cada, somente para imprimi-los! ... Ninguém apostaria em um acontecimento tão improvável. Não obstante, isso aconteceu! Aconteceu graças à actuação da seleção natural e às propriedades da substância viva que tornam inevitável a selecção natural!” (17)
Selecção Natural.
Logicamente, então, o próximo tópico é a seleção natural. Pode ela realmente converter a impossibilidade de Huxley (e também de Schramm) em algo inevitável?
Como Lasker afirma à página 19, antes da época de Darwin foi reconhecida como fato uma espécie contrária de seleção – a seleção normalizadora. "Esse processo, ora denominado de seleção normalizadora, de facto retarda e estabiliza a evolução pela eliminação da descendência que difere grandemente de seus ancestrais". Entretanto, continua ele a dizer:
“Foi o reconhecimento da evolução progressiva, contudo, e sua firme fundamentação nos numerosos fatos estabelecidos por Darwin e seus seguidores, que deu origem a uma revolução no pensamento biológico. A evolução progressiva é a selecção da descendência alterada que seja mais bem adaptada que seus ancestrais” (página 20).
Curiosamente e apesar desses "numerosos factos estabelecidos por Darwin e seus seguidores", encontramos George Gaylord Simpson, talvez o mais influente paleontologista evolucionista, admitir a respeito da selecção natural, num dos seus livros, que "pode ser refutada … teoria é bastante frágil, e tem condição tão somente de especulação” (18).
O Professor Lasker apresenta o exemplo favorito dos evolucionistas: a mariposa Biston betularia (página 94). Entretanto, como afirma L. Harrison Matthews, membro da Royal Society, na introdução de uma edição recente de "A Origem das Espécies" de Darwin:
“As experiências (com a mariposa) ilustram muito bem a selecção natural em acção ou a sobrevivência do mais apto, porém não mostram a evolução em andamento, pois embora possam as populações alterar o seu conteúdo de formas claras, escuras ou intermediárias, todas as mariposas permanecem, do princípio ao fim, as mesmas Biston betularia” (19).
Além disso, as mariposas nem sequer demonstram a selecção natural, que não é definida em termos de sobrevivência, mas sim como reprodução diferencial (Glossário, página 382). É duvidosa a evidência quanto a ter havido realmente um aumento na proporção de mariposas escuras que foram reproduzidas. Paul Ehrlich e Richard Holm relatam que em algumas experiências não foi encontrada a deficiência esperada de indivíduos claros. Numa outra experiência, os resultados foram inconsistentes – enquanto os descendentes de alguns acasalamentos apresentaram uma proporção significativamente alta de mariposas escuras, os descendentes de outros não apresentaram (20).
Ainda mais, num recente artigo publicado no Scientific American, o autor observa que "as mariposas escuras continuam a ser comuns em áreas onde teoricamente os pássaros as teriam exterminado. Algum factor pode estar contrabalançar a desvantagem das mariposas escuras, talvez actuando durante os estágios de larva ou casulo, que constituem a maior parte da vida das mariposas. Complexidades desse tipo estão ainda para ser investigadas” (21). Parece, portanto, que, excluindo a extinção total de toda a espécie, as mariposas Biston betularia permanecerão polimórficas.
Porém, como Lasker realça na página 103, a existência de muitos polimorfismos é difícil de entender em termos de selecção natural. De facto, alguns cientistas, incluindo King e Jukes (1969), citados por Lasker, usam os polimorfismos e outras evidências para argumentar que a evolução deve ocorrer mediante variações "neutras", que não são vantajosas nem desvantajosas, e portanto "invisíveis" à selecção natural. Lasker afirma brandamente: "isto está em desacordo com a teoria da selecção natural" (página 103).
Stephen Jay Gould, de Harvard, resumindo esses pontos de vista, é mais categórico: "Todavia, algo ainda mais fundamental está a ameaçar o próprio Darwinismo” (22). Parece que as evidências no caso das mariposas apoiam este último ponto de vista, tanto quanto o de que a selecção natural é importante.
Darwin estava bem familiarizado com as alterações nas plantas e animais domésticos, resultantes de cruzamentos artificiais, e considerou que fosse exequível a extrapolação:
“Embora lento o processo de selecção, se tanto pode o débil homem fazer com o seu poder de selecção artificial, não posso vislumbrar limite algum à intensidade de alteração, à beleza e à complexidade infinita de coadaptações entre todos os seres orgânicos, uns com os outros, e com as suas condições físicas de vida, que podem ser efectuadas no longo decurso do tempo, pelo poder de selecção da natureza” (23).
Contudo, mais de cem anos após Darwin, todas as evidências experimentais indicam que a variação confina-se dentro de limites.
Por exemplo, as experiências tão divulgadas relativas às moscas das frutas, com mutações induzidas artificialmente, e selecção artificial, resultaram em considerável variabilidade. Porém tentativas de levar essas variações além de certos limites resultaram em esterilidade em massa, e em morte. Tentativas de manter as variações próximo de seus limites levaram à reversão à norma. Ernst Mayr, eminente evolucionista de Harvard, encara esses resultados como inteiramente normais.
“Obviamente qualquer melhoramento drástico obtido pela selecção deve comprometer seriamente o stoque de variabilidade genética. ... A resposta mais frequente da selecção unidireccional é uma diminuição na aptidão geral. Isso afecta virtualmente todas as experiências de cruzamento” (24).
Mayr continua a acreditar que grandes alterações são possíveis, porém não cita nenhum caso observado, e concorda que "muito disso obviamente é especulativo” (25).
Não somente há uma desconcertante escassez de evidências. Parece também que os evolucionistas não têm sido capazes de surgir com uma definição exequível de selecção natural. "Natural" significa "não artificial", o que até aí está claro. "Selecção", de acordo com Lasker, significa "que existem variantes biológicas favoráveis em termos das circunstâncias sob as quais sua seleção ocorre" (página 92). À parte o fato de que essa definição pressupõe sua própria conclusão, isto é, que a seleção realmente ocorre, o problema reside em determinar objetivamente quais variantes são favoráveis em termos das circunstâncias de sua ocorrência.
Outro eminente evolucionista, G. Ledyard Stebbins, ora na Universidade da Califórnia, em Davis, admitiu:
“Obviamente ... uma estimativa final da importância da selecção na evolução deve depender grandemente da determinação de quais ... as diferenças que são ... adaptáveis. ... Infelizmente, entretanto, a determinação do carácter adaptativo de muitos tipos de diferenças entre organismos é um dos problemas mais difíceis da Biologia” (26).
Podemos, portanto, pouco mais fazer do que especular (27). Mayr concorda: "... não se pode afirmar com certeza que uma dada estrutura não tenha significado selectivo” (28).
Simpson considera isso como objecto de senso comum: "É notória a falibilidade dos juízos pessoais quanto ao valor adaptativo de caracteres particulares, mais particularmente quando ocorrem eles em animais muito distintos dos que hoje vivem” (29).
De facto, a maior parte dos evolucionistas concorda hoje que a "aptidão" não pode ser analisada objectivamente. Daí a precaução de Lasker: "A aptidão é definida pela prova da sobrevivência, e não pela ‘aptidão’ conforme algum sentido humano de avaliação" (página 92). Isto significa que os que sobrevivem são mais aptos porque os mais aptos é que sobrevivem. Isto constitui uma tautologia - uma falácia lógica que nada explica (30). Com esse tipo de definição, é fácil ver como a seleção natural pode simultaneamente "explicar" no exemplo de Lasker, a evolução tanto do parto prematuro como do tardio, e mesmo da desmama nos animais (página 93).
As deficiências das mutações e da selecção natural como mecanismos da evolução levaram a uma ênfase recente na chamada deriva genética aleatória, acoplada às flutuações nos tamanhos das populações (páginas 107 a 118). Entretanto, como a deriva genética sozinha não pode produzir nada senão a mesma espécie e o mesmo nível de organismo, essa ênfase parece não se justificar. Os interessados poderão ler o breve relato de Mayr sobre o conceito de deriva genética, acompanhado de uma série de aplicações indefensáveis (31). Mayr aparentemente ainda crê que possa haver um papel a ser desempenhado na evolução pela deriva genética. Parece, porém, ter dúvidas sobre o papel de outros mecanismos aleatórios:
“Fenómenos aleatórios como a recombinação ... introduzem na evolução um considerável grau de indeterminação. Temporariamente eles podem ser ainda mais fortes que a selecção em populações completamente isoladas, e pelo menos inicialmente pequenas. É ainda bastante obscura a importância que apresentam tais populações para a formação de novas espécies, e em última análise para a evolução” (32).
Os evolucionistas enfrentam aqui um dilema, pois quanto maior o papel atribuído aos processos aleatórios, menor é a probabilidade de que a impossibilidade de Huxley se converta em uma inevitabilidade pela selecção natural.
Creio ter questionado substancialmente as "evidências" de que qualquer mecanismo biológico conhecido possa produzir alterações macro evolutivas. É comummente aceito, entretanto, que a despeito das deficiências dos mecanismos explicativos, o registo fóssil provê claras evidências da macro evolução. Consideram-se, então, os fósseis, a seguir.
Hiatos no Registo Fóssil.
Lasker afirma: "Existem hoje muitas evidências nos fósseis a favor da existência de todas as espécies de formas intermediárias que indicam a natureza do relacionamento entre o homem e outros animais, e novas descobertas continuamente são acrescidas. ... Nosso problema não reside propriamente na descoberta de elos perdidos" (página 18).
Realmente, o problema inicialmente é semântico. Como Lasker posteriormente declara: "Não se pode propriamente falar de elos perdidos e elos conhecidos na evolução, pois a evolução progride em linhas e não em cadeias, e é sempre possível aprimorar o nosso conhecimento à medida em que se tornam conhecidos mais pontos da linha, e se tornam menores os segmentos desconhecidos existentes entre eles" (página 242). Em outras palavras, ele está afirmando que, como a evolução ocorre de forma contínua, com inumeráveis pontos, não se pode esperar encontrar todas as formas intermediárias sobre a mesma linha.
Na verdade, desde que se pressuponha um continuo evolutivo, a distância entre supostas formas ancestrais intermediárias não apresenta, como afirma Lasker, nenhum "problema".
Ninguém jamais exigiu que se conseguissem todos os fósseis de todos os indivíduos em uma suposta linha de descendência. Porém parece ser razoável exigir que se consiga uma série na qual cada um não difira muito de seu vizinho. Qualquer que seja a suposição, o fato é que os hiatos existentes no registo fóssil entre formas pretensamente relacionadas, são grandes e sistemáticos.
Simpson declarou que "é uma característica do registo fóssil conhecido, o aparecimento abrupto da maior parte dos taxa .... Hiatos entre espécies são esporádicos e frequentemente pequenos . Hiatos entre ordens, classes e fila são sistemáticos e quase sempre grandes” (33).
