sexta-feira, 23 de maio de 2008

O INSTINTO E O LAR

Vivemos num mundo onde impera, como na Selva, a lei do mais forte. Na selva verifica-se, por exemplo, que há uma hierarquia, a perdiz submete-se à raposa, a gazela submete-se ao tigre, o leopardo respeita o leão. O leão é o rei. Todos os animais da selva o admitem até o rinoceronte ou o elefante apesar do seu peso e força.

Também na sociedade, existe uma lei. Se abrirmos um livro de História verificamos que a maior parte dos conflitos que existiram aconteceram porque o mais fraco não se submeteu ao mais forte. Por esta razão mais de três biliões de vida humanas já foram ceifadas em guerras. Isto acontece ainda no nosso século, é demasiado evidente, que dois ou três países governam o mundo e todos os outros se devem alinhar atrás destes para não serem alvo de represálias, que poderiam ir desde alguma repreensão perante todas as nações ou a não receberem ajudas económicas, ou eventualmente a serem castigados com umas bombas para entrarem na ordem.
Um grande especialista da economia de nome Pareto, italiano, diz que o equilíbrio, se deve a duas forças antagónicas: o mais poder e o menos poder. É nestas forças antagónicas que se encontra o equilíbrio das relações. Não se trata de uma harmonia, mas de interesses contrários e diferentes, em que para coexistirem tem que haver ameaça. Foi assim que se viveu na chamada Guerra-fria.
Porque cada um tem o seu ponto de vista e o mais forte impõe a sua opinião aos outros, chamada a persuasão do domínio. A experiência e a história confirmam, desde sempre, a presença na sociedade de forças rivais e dominadoras.
Estas forças não são só políticas, são de ordens diferentes: opiniões, interesses, autoridade, doutrinas. Sabe-se hoje que 80% dos problemas familiares, conjugais têm na base o jogo de forças e de conflitos em que cada um quer impor a sua opinião ao outro e porque não conseguem gerir as diferenças 2 em 3 casamentos acabam no divórcio.
Há dois séculos uma força emergiu na sociedade. A chamada Ciência, tornou-se admirada, mas no fundo a Ciência pretendia o primeiro lugar no pensamento e no coração dos homens. As descobertas foram inúmeras e os benefícios sem limite. Conquistou a terra e o espaço. A Ciência desejava agora não só beneficiar, mas queria o reconhecimento, poder e até um certo culto. O culto da Ciência!
Assim procurou destronar Deus do Seu Trono de Criador e colocar-se no lugar de Deus. Na verdade uma enorme multidão que enche a Terra presta-lhe culto e ignora Deus.
Entre os pretextos imaginados por figuras que têm protagonismo no mundo de hoje, vigora o argumento de que os crentes vivem uma fé irracional e artificial, que a moral de hoje não se pode compadecer com certos prazeres que a natureza humana exige e que estão facilmente disponíveis.
Impulsionados por vozes que se colocam como sacerdotes do saber, do conhecimento do bem e do mal, agimos com frequência contra a nossa própria consciência. Mas depois na solidão, deitados na nossa cama, sentimo-nos agoniados connosco próprios. A consciência reprova-nos e sentimos que ela tem razão! Mas no outro dia e de novo encontramos aqueles que são os mestres do nosso comportamento, eles estão por toda a parte, no trabalho, na escola, mas especialmente na Televisão: Nas Telenovelas e nos filmes, os que nós admiramos são os actores principais, eles amam, e adulteram, choram e mentem, casam-se e divorciam-se, roubam e matam e são admirados por isso!
E numa contínua luta para o esqueci os seus desgostos e sofrimentos, riem-se, bebem álcool, ou acalmam os nervos, envenenado-se com tabaco, ou drogas. Depois para manterem a adrenalina, para que o corpo não cai casado, exausto por um poder que ele recusa é mantido desperto com grandes doses de café e adormece-se finalmente adormece-se graças a grandes quantidades de comprimidos.
Outros, que se presumem intelectuais, argumentam com vã superioridade que a crença em Deus só pode achar cabimento em mentes pouco dotadas ou escassamente cultas. Chamam credulidade à fé, sem reparar em que os seus próprios credos são muitos e, com frequência sem fundamento. O natural, é a fé; e o ateísmo – se realmente existe – é uma posição artificial, cultivada por aqueles que julgam conveniente, negar a Deus.
Para os estudiosos torna-se difícil acreditar neste pequeno texto da Bíblia:“No princípio criou Deus os céus e a terra.” Génesis 1:1.
