(Estratigrafia, parte da geologia que estuda as camadas da crosta terrestre a fim de estabelecer a ordem normal de superposição e a idade relativa dos estratos – Dicionário KLS)
Cortando a Terra de alto a baixo como se de um bolo de quilómetros se tratasse, teríamos o que a imagem descreve.
É pois um “bolo” de camadas rochosas de 1500 a 2 000 metros, no Colorado, aparece com diferentes cores e estruturas claramente diferenciadas como pode ser observado à vista desarmada.
1- O principio da sobreposição.
É evidente para todos, admitindo a ausência de grandes convulsões orogénicas que as camadas mais próximas da superfície foram colocadas umas sobre as outras. As camadas mais recentes repousam sobre camadas mais antigas. Tal é o primeiro princípio, indiscutível, da estratigrafia: o principio da sobreposição.
Deve-se chamar a atenção: a estratigrafia não nos ensina nada da duração dos depósitos nem dos intervalos de tempo que tenham separado dois depósitos consecutivos. Se em bom rigor se pudesse afirmar que uma camada situada por baixo da outra lhe é posterior…mas de quanto tempo?
2- A escala estratigráfica comparativa.
No exemplo do Grande Canyon, pode-se comparar os sedimentos depositados uns sobre os outros num mesmo lugar. Por outro lado, deve-se ter em atenção que certas “épocas” geológicas não são reapresentadas. Ora a Biologia tem necessidade, para classificar as rochas numa ordem cronológica válida, de elaborar uma série completa, permitindo catalogar a uma única escala estratigráfica as rochas encontradas em todos os lugares.
Constituiu-se em abstracto uma escala estratigráfica, que nunca foi realizada em concreto na Natureza. Trabalhou-se por comparação diferentes tipos de sedimentos depositados aqui e ali. Mas nem em todos os lugares o cambriano (diz-se do, ou o primeiro período da era primária e o conjunto de terrenos e fósseis dessa época) se segue o ordoviciano (diz-se do segundo período, o segundo período da era primária, entre o cambriano e o siluriano), o siluriano e assim por diante até chegar ao crestáceo. Mas em certos lugares ao cambriano segue-se o siluriano.
O que leva a concluir que a noção de duração de tempo não é o mesmo. De facto é possível que em diferentes lugares, diferentes camadas de carácter morfológico semelhantes na deposição, foi feita em épocas diferentes. Pode perfeitamente deduzir-se, que em dois lugares relativamente afastados, duas camadas diferentes tenham tido lugar ao mesmo tempo. Descobertas confirmam o que acabamos de dizer e isto é do conhecimento público.
Por outras palavras, é possível que caracteres morfológicos idênticos não se expliquem necessariamente por idades contemporâneas de depósito. E nestes casos também é possível deduzir-se que se trata de condições idênticas (condições geográficas, identificadas as origens, etc.).
3- O período da continuidade.
As nossas observações encontram-se apoiadas pelo facto de em numerosos casos não se ter hesitado a classificar em épocas diferentes camadas geológicas apresentando exactamente o mesmo carácter morfológico. No entanto, o segundo princípio fundamental da estratigrafia, o princípio da continuidade, exige que duas rochas tendo os mesmos caracteres litológicos sejam consideradas como contemporâneas. Melhor ainda, acontece que uma e mesma camada geológica, tendo a sua continuidade idêntica na mesma região não seja datada da mesma época.
Isto acontece com os calcários dos Alpes, nas Montanhas de Sabóia, Pirenéus e em Portugal. “Vê-se portanto que o princípio da continuidade só tem valor se for admitido as variações litológicos e que a intervenção da paleontologia estratificada é nestes casos indispensável.” L. Moret, Précis de géologie, Paris, 1967, p. 347
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