Outro paleontologista, T. Neville George, afirma: "Não mais há necessidade de se escusar pela pobreza do registo fóssil. Sob alguns aspectos ele se tornou quase incontrolavelmente rico, e as descobertas sobrepujam a integração. ... O registo fóssil continua sendo composto principalmente de hiatos” (34).
Em recente artigo publicado na revista "Evolution", um paleontologista da Universidade de Oklahoma disse:
“Apesar da auspiciosa promessa de que a paleontologia provê uma maneira de ver a evolução, ela tem levantado algumas dificuldades desagradáveis para os evolucionistas, das quais a mais notória é a presença de "hiatos" no registo fóssil . A evolução exige formas intermediárias entre as espécies, e a paleontologia não as provê” (35).
Tão grandes são os hiatos, que os supostos relacionamentos ancestrais são altamente arbitrários. Mayr, que sem dúvida é um dos principais taxinomistas americanos, declara:
“A maior parte dos ‘taxa’ acima do nível de família são claramente delimitados. Moluscos, pinguins, vespas, e na realidade a maior parte dos ‘taxa’, são separados de seus parentes mais próximos por um indiscutível hiato, muito mais do que acontece na maioria dos géneros e famílias. Entretanto, permanece certo que as categorias superiores nas quais colocamos esses ‘taxa’ são mal definidas. ... Nenhuma norma até agora foi encontrada para a classificação não arbitrária dos ‘taxa’. ... É na arbitrariedade da definição que todas as categorias superiores diferem da categoria da espécie” (36).
Uma revisão crítica do livro de Mayr declara que "praticamente todos os biologistas devem concordar que a espécie é a única categoria taxonómica que tem uma existência completamente objetiva, pelo menos nos exemplos mais favoráveis" (37).
É instrutiva, neste aspecto, a discussão apresentada por Lasker sobre paralelismo e convergência, e sobre homologia e analogia (página 205). Ele mostra numerosos exemplos de formas de vida bastante semelhantes, que, entretanto, por outras evidências se mostram sem relacionamento ancestral. Se isto é verdade (e todos os evolucionistas concordam que é), lança-se dúvida sobre qualquer tentativa de tirar conclusões sobre a ascendência, a partir de semelhanças estruturais, ou outras, existentes no registo fóssil. Não obstante, a macro evolução fundamenta-se nessas semelhanças; logo, o que quer que lance dúvidas sobre semelhanças entre grupos deve lançar dúvida também sobre toda a doutrina.
Há um grupo de fósseis, contudo, a que repetidamente se refere sempre que surge a questão dos hiatos – é a série do cavalo. Ela aparece virtualmente em todos os livros que tratam do assunto da evolução. Não obstante, de conformidade com Simpson "esse exemplo usual tem sido grandemente deturpado" (38). Garrett Hardin ressalta que uma exposição antiga do Museu Americano de História Natural visando indicar a linha evolutiva directa do cavalo foi amplamente fotografada e divulgada antes que sua natureza incorrecta fosse esclarecida. Essas fotografias tendenciosas permanecem ainda em alguns livros didácticos (39).
Lasker apresenta os fósseis correctamente em um diagrama à página 207. Observe-se que, apesar do "abundante material fóssil", somente três fósseis são considerados como ancestrais do cavalo moderno, o Equus. São eles o Eohippus, o Miohippus, e o Merychippus.
O cavalo caracteriza ainda a excepção à regra de que os animais tendem a crescer de tamanho na sua evolução. De facto, os cavalos de que se tem notícia no Eoceno recente são em média menores do que o Eohippus do Eoceno. Antes ainda, no Mioceno e no Plioceno, havia pelo menos três ramos distintos da família do cavalo caracterizados pela diminuição do tamanho ... enquanto que, ao mesmo tempo, havia outros, de acordo com a "regra", aumentando de tamanho. Na mesma época, também outros havia flutuando em torno de um tamanho médio, sem alteração apreciável, e ainda outros desenvolviam espécies diferentes, de tamanhos decididamente diferentes como de fato é o caso do Equus hoje” (40).
Dado este tipo de evidências, basta acrescentar a própria declaração de Simpson: "Pode-se confirmar qualquer ‘regra’ que se deseje, desde que se formule a regra e em seguida se interpretem as evidências de conformidade com ela.” (41).
Como o diagrama de Lasker indica (Simpson), o prosseguimento apenas dos três estágios presumíveis exige um salto do Velho Mundo para a América do Sul. Além disso, é altamente arbitrária a colocação do Eohippus (mais amplamente chamado de Hyracotherium) como o primeiro elo da série. Num artigo anterior disse Simpson:
“Matthew mostrou e insistiu que o Hyracotherium (incluindo o Eohippus) é tão primitivo (42) que não é muito mais definidamente equídeo do que taprídeo, rinocerotídeo, etc., embora seja costumeiro colocá-lo na raiz do grupo equídeo” (43).
O resto do registo fóssil oferece pouca tranquilidade aos macroevolucionistas. Simpson afirma que existe um considerável hiato entre o Eohippus (Hyracotherium) e sua suposta ordem ancestral e afirma:
“Isto é verdade para todas as trinta e duas ordens de mamíferos. ... Os membros mais antigos e mais primitivos de todas as ordens já possuem os caracteres ordinais básicos, e em nenhum caso existe uma sequência aproximadamente contínua desde uma ordem até outra conhecida. Na maior parte dos casos a descontinuidade é tão distinta e o hiato tão grande que a origem da ordem é especulativa e muito discutida” (44).
“Essa ausência regular de formas transicionais não se confina aos mamíferos, mas é um fenómeno quase universal, como de há muito foi notado pelos paleontologistas. É verdadeiro para quase todas as ordens de todas as classes de animais, tanto vertebrados quanto invertebrados. ‘A fortiori’ é verdadeiro também para as classes, e para os grandes phyla animais, e é também aparentemente verdadeiro para as categorias análogas de plantas” (45).
“Existe... uma tendência em direcção a uma deficiência sistemática no registo da história da vida. É portanto possível alegar que tais transições não estão registadas porque não existiram, que as alterações não se deram por transição, mas por saltos bruscos na evolução” (46).
Alguns evolucionistas têm aceite os hiatos no registo fóssil tal qual se apresentam, e têm declarado que as grandes categorias devem ter surgido por "macrogénese", ou mutação sistémica, ao invés de milhões de pequenos passos ("gradualismo filetico") conforme proposto por virtualmente todos os outros (47). O mais proeminente daqueles é Richard Goldschmidt, da Universidade da Califórnia, em Berkeley, que usou a expressão "monstro auspicioso". O livro de Goldschmidt contém uma valiosa crítica de outras ideias evolucionistas (48). Falando do conceito de Goldschmidt, entretanto, Mayr declara:
“Está bem comprovada a ocorrência de monstruosidades genéticas por mutação, como por exemplo os mutantes homeóticos na Drosophila (mosca das frutas), porém elas constituem anomalias tão evidentes que esses monstros somente podem ser designados como "sem esperança". Eles são tão completamente desproporcionados que não teriam a mínima probabilidade de escapar da eliminação mediante uma selecção estabilizadora. ... Crer que tal mutação drástica produziria um novo tipo viável, capaz de ocupar um novo habitat, é equivalente a crer em milagres” (49).
Simpson também aborda este ponto de vista, que depende de mutações múltiplas, simultâneas:
“A probabilidade de mutações múltiplas, simultâneas, parece ser ainda menor, de facto desprezível. A postulação de uma taxa de mutação de 0,00001, e da duplicação da probabilidade de cada mutação por outra mutação no mesmo núcleo, corresponderia às circunstâncias mais favoráveis garantidas pelas evidências experimentais. Com essas postulações, a probabilidade de cinco mutações no mesmo núcleo seria de aproximadamente 10-22. Com uma população média efectiva de cem milhões de indivíduos férteis, e com a duração média de um dia para cada geração, novamente postulações extremamente favoráveis, tal evento seria esperado somente uma vez em cerca de 274 bilhões de anos, ou seja, cerca de cem vezes a idade suposta da Terra. Obviamente, a menos que haja um fator desconhecido que aumente tremendamente a probabilidade das mutações simultâneas, tal processo não teve qualquer parte na evolução” (50).
Posição Estratigráfica.
Um argumento usado pelos macro evolucionistas para evitar o confronto com os hiatos no registo fóssil é a asserção de que as camadas da coluna geológica pelo menos demonstram uma ampla progressão das formas de vida simples para as complexas. Entretanto, o registo fóssil está pleno de inconsistências a esse respeito. Pode-se citar Simpson mais uma vez:
“A maior parte (dos phyla) ... inicia-se no Cambriano ... (até recentemente considerado como o estrato no qual primeiramente evoluiu a vida). Há pouca ordem lógica na seqüência do aparecimento. Os Artrópoda aparecem no registo tão cedo quanto sem dúvida os Protozoa, embora no consenso geral os Protozoa sejam o phylum mais primitivo e os Artrópoda o mais "avançado", isto é, estruturalmente mais complicado entre os não-cordata (ou Invertebrados, como todos os outros phyla, excetuando-se os Cordata, são frequentemente chamados). Corais e Briozoários não surgem até o Ordoviciano, embora sejam menos altamente organizados do que muitos grupos que ocorrem no primitivo Cambriano. ... (O phylum Cordata) deve ser considerado em algum sentido como o mais progredido de todos os phyla, e é de fato o último a aparecer no registo, embora não muito depois dos Briozoários inferiores” (51).
O registo fóssil é tão equívoco, de fato, que três proeminentes paleontologistas concluíram recentemente que a posição estratigráfica nem mesmo devia ser considerada na determinação inicial da filogenia (linha da suposta descendência evolutiva):
“É nossa opinião que o espectro dos estados de carácter de derivação primitiva, ou polaridade, deve ser elaborado (e de facto usualmente o é) pelo menos inicialmente, com base em critérios morfológicos (em vez de critérios baseados em sequência de tempo). A razão desta conclusão é que a sequência nas rochas pode não oferecer um quadro real da polaridade. A origem e a aparente antiguidade não são necessariamente correlacionadas” (52).
“O conceito cronoclínico (sequência de tempo) implica – erradamente, cremos – que a sequência temporal é, em si mesma, significativa na avaliação do relacionamento” (53).
Esses mesmos autores destacam que um dos problemas relacionados com a validade dos dados estratigráficos é que a questão da sequência é frequentemente decidida com base nos fósseis; portanto, a argumentação constitui um círculo vicioso: "A principal dificuldade no uso de supostas sequências ancestral-descendentes para expressar a filogenia é que os dados bioestratigráficos são frequentemente usados em conjunto com a morfologia na avaliação inicial dos relacionamentos, o que leva a um ciclo vicioso óbvio” (54).
Porém, pelo menos tão danosa à ideia de que as sequências fósseis, tais como a do cavalo, demonstram a evolução progressiva, é a afirmação de que “todos os organismos são fadados a ser relativamente primitivos em alguns dos aspectos, e relativamente derivados em outros (“O conceito da evolução mosaica”: De Beer, 1954). É pequena a probabilidade de achar um taxon fóssil que seja primitivo em todos os aspectos, com relação a outro taxon mais recente” (55).
De facto, Schaeffer e os seus colegas dizem que se fosse para considerar somente a "primitividade" relativa dos fósseis do cavalo, a sequência poderia tão facilmente ser Equus Hyracotherium como Hyracotherium Equus(56).
Supostos Ancestrais da Humanidade.
Considerem-se, finalmente, os ancestrais fósseis da humanidade. Lasker segue o pensamento corrente e localiza os supostos ancestrais evolutivos do homem em três categorias: (1) Australopithecus, (2) Homo habilis, e (3) Homo erectus.
A última categoria inclui os fósseis do famoso "homem de Pequim" e do "homem de Java", bem como numerosos outros (página 263). Não se inclui o Homem de Neanderthal, que virtualmente todos os evolucionistas agora incluem no Homo sapiens (página 292).
Exactamente quando o livro de Lasker estava sendo escrito em 1973, entretanto, Richard Leakey e outros descobriram novos fósseis na África, que virtualmente eliminaram a primeira categoria, os Australopithecus, como ancestrais do homem. Nas próprias palavras de Leakey, o Crânio 1470 "deixa em ruínas a noção de que todos os fósseis primitivos podem ser harmonizados numa sequência ordenada de alteração evolutiva” (57). Leakey agora considera o Australopithecus como "simiesco" e "provavelmente mais um parente do que um progenitor da humanidade” (58).
A razão para as dramáticas afirmações de Leakey é que o Crânio 1470, excepto pelo seu pequeno tamanho, cerca de 800 cc, é aparentemente de forma mais "moderna" do que quaisquer dos até aqui supostos ancestrais do homem. Por exemplo, a fronte inclinada e os seios frontais proeminentes dos fósseis do Homo erectus não estão presentes no Crânio 1470 (59). Não obstante, o Crânio 1470 é considerado como tendo cerca de 1,8 milhões de anos – um contemporâneo do Australopithecus, e mais velho do que qualquer fóssil do Homo erectus (60).
Lasker discute o crânio 1470 nas páginas 264 a 267, baseando suas observações nos primeiros relatórios de Leakey, e afirma que é possível concluir que o 1470 é um "homem verdadeiro". "Em qualquer caso, os que acreditam ter havido uma longa história do homem verdadeiro têm um novo candidato fóssil para considerar..." (página 265). Ralph L. Holloway Jr., antropologista da Universidade de Columbia, concluiu que o 1470 "era capaz de alguma espécie de linguagem humana" porque o crânio tem "uma saliência conhecida como área de Broca, que não existe nos símios, mas encontra-se no homem, e é considerada como o centro da linguagem” (61).
Apesar de sua configuração moderna, Leakey interpreta o Crânio 1470 como um elo ancestral do homem devido à sua pequena capacidade craniana. Contudo Stephen Molnar, editor associado do "American Journal of Physical Anthropology", depois de comentar a respeito da "utilidade" de comparar capacidades cranianas nos fósseis, fez os seguintes surpreendentes comentários:
Nas populações modernas... há um tão amplo intervalo de variação que a extremidade inferior do intervalo situa-se bem abaixo da capacidade de certos hominídeos fósseis, embora não existam evidências de que esses indivíduos sejam menos inteligentes do que pessoas com maiores volumes cranianos. É improvável que as diferenças de tamanho do cérebro nas populações modernas tenham qualquer relevância na variação da capacidade mental - um fator que torna um exercício fútil e sem significado as comparações da capacidade craniana entre grupos modernos. Como afirmou o famoso neuroanatomista von Bonin (1961), a correlação entre o tamanho do cérebro e a capacidade mental não é significativa no homem moderno. Um bom exemplo pode ser visto no caso das mulheres, que têm em média capacidade craniana dez por cento menor do que os homens. Ninguém ousou sugerir que isso indique menor capacidade mental. Muitos homens famosos na história tiveram também, após sua morte, os seus cérebros pesados e medidos. Os valores flutuaram no intervalo do H. sapiens, desde Anatole France (capacidade craniana de aproximadamente 1100 cc) até Oliver Cromwell e Lord Byron (capacidade craniana de aproximadamente 2200 cc). ... Variações de mais ou menos 400 cc em torno da média são encontradas na maioria das populações europeias. Os indivíduos com capacidades cranianas maiores ou menores são pessoas intelectualmente competentes e de comportamento normal. De fato, existem muitas pessoas com 700 a 800 centímetros cúbicos” 62).
Se o tamanho do cérebro nada significa para as populações modernas, não seria justo sugerir que também nada significa para as populações fósseis? Para todos os propósitos práticos o Crânio 1470 de Leakey elimina qualquer imaginário ancestral evolutivo da humanidade.
À parte a questão mais ampla, outros antropologistas têm concordado com a eliminação do Australopithecus feita por Leakey. David Pilbeam e Stephen Jay Gould, dois proeminentes especialistas, utilizando técnicas alométricas (63), e Charles F. Oxnard, anatomista e antropologista da Universidade de Chicago, utilizando técnicas de análise multivariacional (64), concluíram que o Australopithecus não foi ancestral do homem. Assim, o Australopithecus está rapidamente a caminho de ser deserdado da ancestralidade humana.
A categoria do Homo habilis foi primeiro proposta em 1961 pelo extinto Louis S. B. Leakey (pai de Richard Leakey). Como indica Lasker, o status separado daquela categoria foi posto em dúvida desde o princípio:
“Alguns estudiosos do problema acreditam que o grau de variação de tamanho de um grupo de dentes a outro (ou em um dente particular, de uma dimensão a outra) verificado entre o Australopithecus e o Homo habilis ocorre somente entre espécies. Outros (ver por exemplo Brace et al. 1971) chamam a atenção para o fato de que o tamanho dos dentes pode variar grandemente dentro de uma espécie” (página 264).
Recentemente Brace e Wolpoff, ambos antropologistas da Universidade de Michigan, fizeram os seguintes comentários em resposta ao artigo de David Pilbeam e Stephen Jay Gould, citado na referência anterior (63) :
“A própria existência do taxon Homo habilis é devida mais a uma ampla divulgação jornalística ... do que a dados reais ... Pilbeam concorda agora conosco, acreditando que a variação dentária nos Australopithecus é tão grande que as mandíbulas e os dentes sozinhos não são de utilidade para distinguir os taxa, conclusão essa recentemente enfatizada pela descoberta de um crânio no lago Rudolph com capacidade de 500 cc e dentes bastante pequenos (ER 1813)”.
“A amostra que Pilbeam agora deseja atribuir ao Homo habilis consiste de somente quatro espécimes. ... Não há espécime algum simultaneamente com capacidade craniana conhecida e tamanho de dente conhecido. ... Não existe um único crânio do Pleistoceno inferior com capacidade craniana conhecida, que esteja associado com qualquer material pós-craniano útil para a determinação do tamanho do corpo. ... Isso é verdade também para o Homo erectus. ... O variado uso do taxon criou nada mais além de confusão. Portanto reiteramos a sugestão anterior de que o ‘Homo habilis seja formalmente enterrado” (65).
Isso deixa somente o Homo erectus para preencher o hiato entre os seres humanos e os não-humanos. Todavia, não há evidências de macro evolução aqui, pois considere-se a declaração de Lasker: "Somente um ou dois desses fósseis caem fora do intervalo de uma pequena série de indivíduos brancos americanos" (página 284).
Dado o intervalo de variação entre a população mundial, pode ser dito que o Homo erectus tem qualquer significação evolutiva? S. M. Garn (em quem se baseia Lasker) "considera significativo o aumento do tamanho do crânio do Homo sapiens" (página 284), porém, como foi visto, tais diferenças parecem não significativas, particularmente à luz do fato ressaltado acima por Brace e Wolpoff, de que ignoramos o tamanho do corpo de todos os crânios do Homo erectus.
Se a capacidade craniana é significativa, como levar em conta o Homem de Neanderthal? Explicando a grande capacidade craniana de alguns espécimes Neandertais (1,75 litros, em contraposição ao intervalo de 1,30 a 1,45 litros para a média do europeu moderno), Lasker acha necessário acautelar que "não é garantido supor que o homem de Neanderthal fosse em geral significativamente mais inteligente do que o homem subsequente". (Página 291).
Conclusão
Os argumentos a favor da macro evolução falham em todos os níveis significativos ao serem confrontados com os factos. A origem da vida, as mutações, a selecção natural, e o registo fóssil, todos falham no apoio à doutrina.
Por que então os evolucionistas continuam a asseverar que a evolução é um fato? A resposta é que a evolução foi definida por alguns autores de tal maneira que ela se tornou um fato. Lasker dá uma definição comum da evolução: "Uma alteração contínua ao longo de gerações, nas frequências das características determinadas geneticamente" (página 376). Assim, pode-se dizer que qualquer alteração na frequência dos genes, por exemplo "entre pai e filho", é evolução.
Lasker diz que a evolução "é uma alteração lícita na composição genética dos membros de uma população" (página 16, ênfase acrescentada). Ao assim proceder, ele e outros evolucionistas incluem as leis da hereditariedade dentro da definição da evolução. Entretanto isso só poderá levar à confusão, pois como diz Theodosius Dobzhansky:
“Todos os seres vivos crescem e reproduzem-se à sua semelhança. ... Este processo de auto produção, ou de igual gerar a igual, é a essência da hereditariedade. A hereditariedade é ... a antítese da evolução. ... A evolução é um processo que fez os descendentes diferentes de seus ancestrais” (66). (Ênfase acrescentada).
Essa espécie de não-definição deveria ser deixada de lado. Apesar da "síntese neo-Darwinista", a ciência da Genética tornou desnecessário explicar a variabilidade em termos evolucionistas. Considere-se a seguinte afirmação de Gould:
“... há muito mais variabilidade genética dentro de populações naturais do que a escola clássica poderia possivelmente permitir, e mesmo mais do que muitos geneticistas de campo jamais ousaram imaginar. Em diversos organismos, mais da metade dos genes pesquisados existem em elos alternados dentro de uma população, ao mesmo tempo em que os indivíduos podem ser variáveis em até 25% de seus genes (embora 5 a 15% por indivíduo seja o intervalo usual)” (67).
Assim, o que tem sido considerado como evidências de alterações evolutivas, pode ser explicado simplesmente como variação genética normal. E, como tentei mostrar, não há evidências, tanto no registo fóssil e nas observações da natureza, como na experimentação biológica, de que essas variações podem estender-se através das limitações genéticas naturais, e produzir alterações macroevolutivas.
Bibliografia Geral
Gish, Duane T. 1972. Speculations and experiments related to theories on the origin of life: a critique. ICR Technical Monograph nº 1. Creation Life Publishers, San Diego, California.
Gish, Duane T. 1976. Artigos publicados na revista "Impact" sobre a origem da vida: nºs 31 (January), 33 (March), e 37 (July). Creation Life Publishers, San Diego, California.
Macbeth, Norman 1971. Darwin retried. Gambit, Inc., Boston. (1973). Delta Book 440-245. Dell Publishing Co., Inc., New York).
Morris, Henry M. Editor. 1974. Scientific Creationism. Creation Life Publishers, San Diego, California.


Referências
1) Lasker, Gabriel W. 1973. Physical anthropology. Holt, Rinehart, and Wilson, New York. Uma segunda edição do livro de Lasker acaba de ser publicada (em 1976). Há algumas diferenças na numeração das páginas. A tabela seguinte correlaciona os números das páginas da primeira edição (indicados neste artigo) com os da segunda edição:

2) Hulett, J. R. 1969. Limitations on prebiologic synthesis, Journal of Theoretical Biology 24(1) :56-72. (Ver também Hull, D. E. 1960. Thermodynamics and kinetics of spontaneous generation, Nature 186(4726) :693-695) .

3) Miller, S. L., and L. E. Orgel. 1973. The origins of life on the Earth. Prentice-Hall, Englewood Cliffs, New Jersey, p. 126.

4) Brinkman, R. T. 1969. Dissociation of water vapor and evolution of oxygen in the terrestrial atmosphere, Journal of Geophysical Research 74(23) :5335-5368.

5) Abelson, P. H. 1966. Chemical events on the primitive Earth, Proceedings of the National Academy of Sciences 55(6) :1365-1372.

6) Abelson, P. H., J. P. Ferris, and D. E. Nicodem, 1969. Ammonia photolysis and the role of ammonia in chemical evolution, Nature 238(5362) :268-269.

7) Oparin, A. I. 1968. Genesis and evolutionary development of life. Academic Press, New York, p. 105.

8) Miller, S. L. and L. E. Orgel, 1973. The origins of life on the Earth, Prentice-Hall, Englewood Cliffs, New Jersey, p. 145.

9) Mora, Peter T. 1965. Random polycondensation of sugars (in) The origins of prebiological systems and their molecular matrices. (Fox, Sidney W. Editor) , Academic Press, New York, p. 287.

10) Schramm, Gerhard. Synthesis of nucleosides and polynucleotides, Ibid., p. 307.

11) Miller, S. L., and L. E. Orgel, 1973. The origins of life on the Earth,. Prentice-Hall, Englewood Cliffs, New Jersey. Nota de rodapé na página 144.

12) Bernal, J. D. 1967. The origin of life. World Publishing Co., Cleveland, p. 144. [Ver também Oparin, A. I. 1961) . Life, its nature, origin, and development. Academic Press, New York, pp. 59 e 60].

13) Schramm, referência 10, p. 300.

14) Ver Dobzhansky, Theodosius, 1967. The biology of ultimate concern. New American Library, New York, p. 48. Dobzhansky assume a mesma posição, embora um tanto mais tolerante, na discussão que seguiu ao artigo de Schramm, referência 10.

15) Mora, Peter T. 1965. The folly of probability (in) The origins of prebiological systems (Fox, Sidney Editor) Academic Press, New York., p. 45.

16) Ibid., pp. 50 e 51.

17) Huxley, Julian, 1953. Evolution in action. Harper and Brothers Co., New York, p. 41.

18) Simpson, George Gaylord, 1953. The major features of evolution, Columbia University Press, New York, pp. 118 e 119.

19) Matthews, L. Harrison, 1971. Introduction to Darwin’s Origin of Species. J. M. Dent and Sons, Ltd., London, p. xi.

20) Ehrlich, Paul W., and Richard W. Holm, 1963. The process of evolution. McGraw-Hill, New York, p. 130.

21) Bishop, J. A., and Laurence M. Cook. 1975. Moths, melanism, and clean air, Scientific American, 232(1) 98.

22) Gould, Stephen Jay, 1975. A threat to Darwinism. Natural History, December, p. 9.

23) Darwin, Charles, 1859. The origin of species. Edição facsímile impressa pela Harvard University Press, 1966, p. 9.

24) Mayr, Ernst, 1963. Animal species and evolution. Harvard University Press, p. 290.

25) Ibid., pp. 586, 613 e 615.

26) Stebbins, G. Ledyard, 1950. Variation and evolution in plants. Columbia University Press, p. 118.

27) Ibid., p. 506.

28) Mayr, Ernst, referência 24, p. 190.

29) Simpson, G. G. 1953. The major features of evolution. Columbia University Press (Paperback por Simon and Schuster, 1967) . p. 278.

30) “(A seleção natural) tem sido criticada por implicar sempre uma tautologia (citando Waddington, C. H. 1957. The strategy of the genes. Allen and Unwin, London, p. 64) ... enquanto a aptidão for definida em termos da sobrevivência e a seleção for medida em termos de freqüência de genes”. Harris C. Leon, 1975. An axiomatic interpretation of the neo-Darwinian theory of evolution, Perspectives in Biology and Medicine, Winter, p. 182.

31) Mayr, Ernst, referência 24, pp. 204-214.

32) Mayr, Ernst 1970. Populations, species and evolution. Belknap Press of Harvard University Press, Cambridge, Mass., p. 128.

33) Simpson, George Gaylord, 1960. (in) The evolution of life (Tax, Sol, Editor) . University of Chicago Press, p. 149.

34) George, T. Neville, 1960. Fossils in evolutionary perspective, Science Progress, 48(189) :1, 3.

35) Kitts, David B. 1974. Paleontology and evolutionary theory, Evolution, 28(3) :467.

36) Mayr, Ernst 1969. Principles of systematic zoology. McGraw-Hill, New York, pp. 91 e 92.

37) Richards, G. W. 1970. A guide to the practice of modern taxonomy, Science, 167(3924) :1477-1478.

38) Simpson, G. G. 1949. The meaning of evolution. Yale University Press, p. 130.

39) Hardin, Garret, 1961. Nature and man’s fate. Mentor Books, p. 225 e 226.

40) Simpson, G. G., referência 38, pp. 133-136.

41) Ibid., p. 137.

42) Pelas razões dadas no texto que acompanha a referência 56, questiono o uso da palavra “primitivo” feito por Simpson aqui. No contexto, penso que ele deve significar simplesmente “distante”.

43) Simpson, G. G. 1945. The principles of classification and a classification of mammals. Bulletin of the American Museum of Natural History, 83, p. 254.

44) Simpson, G. G. 1944. Tempo and mode in evolution. Columbia University Press, New York, p. 105.

45) Ibid., p. 107.

46) Simpson, G. G., referência 38, p. 231.

47) Ver, e.g., Stanley, Steven M. 1975. A theory of evolution above the species level, Proceedings of the National Academy of Sciences, 72(2) :646-650.

48) Goldschmidt, Richard B. 1940. The material basis of evolution. Yale University Press.

49) Mayr, Ernst, referência 32, p. 253.

50) Simpson, G. G., referência 29, p. 96.

51) Simpson, G. G., referência 38, p. 31.

52) Schaeffer, B., M. K. Hecht, and N. Eldredge, 1972. Phylogeny and paleontology. Capítulo 2 in Evolutionary Biology, vol. 6, editado por T. Dobzhansky, M. K. Hecht, e W. C. Steere. Appleton-Century Crofts, New York, p. 33.

53) Ibid., p. 35.

54) Ibid., p. 39. O mesmo ponto de vista é defendido por Kitts, David B. 1974. Paleontology and evolutionary theory, Evolution 28(3) :466.

55) Ibid., pp. 39 e 40.

56) Ibid., p. 37.

57) Leakey, Richard 1973. Skull 1470 - new clue to earliest man? - National Geographic, 143(6) :819.

58) Ibid., comentários acompanhando a ilustração da página 829.

59) Para uma descrição mais completa das descobertas de Leakey, ver Leakey, Richard 1974. Further evidence of Lower Pleistocene hominids from East Rudolf, North Kenya, 1973, Nature 248(5450) 653-656; também Leakey, Richard, 1973. Evidence for an advanced Plio-Pleistocene hominid from East Rudolf, Kenya, Nature 242(5398) 447-450. (Ver também itens de autoria de Day, M. H., and Richard Leakey, em 1973: American Journal of Physical Anthropology, 39, p. 341; e 1974: American Journal of Physical Anthropology, 41, p. 367.

60) A idade deste crânio é algo controvertida. A idade dada por Leakey é de 2.6 milhões de anos, baseada na datação de uma camada de tufo vulcânico pelo método do Potássio-Argônio. As idades de 1,6 ± 0,05 e 1,82 ± 0,04 milhões de anos foram obtidas pelo mesmo método na Universidade da Califórnia, em Berkeley. (Ver também Curtis, G. H., T. Cerling Drake, and Hampel. 1975. Age of KBS tuff in Koobi Fora formation, East Rudolf, Kenya, Nature 258(5534) :395-398.

61) Rensberger, Boyce 1976. Riddles in ancient skulls, San Francisco Sunday Examiner and Chronicle, 2 May, Sunday Punch, p. 5. (Rensberger, que detém os direitos autorais, está hoje no New York Times) .

62) Molnar, Stephen, 1975. Races, types, and ethnic groups - the problem of human variation. Prentice-Hall, Inc., Englewood, Cliffs, New Jersey, pp. 56 and 57. [Ver também Robinson, J. T. 1967. The origins and adaptive radiation of Australopithecines (in) Human Evolution (Korn, N., and F. Thompson, Editors) Holt, Rinehart, and Winston, New York, p. 296. Eles mostram que foram detectados cérebros de idiotas com 800 cc.] Ver também Clark, W. E. Le Gros, Op. Cit., p. 305. O autor indica que se conhecem anões com o volume do cérebro menor do que cerca de 300 a 400 cc. Aparentemente, o valor exato do cérebro de Anatole France era de 1017 gramas [Ver Cobb, Stanley 1960. Brain and personality, American Journal of Psychiatry, 116(10) :938].

63) Pilbeam, David, and Stephen Jay Gould 1974. Size and scaling in human evolution, Science, 186(4167) :892-901.

64) Oxnard, Charles F. 1974. Australopithecus vs. The computer, University of Chicago Magazine, Winter, p. 8. [Ver também Oxnard, Charles F. 1975. The place of Australopithecines in human evolution - grounds for doubt? Nature, 258(5534) :389-395. O assunto foi resumido em 1976: Disinheritance, Scientific American 234(2) :54B].

65) Wolpoff, Milford H., e C. Loring Brace 1975. Allometry and early hominids, Science, 189(4196) :61-63.

66) Dobzhansky, Theodosius 1958 (in) Julian S. Huxley, et al. A book that shook the world: anniversary essays on Charles Darwin’s Origin of Species. University of Pittsburg Press, p. 16.

67) Gould, Stephen Jay, 1975. A threat to Darwinis, Natural History, December, p. 9


quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

A ORIGEM DO HOMEM, FRAUDE EM CIMA DE FRAUDE

BÍBLIA
1 NO princípio, criou Deus os céus e a terra.
2 E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas.
3 E disse Deus: Haja luz. E houve luz.
4 E viu Deus que era boa a luz; e fez Deus separação entre a luz e as trevas.
5 E Deus chamou à luz Dia; e às trevas chamou Noite. E foi a tarde e a manhã o dia primeiro.
6 E disse Deus: Haja uma expansão no meio das águas, e haja separação entre águas e águas.
7 E fez Deus a expansão, e fez separação entre as águas que estavam debaixo da expansão e as águas que estavam sobre a expansão. E assim foi.
8 E chamou Deus à expansão Céus, e foi a tarde e a manhã o dia segundo.
9 E disse Deus: Ajuntem-se as águas debaixo dos céus num lugar; e apareça a porção seca. E assim foi.
10 E chamou Deus à porção seca Terra; e ao ajuntamento das águas chamou Mares. E viu Deus que era bom.
11 E disse Deus: Produza a terra erva verde, erva que dê semente, árvore frutífera que dê fruto segundo a sua espécie, cuja semente esteja nela sobre a terra. E assim foi.
12 E a terra produziu erva, erva dando semente conforme a sua espécie, e a árvore frutífera, cuja semente está nela, conforme a sua espécie. E viu Deus que era bom.
13 E foi a tarde e a manhã o dia terceiro.
14 E disse Deus: Haja luminares na expansão dos céus, para haver separação entre o dia e a noite; e sejam eles para sinais e para tempos determinados e para dias e anos.
15 E sejam para luminares na expansão dos céus, para alumiar a terra. E assim foi.
16 E fez Deus os dois grandes luminares: o luminar maior para governar o dia e o luminar menor para governar a noite; e fez as estrelas.
17 E Deus os pôs na expansão dos céus, para alumiar a terra;
18 E para governar o dia e a noite, e para fazer separação entre a luz e as trevas. E viu Deus que era bom.
19 E foi a tarde e a manhã o dia quarto.
20 E disse Deus: Produzam as águas abundantemente répteis de alma vivente; e voem as aves sobre a face da expansão dos céus.
21 E Deus criou as grandes baleias e todo o réptil de alma vivente que as águas abundantemente produziram, conforme as suas espécies; e toda a ave de asas, conforme a sua espécie. E viu Deus que era bom.
22 E Deus os abençoou, dizendo: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei as águas nos mares; e as aves se multipliquem na terra.
23 E foi a tarde e a manhã o dia quinto.
24 E disse Deus: Produza a terra alma vivente, conforme a sua espécie; gado e répteis, e bestas-feras da terra, conforme a sua espécie. E assim foi.
25 E fez Deus as bestas-feras da terra, conforme a sua espécie, e o gado, conforme a sua espécie, e todo o réptil da terra, conforme a sua espécie. E viu Deus que era bom.
26 E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme à nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra.
27 E criou Deus o homem à sua imagem: à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou.
28 E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra.
29 E disse Deus: Eis que vos tenho dado toda a erva que dá semente, que está sobre a face de toda a terra; e toda a árvore, em que há fruto de árvore que dá semente, ser-vos-á para mantimento.
30 E a todo o animal da terra, e a toda a ave dos céus, e a todo o réptil da terra, em que há alma vivente, toda a erva verde será para mantimento. E assim foi.
31. E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom: e foi a tarde e a manhã o dia sexto. Génesis
Eis como a Bíblia apresenta a Criação, não argumenta, não especula é incisiva no relato do acto de Deus.
A questão evolutiva e especulativa:
A grande questão, subjacente a todo evolucionismo, é a da origem do homem: foi o homem criado por Deus? A afirmação darwinista de que o homem teria evoluído do macaco era, na verdade, uma negação mais ou menos velada do criacionismo, embora a tese evolucionista não explicasse de onde teria vindo a matéria. Para o vulgo, porém, ficava implícita a vitória do ateísmo e do materialismo, caso o darwinismo fosse verdadeiro. E ainda hoje é assim. Normalmente, se ensina o evolucionismo, para, nas entre linhas -- e muitas vezes nas linhas -- atacar a religião como anti-racional e anti-científica, e lançar os seus ensinamentos para a esfera da lenda ou do mito.
Desde o aparecimento da tese de Darwin, o que se procurou constantemente -- e sem êxito -- foi encontrar o elo perdido entre o macaco e o homem, entre o irracional e o racional. A busca frenética -- e tantas vezes fraudulenta -- de fósseis intermediários entre várias espécies animais visava apenas estabelecer uma premissa maior, necessária para montar o silogismo, cuja conclusão fosse: “logo, o homem descende do animal...E a Escritura mentiu”.
Inicialmente, Darwin e seus seguidores buscaram o elo entre o macaco e o homem. Quando ficou patente que esse elo não existiu, mudaram a sua argumentação: o homem e o macaco teriam tido um ancestral comum muito antigo.
Para o materialismo, a diferença entre o homem e o animal não é essencial. O homem seria um animal apenas mais perfeito, mas ele não se distinguiria do animal por ter uma alma espiritual. A inteligência humana seria o efeito de reações químicas e elétricas no cérebro humano. Sendo assim, os animais também teriam uma “inteligência” incipiente. Instintos e racionalidade não teriam distinção substancial.
Para Marx, o que diferencia o homem do animal não é a racionalidade, fruto da alma espiritual do homem. O que distingue o homem do animal é o trabalho. Engels definiu o homem como “o animal que trabalha”, o que é uma tolice, pois formiga e castor trabalham, e não são humanos. Para o marxismo, teria sido o trabalho que teria feito surgir, no homem, a linguagem, e, desta, a racionalidade. Portanto, no princípio estaria o trabalho e não o Verbo. No princípio, estaria o berro, a interjeição e não a palavra. No princípio não estaria a Sabedoria, e sim a matéria.
Para o materialismo, os animais antepassados do homem e do macaco -- os primatas -- teriam deixado de viver nas árvores e passado a ter vida no solo. Pouco a pouco, teriam abandonado o andar apoiado nos quatro membros e passado a caminhar eretos. Isto dera-lhes a possibilidade de usar as mãos. A seguir, teriam começado a usar paus e pedras como armas, e, depois, como instrumentos. Daí as denominações de “Homo Faber” e de “Homo Habilis”, dos quais teria nascido o que eles chamam de “Homo Sapiens”.
Na realidade, o que distingue o homem do animal é o sentido espiritual e racional. Por isso, o homem é sempre “Sapiens”, embora muitas vezes ele não tenha sabedoria...
A árvore genealógica do homem, segundo os evolucionistas atuais seria a seguinte:

As datações desses pretensos antepassados do homem são muito elásticas, variando de autor para autor, com diferenças, por vezes, gigantescas. Para os evolucionistas, a variação de algumas centenas de milhões de anos não impressiona muito...
Veja-se, por exemplo, que a datação do ancestral comum do homem e dos macacos varia de 4 a 3,5 milhões de anos. Parece pouco, se se olham apenas os algarismos. É uma diferença imensa de meio milhão de anos, isto é, de 500.000 anos!
Conforme o esquema geralmente apresentado, o parente mais próximo do homem seria o chimpanzé, porque teriam códigos genéticos com números muito aproximados.
Outros há, como Schwartz, que levando em conta certos aspectos morfológicos, consideram que o homem é mais próximo do orangotango do que do chimpanzé. Esta aproximação do homem com os macacóides procura salientar apenas semelhanças morfológicas entre eles, deixando à sombra o que os distingue realmente, que é a racionalidade consequente da existência de alma espiritual no homem. Salientam-se aspectos acidentais semelhantes, não se levando em conta, porém, que uma pequena diferença nos cromossomas significa uma enorme diferença específica, ou que uma semelhança acidental nada significa diante de uma diferença essencial. Reduzir a diferença humana com relação ao animal apenas ao número de cromossomas significa afirmar que a única diferença entre o homem e o animal é material. Ora, a principal diferença do homem para o animal é espiritual e não material.
No afã de provar que a evolução era uma verdade, alguns cientistas evolucionistas não titubearam em recorrer à mentira e à fraude. Nunca houve, na História da Ciência tantas fraudes escandalosas quanto se registaram na polémica evolucionista. O Batibius Haeckeli, o Homem de Piltdown, o Homem de Java, o Homem de Pequim, a mandíbula infantil de Ehringsdorf, foram algumas das fraudes mais famosas utilizadas para provar que o homem não foi criado por Deus, mas teve origem puramente animal.
Analisaremos inicialmente as fraudes evolucionistas no campo dos fósseis humanos, para, depois, examinarmos os fósseis apresentados como antepassados do homem, nos dias de hoje.

FRAUDES EVOLUCIONISTAS
a) O “Homem” de Java
O primeiro fóssil humano fraudulento apresentado como prova da evolução, e até hoje tido como autêntico por muitos autores, foi o famoso Homem de Java, também, chamado de Pithecanthropos Erectus (macaco-homem ereto).
Ele foi descoberto, em 1891, pelo holandês Eugène Dubois, em Java. Dubois agregou-se ao exército holandês, e inicialmente foi servir em Sumatra, onde iniciou também suas pesquisas paleontólogas. Nada encontrando em Sumatra que tivesse maior importância científica, ele se transferiu para Java, onde disse ter achado inicialmente uma calota craniana macacóide. No ano seguinte, e a 15 metros de distância do primeiro achado, Dubois disse ter encontrado um fémur humano. mais tarde ainda, ele achou três dentes, dos quais descreveu dois, que eram de macaco. O terceiro dente ele manteve durante longo tempo oculto, e nada disse sobre ele.
A calota craniana achada por Dubois tinha paredes finas e quase não tinha testa, indicando um ângulo facial muito agudo, típico de macacos. As arcadas supra-orbitais eram muito salientes, o que era outra característica macacóide. O cientista holandês calculou que a capacidade craniana deste fóssil teria sido de 900 centímetros cúbicos, bem menor, pois, que a do homem atual, que tem cerca de 1.500 cm cúbicos.
Juntando essa calota craniana macacóide, o fêmur humano e dois dentes de macaco que encontrara, Dubois montou um esqueleto, completando com massa o que faltava. Nasceu assim o Homem de Java, que ele chamou de Pithecanthropos Erectus. Pithé (macaco), por causa da calota craniana macacóide e pelos dois dentes de macaco. Anthropus (homem), por causa do fémur humano. Este fóssil foi então apresentado como sendo o elo intermediário entre o macaco e o homem, que os evolucionistas há tanto tempo desejavam encontrar para comprovar a sua hipótese, tornando-a tese científica demonstrada; um ser com características de macaco e de homem, ao mesmo tempo.
É claro que este procedimento de Dubois era anti-científico, porque não é legítimo juntar fósseis encontrados separados. Nada garantia que o fémur humano, encontrado a 15 metros de distância da calota craniana macacóide tivessem pertencido ao mesmo ser. Se escavarmos num local e encontrarmos um crânio de onça, e, 15 metros mais longe, acharmos um bico de arara, não poderemos concluir que outrora as onças tinham bico de arara.
Dubois descobriu ainda, perto de Wadjak, em Java, e na mesma camada geológica em que achara os fósseis anteriores -- portanto tendo supostamente a mesma idade -- dois crânios humanos com capacidade entre 1550 e 1650 centímetros cúbicos. Entretanto, Dubois guardou-se bem de revelar esta descoberta. Por mais de 30 anos ele a ocultou, porque ela demonstrava a falsidade de seu Pithecanthropos Erectus, que até hoje continua “vivo” e com “boa saúde” nos manuais escolares evolucionistas.
Foi só em 1922, quando uma descoberta parecida feita em Wadjak ia ser anunciada, é que Dubois repentinamente se apressou em revelar ter encontrado em Wadjak os dois crânios humanos. Em 1895, ele exibiu apenas a sua montagem do Pithecanthropos Erectus - um fóssil Frankstein -- no Congresso Internacional de Zoologia de Londres.
Apesar da atroada de triunfo dos evolucionistas -- que são bem hábeis em organizar torcidas e falsas unanimidades --a aceitação do Pithecanthropos não foi universal. Desde o princípio, houve estranheza e alguns cientistas se mostraram cépticos com relação a esse fóssil montado. Estranho-se principalmente que se tivesse juntado a calota craniana macacóide com um fêmur humano encontrado a 15 metros de distância uma do outro.
Interrogou-se Dubois a respeito do terceiro dente que ele - incompreensivelmente mantinha oculto. Afinal, Dubois teve que revelar que esse terceiro dente era humano. Na mesma boca, o Pithecanthropos teria tido dentes de macaco e de homem. Era uma conjunção estranha para um ser em evolução que deveria ter dentes semi-macacóides e semi-humanos, e não dentes de macaco e de homem, ao mesmo tempo... Era muita confusão para uma boca só.
A revelação de 1922 feita por Dubois de que, na mesma camada geológica de seus primeiros achados, encontrara também dois crânios humanos, provava que já existiam seres humanos no tempo em que vivera o dono da calota macacóide do “Pithecanthropos Erectus. logo este último não era antepassado do homem. O próprio Dubois acabou confessando, pouco antes de falecer, que a calota craniana que encontrara em Java era a de um gibão gigante. Assim, o Homem de Java faleceu antes que seu descobridor e mondador.
Von Koenigswald, famoso paleontólogo alemão, estudando os dentes encontrados por Dubois, chegou à conclusão que eram dois molares de orangotango, e que o terceiro dente - um pré-molar - era humano! Apesar disto, esses dentes continuam unidos com massa à famosa calota macacóide do Homem de Java, e continuam dando fraudulentas mordidas evolucionistas e materialistas no criacionismo.
O mesmo Von Koenigswald, pesquisando em Java, no local denominado Sapiran, nos anos que precederam a segunda guerra mundial (1936-1939), encontrou novos fósseis semelhantes aos que haviam sido achados por Dubois, e os chamou de Pithecanthropos II, III, e IV.
Marcelin Boule -- uma das mais altas autoridades em morfologia fóssil e adepto do evolucionismo -- classificou os fósseis de Sapiran como sendo do mesmo tipo que o Pithecanthropos de Dubois: eram símios (Cfr. Gish, op. cit. p. 182).
Boule e Vallois mostraram que, nos fósseis achados por Von Koenigswald, o pré-molar e os molares estavam colocados em linha reta, dando ao palato a forma de U, tipicamente simiesca, enquanto que, no homem, o palato apresenta um formato semelhante ao de uma ferradura.
Assim, o famoso Pithecanthropus era realmente um Pithé. isto é, era realmente um macaco, mas não era anthropus, isto é, não era homem.
Apesar das omissões maliciosas e fraudulentas de Dubois, apesar de suas confissões desmoralizantes, o fóssil que ele montou é mantido ainda hoje Erectus pela “teimosia” pouco sincera e nada científica do Evolucionismo. Também na História da Evolução fica comprovada a verdade recomendada por Voltaire a seus discípulos, para combater a Igreja: “Menti, menti sempre. Alguma coisa ficará...”
b) O “Homem” de Piltdown
A segunda grande fraude praticada pelos evolucionistas para fazer passar como verdade que o homem teve origem animal foi o famoso Homem de Piltdown (Eanthropos Dawsoni), encontrado por Charles Dawson, na primeira década do século XX.
Em 1908, um operário encontrou, em Piltdown, fragmentos de um crânio humano fossilizado, e contou sua descoberta ao médico Charles Dawson, que era também paleontólogo por amadorismo.
Foi nesse ano também que o futuro célebre jesuíta, Pierre Teilhard de Chardin - então simples seminarista -- foi encaminhado ao seminário de Ore Place, Hastings, perto de Piltdown. Teilhard estudara no seminário jesuíta de Lyon, onde conhecera e fora influenciado pelo pensamento do Padre Rousselot, cujas afinidades doutrinárias com o Modernismo o levaram a ser condenado em 1920. Nesse mesmo seminário de Lyon, Teilhard conheceu e se tornou amigo do Padre Auguste Valensin, discípulo de Maurice Blondel. Também o Padre Valensin esteve implicado no Modernismo. Teilhard chamava o Padre Valensin de “Pai espiritual”, e dizia que fora ele quem o ensinara a pensar. Foi Valensin quem levou Teilhard a corresponder-se com Blondel, um dos líderes do Modernismo, embora jamais tivesse sido condenado pela Igreja.
O Modernismo é uma heresia que tem exatamente o evolucionismo metafísico como fundamento de todo o seu sistema herético. Teilhard de Chardin foi o teólogo -- se se o pode chamar sua Gnose de Teologia -- que fez a ligação entre o Modernismo gnóstico e o evolucionismo Darwinista.
Chegando à Inglaterra, Teilhard conheceu logo Dawson. Consta que eles foram apresentados em 31 de maio de 1909, tornando-se imediatamente amigos pessoais e colaboradores nas pesquisas paleontológicas de campo. Juntos fizeram escavações em Piltdown. Exatamente foi durante uma escavação que faziam juntos, certo dia, em Piltdown, que Dawson teria achado a famosa mandíbula macacóide do “Homem de Piltdown”. (Cfr. Stephen Jay Gould, “Piltdown Revisitado”, in “O polegar do Panda”, p. 96). Essa mandíbula cuja descoberta foi atribuída a Dawson, havia dois dentes molares macacóides, mas cujo desgaste era tipicamente humano, e como jamais se desgastam os dentes de macaco. E Teilhard escavava já com Dawson...
Nessa mandíbula, muito bem conservada, faltava exatamente o côndilo, isto é, a protuberância óssea pela qual a mandíbula se encaixa no crânio. É pelo encaixe perfeito realizado através do côndilo com o crânio que se comprova que um maxilar pertence, de fato, a determinado crânio. Mas... “como se fosse de propósito, faltava o côndilo”, iria escrever, anos depois, o Padre Teilhard de Chardin...(Cfr. S. Jay Gould,” A conjuração de Piltdown, in “A Galinha e seus dentes”, p. 218).
“Como se fosse de propósito”... à mandíbula -- encontrada por Dawson, quando escavava junto com Teilhard -- faltava o côndilo...
Dawson juntou então os fragmentos encontrados do crânio humano e o maxilar macacóide, para montar assim -- Afinal!!! -- a prova de que o homem descendia do macaco, fazendo -- Afinal!!! -- a demonstração científica de que a teoria de Darwin era verdadeira.
Teilhard teria ainda descoberto, em Piltdown, alguns fósseis de mamíferos (um osso de rinoceronte e um dente de elefante) que ajudariam a comprovar a datação dos fósseis encontrados.
Dawson levou então todo o material encontrado para Smith Woodward, Conservador do Departamento de Geologia do Museu Britânico (História Natural). Em 1912, Woodward e Dawson apresentaram os fósseis, na Sociedade Geológica de Londres.
No ano seguinte - 1913 - Teilhard de Chardin, de novo escava juntamente com Dawson em Piltdown, encontrou um dente canino inferior. Era um dente simiesco, porém, como os molares do maxilar achado anteriormente, esse canino também apresentava um desgaste típico de dente humano.
Em 1914, começou a primeira guerra mundial, e Teilhard foi convocado para servir no exército francês. Durante os quatro anos que durou a guerra, ele atuou como padioleiro, no fronte.
Enquanto isso, Dawson escavava em outro local (Piltdown 2) que tinha as mesmas características geológicas de Piltdown 1, onde haviam sido achados os primeiros fósseis. No local 2 de Piltdown, Dawson encontrou dois outros fragmentos de crânio humano esparsos, e um dente simiesco, também gasto, à maneira humana.
Os novos achados eram tão providencialmente complementares dos primeiros fósseis encontrados em Piltdown que H. Fairfield Osborn, o principal paleontólogo americano daquele tempo, declarou:
“Se há uma Providência pairando sobre os assuntos do homem pré-histórico, ela certamente manifestou-se nesse caso, porque os três segmentos do segundo Homem de Piltdown encontrados por Dawson são exatamente aqueles que teríamos selecionado para confirmar a comparação com o tipo original” (S. Jay Gould, “Piltdown Revisitado” in “ O Polegar do Panda”, p. 97).
Mas que coincidência feliz! Realmente, muita sorte a de quem faz escavações com um Padre, especialmente se é o Padre Teilhard de Chardin!...
Desde a descoberta dos fósseis até a década de 50, o Homem de Piltdown foi trombeteado nas cátedras universitárias, nas conferências de intelectuais famosos, na mídia, e até nos púlpitos, como sendo A prova de que Darwin tinha razão: o homem era de fato filho de macaco e não filho de Deus.
Padre Teilhard de Cardin
Em 1949, Kenneth P. Oakley aplicou o teste de fluoração -- usado para a datação de fósseis -- às várias peças achadas em Piltdown. E oh surpresa! As peças tinham um teor de fluor muito baixo, o que indicava que haviam estado pouco tempo na terra.
Quatro anos depois -- em 1953 -- o mesmo Oakley, tendo a cooperação de J. Weiner e de W. E. Le Gros Clark, comprovou que o crânio de Piltdown e a mandíbula a ele atribuída tinham idades diferentes. A mandíbula era a de um orangotango e era muito mais velha que o crânio que era de um homem moderno.
Era uma descoberta de cair o queixo!
Examinando-se os fósseis mais atentamente, viu-se claramente que eles haviam sido “trabalhados”... Tanto o crânio quanto a mandíbula haviam sido tingidos. Os dentes, por sua vez, haviam sido limados e raspados para darem a impressão do desgaste típico dos dentes humanos. Por fim, comprovou-se que os fósseis de mamíferos (o osso de rinoceronte e o dente de elefante) encontrados pelo Padre Teilhard em Piltdown, haviam sido trazidos de outros locais.
Tudo não era senão uma imensa fraude!
A perfeição e os cuidados para enganar indicavam que o falsificador era um especialista e não um simples amador, como Dawson...
A culpa pela fraude foi lançada toda ela sobre Dawson, poupando-se o Padre Teilhard de Chardin. Padre não poderia ser falsificador.
Recentemente, porém, Stephen Jay Gould, deixando o “clericalismo” de lado, ousou levantar para si mesmo a pergunta se o Padre Teilhard era inocente nessa fraude gigantesca. Fez longas pesquisas que deram origem a um ensaio intitulado “A Conjuração de Piltdown”, editado em seu livro “A Galinha e seus Dentes” (pp. 201 a 220). Da pesquisa e do ensaio, o Padre Teilhard sai como inteiramente culpado. Jay Gould conclui que foi Teilhard o principal responsável pela fraude. Principal, mas não o único, pois se houve “conjuração”, necessariamente ela implica em vários culpados.
Descoberta e revelada a fraude, ainda em 1953, Oakley escreveu ao Padre Teilhard de Chardin perguntando-lhe a respeito de seu trabalho com Dawson, em Piltdown.
Teilhard respondeu recusando admitir que Dawson e Smith Woodward pudessem estar implicados na fraude. (Quem então seria o culpado?)
Na mesma carta, porém, pouco depois de escusar Dawson e Woodward, Teilhard cometeu um erro fatal que revelou quem era o verdadeiro culpado pela fraude. Na carta a Oakley, Teilhard diz que, em 1913 Dawson o levara ao local 2 de Piltdown onde haviam sido achados o molar isolado e restos do crânio. Ora, Dawson só teria feito essa descoberta em 1915, e não em 1913. Teilhard jamais poderia ter sido levado por Dawson ao local em 1913, pois então aquelas descobertas não tinham sido ainda feitas. Elas o foram em 1915. E neste ano de 1915 Teilhard não teria ido a Piltdown, pois desde 1914 servia no fronte francês, onde ficaria até 1918, no final da primeira guerra mundial. Teilhard mentira.
Jay Gould, tendo feito a constatação de que o Padre Teilhard mentira, foi pesquisar toda a sua correspondência -- primeiro editada, depois nos manuscritos originais -- procurando tudo o que ele escreveu sobre a descoberta de Piltdown.
Nova surpresa!
Jay Gould constatou que na própria edição das obras de Teilhard haviam sido eliminados todos os trechos sobre o Homem de Piltdown que existiam nos manuscritos originais. Havia sido feita uma censura meticulosa dos originais, para que nas obras editadas nada aparecesse que pudesse implicar o Padre Teilhard na fraude!
Stephen Jay Gould é americano e imaginou que o motivo que levou Teilhard a montar a fraude de Piltdown teria sido apenas o de se divertir com Dawson. Teria sido, inicialmente, apenas uma brincadeira do Padre com Dawson. Este, porém, muito ingenuamente acreditou de fato que fizera uma grande descoberta e fez Woodward aceitá-la. Quando os dois publicaram a descoberta do Homem de Piltdown, teria ficado muito difícil para Teilhard desfazer a “brincadeira”... O retorno ficou impossível e o mundo científico aceitou a fraude.
O que parece, na verdade, brincadeira é essa hipótese de Jay Gould. Basta conhecer um tanto que seja a doutrina modernista, defendida por Teilhard, basta conhecer, um tanto que seja, os métodos e trapaças modernistas, para compreender que a fraude teve causa bem mais séria do que uma simples brincadeira.
Desvendada a fraude, era de esperar que se deixasse de citar imediatamente o Homem de Piltdown como prova da evolução do macaco para o homem. Assim não foi, e, durante muito tempo ainda, foi possível encontrar manuais que ensinava, aos estudantes que o Homem de Piltdown provava que o homem vinha do macaco e que Darwin tinha razão.
c) O “Homem” de Nebraska
Este é um fóssil pouco conhecido, mas que teve, a seu tempo, repercussão nos Estados Unidos, onde foi encontrado. Em Nebraska, em 1922, foi descoberto um dente. Examinado por Henry Fairfield Osborn e outros, ele foi declarado como sendo de um ser que combinaria as notas características do chimpanzé, do Pithecanthropos e do homem. Era uma mistura extraordinária. Chamaram a este suposto cock-tail paleontológico de “Hesperopitheus Haroldcookii”, ou mais simplesmente, “Nebraska Man”.
Ele teve vida e fama científica muito curta. Cinco anos depois da descoberta, melhores análises tendo sido realizadas, ficou provado que o “Nebraska Man” não era de modo algum um ser intermediário entre o macaco e o homem. Era simplesmente um fóssil de uma espécie de porco! (Cfr. D. T. Gish, op. cit. pp. 187-188).
d) O “Homem” de Pequim
Um quarto fóssil, que até hoje é considerado autêntico, embora tenha uma história quase tão misteriosa e rocambolesca quanto o Homem de Piltdown -- inclusive também com a presença da suspeitíssima figura do jesuíta Teilhard de Chardin -- é o “Sinanthropus Pekinensis” ou Homem de Pequim.
Sua história bem complicada começa em 1921, quando dois molares foram encontrados, provenientes de Chou-Kou-Tien, uma aldeia perto de Pequim. Seis anos depois - 1927 - um terceiro molar foi dado ao Dr. Davidson Black. Foram estes três dentes que permitiram começar a falar-se do Homem de Pequim. As escavações no local ficaram entregues à direção do paleontólogo chinês Dr. W. C. Pei, que, em 1928, encontrou no mesmo local fragmentos de crânios e de maxilares inferiores. Black fez dessas peças uma descrição que as dizia mais semelhantes a fósseis de macacos do que de seres humanos.
A partir de 1929, o Padre Teilhard de Chardin -- o mesmo que é acusado de forjar a fraude de Piltdown -- passou a participar das pesquisas em Chou-Kou-Tien, na qualidade de conselheiro geológico...
Por coincidência, foi em 1929 também, que o Dr. Pei revelou a descoberta de um crânio bem conservado e semelhante ao do Homem de Java. Junto com os fósseis citados foram encontrados também muitos fósseis de diversos tipos de animal.
Três outros crânios foram achados em 1936, quando as pesquisas, desde 1934, ano da morte do Dr. Black, estavam a cargo do cientista americano, mas de origem alemã, Franz Weidenreich. Um desses três crânios foi examinado pelo famoso especialista em fósseis Marcellin Boule, no próprio local do achado, que o disse muito semelhante ao Pithecanthropos de Java. Boule escreveu: “Na totalidade, a estrutura do Sinanthropus é ainda muito parecida com a de um macaco” (Cfr. D.T. Gish, op. cit. p. 192).
Quanto à capacidade craniana desses fósseis, calculou-se que estavam entre 900 e 1200 centímetros cúbicos, isto é, entre a capacidade craniana do macaco e do homem atual. Também os maxilares inferiores, assim como os dentes, foram descritos como sendo parecidos com os de macacos, embora a arcada dental superior fosse em forma de ferradura mais do que em U, como é típica dos macacos.
As características dos fósseis de Pequim, sendo muito próximas das do Pithecanthropus de Java, Boule e Vallois deram-lhe o nome de Pithecanthropus Pekinensis, portanto, muito mais parecido com macaco do que com ser humano. Neste sentido, Boule e Vallois criticaram o Dr. Black por ter denominado o fóssil de Chou-Kou-Tien de Sinanthropus, isto é, Homem da China, quando tinha por base, nesse tempo, apenas dentes, quando seria necessário nomeá-lo apenas quando se tivesse o crânio.
Dos fósseis originais, o Dr. Weidenreich fez tirar um modelo de massa.
Ao começar a guerra chino-japonesa, os ossos teriam sido mandados para os Estado Unidos, e... despareceram. Deles tem-se apenas os modelos de massa feito por Weidenreich, os quais não são fiáveis, pois nem foram tiradas fotos dos fósseis que desapareceram.
O que aumenta ainda mais a suspeita a respeito desses modelos de massa é que, as primeiras descrições feitas deles por Black, e, depois, por Boule e Vallois, diziam que eles se pareciam mais com macacos do que com homens, enquanto que o aspecto dos modelos é inteiramente humano. Os modelos de massa não parecem ter reproduzido fielmente os fósseis originais, mas sim a concepção, as idéias, e o desejo de Weidenreich.
Onde foram parar os fósseis originais? Como desapareceram? Mistério...
A Ciência e o mundo tem hoje que acreditar na fidelidade dos modelos de Weidenreich sem ter os originais para comparação. O Sinanthropus passou a exigir um ato de fé!...
Não só o desaparecimento dos fósseis era um mistério, mas a divergência entre as descrições deles e a aparência atual dos modelos de massa levantam suspeitas muito justificadas. Além disto tudo, havia uma porção de problemas colaterais não resolvidos. Por exemplo, por que só se encontraram crânios, e nenhum osso longo, como os fêmures?
Com efeito, os crânios encontrados em Chou-Kou-Tien -- Todos! E eram quase quarenta! -- tinham um furo no occipital, indicando que haviam sofrido morte violenta. Ora, nas mesmas camadas geológicas, haviam sido achados instrumentos e armas de pedra, assim como sinais de fogueiras (Cfr. H. Brodrick, El hombre pré-histórico, Fondo de Cultura Economica, 1955, apud Atanásio Aubertin, Evolução da espécies, apriorismo e confissões gnósticas, artigo, 1962). Evidentemente, eram provas de que já existiam então homens.
Todos os que estudaram o caso - até mesmo Weidenreich - consideram que os fósseis de Pequim são de seres que haviam sido caçados.
Com muita propriedade perguntaram Boule e Vallois:
“Como explicar a quase completa ausência de ossos longos e esta espécie de seleção de partes ósseas, todas pertencendo ao crânio, e nas quais predominavam os maxilares inferiores? Weidenreich acreditava que estas partes selecionadas não chegaram à caverna [onde foram achadas] por meios naturais, mas que deviam ter sido levadas para lá por caçadores que atacavam principalmente indivíduos jovens, e escolhiam, de preferência, como espólios ou troféus, cabeças ou partes delas. Em si, esta explicação é plausível. Mas o problema é quem era então o caçador?” (Cfr. D. T. Gish, op. cit. p. 195).
Para Weidenreich, o caçador teria sido o próprio Sinanthropus! Ele teria sido, ao mesmo tempo, a caça e o caçador! Boule e Vallois, de modo mais plausível, afirmaram:
“O caçador era um verdadeiro homem” (Cfr. Gish op. cit. p. 196)
O problema ficaria resolvido se existissem nas mesmas camadas fósseis humanos verdadeiros. Ora, depois de muitas tergiversações, o Padre Teilhard confessou que, de fato, nas mesmas camadas em que foi achado o Sinanthropus, foram encontrados também fósseis humanos. Logo, o Sinanthropus não foi um antepassado do Homem, já que já havia homens seus contemporâneos.
O Padre Patrick O’Connell que estava na China no tempo da descoberta dos fósseis de Chou-Kou-Tien, em seu livro Science of Today and the Problems of Genesis, afirmou acreditar que o Dr. Pei destruiu fósseis originais antes que o governo chinês retornasse a Pequim, a fim de ocultar que os modelos feitos por Weidenreich não eram cópias fiéis dos fósseis. O’Connell salientou que muito pouco destaque se tem dado ao fato de que os fósseis de 10 homens modernos haviam sido achados no mesmo sítio de Chou-Kou-Tien, e que estes homens estavam relacionadas com os instrumentos de pedra numerosos encontrados nesse local. Conforme O‘Connell, o Sinanthropus é uma fraude.
e) A mandíbula infantil de Ehringsdorf
Este fóssil foi descoberto em 1916, em camadas do Paleolítico médio, e era da raça de Neanderthal. Era, portanto, um fóssil humano. O que nele causou muito interesse foi o fato de que, embora sendo humano apresentava uma característica dentária macacóide. Nesse fóssil neanderthalense, o dente molar era de raiz, enquanto o segundo pré-molar ainda era de leite. Ora, isto só acontece com a dentição dos macacos, e desde 1939 se provara que a dentição dos neanderthalenses era igual à dentição humana.
Os cientistas americanos K. Koski e S. M. Garnno demonstraram que esse molar era postiço. Haviam arrancado um molar de leite do fóssil de Ehringsdorf, e incrustado no seu lugar um molar de raiz.
Mais tarde, o paleontólogo francês Pierre Legoux, em comunicado à Academia de Ciências de Paris, demonstrou que toda a mandíbula era fraudulenta, tendo sido montada e apresentando flagrantes contradições entre as suas partes. (Cfr.Pierre Legoux,Comptes rendus de lÁcadémie de Sciences, tomo 252, p. 1821, ano de 1961, apud Atanásio Aubertin, art. cit.).