Para refutar este texto têm-se substituído, incessantemente, especulações uma por outras, baseadas todas em imaginadas evoluções que - segundo afirmam – podem ter ocorrido no nosso planeta através de milhões de anos!
Em que se baseava, por exemplo, o professor que, indicando num diagrama a figura de um globo situado no centro de um espesso anel explicava aos alunos que aquilo ilustrava a formação do sistema solar: que a esfera do centro representava o sol, o qual se formou ao condensar-se uma parte de uma massa incandescente; que o resto da dita massa formou aquele anel, o qual, uma vez fragmentado, deu origem aos planetas que continuaram a dar voltas em torno da parte central convertida em sol?
Alguém dirá que este exemplo da teoria de Laplace é demasiado antigo; mas esta velharia, como todas as outras invenções modernas, pressupõe uma matéria cósmica original. E agora cabe-nos perguntar: E qual é a fonte dessa matéria básica se ninguém a criou?
Ninguém descreveu como o Apóstolo São Paulo os esforços a que os homens se votariam para tentar negar a Deus:“Tendo conhecido a Deus, não O glorificaram como Deus...antes, em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu; dizendo-se sábios, tornaram-se loucos.” Romanos 1:21-22.
As idéia mais estranhas têm feito caminho e entram nas Escolas Primárias, Liceus e Universidades. O astrónomo francês Emile Béliot, por exemplo, sugeriu que o nosso sistema se deve ao choque de duas galáxias. Diz que uma delas, ao penetrar na outra, criou uma espécie de vórtice semelhante ao que se forma, quando a água sai por um tubo estreito. A vibração produzida partiu-a e deu origem aos planetas.
Alguns teóricos ingleses, baseados em que, quase metade das estrelas são binárias ou duplas, afirmam que o nosso sol foi, primeiramente, uma estrela dupla. A sua companheira, tendo-se aquecido excessivamente, rompeu a camada exterior e lançou para o espaço uma nuvem gigantesca de gases que rodeiam o nosso sol actual. À medida que esses restos se foram solidificando, formaram-se os planetas como os seus satélites.
Teorias igualmente fantásticas – às quais se pode aplicar com toda a propriedade a designação do Apóstolo Paulo de “falsamente chamada ciência” (Iª Timóteo 6:20), existem também, acerca da origem das rochas, da formação das montanhas, do começo dos mares, do aparecimento do homem, muitas destas hipóteses até parece impossível como são inventadas. Enchem no entanto os escaparates das livrarias e formam os livros de textos oficialmente aprovados para o ensino público.
A esses produtos da imaginação, às vêzes sem pés nem cabeça, é costume dar-se o título de ciência. Será possível que os que dizem que é simplicidade dar crédito às Sagradas Escrituras porque estas afirmam que “no principio Deus criou os céus e a terra” insistam em que é a razão que os impede de acreditar no relato bíblico?
A verdade é que para aceitar a existência de Deus, facto que tais teorias procuram negar, em sequer necessitamos de recorrer à fé. É tão evidente a existência de Deus, porquanto as provas do Seu poder criador nos rodeiam por toda a parte. A única coisa necessária é aceitar a sugestão do profeta Isaías:“Levantai ao alto os vossos olhos, e vêde quem criou estas coisas.” Isaías 40:26.
Ao contemplar a precisão matemática com que firam os sóis e os mundos no espaço, que nos permite prognosticar com exactidão os eclipses, as posições dos astros e a passagem dos cometas, devíamos, sim, exclamar com o Salmista:“Os céus manifestam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos.” Salmo 19:1.
Assim fez o astrónomo Aléxis Bouvard, porque devemos dizer, muitos cientistas tornam-se crentes, ou ainda mais crentes ao estudar o Universo. E não hesitam em dar testemunho da sua fé.
Alguns exemplos:
Isaac Newton (1642-1727). Desenvolveu teorias sobre a natureza da luz e da gravitação universal, e teve parte na invenção do cálculo. Newton cria que o Universo exigia um Criador inteligente, e que o Universo é governado por leis naturais instituídas por Deus e preservadas por actos sobrenaturais da providência do Eterno. Era um profundo conhecedor das Sagradas Escrituras, e deleitava-se tanto em conhecer a vontade de Deus revelada na Bíblia como conhecer o Universo de Deus.
Michael Faraday (1791-1867). Refuta de modo claro a opinião de que um cientista deve ser avesso à religião revelada. Faraday foi um cientista de vanguarda da sua geração. Inventou o motor e o transformador eléctrico, descobriu a indução electromagnética. Mas acima de tudo era um cristão devoto. Aceitava a Bíblia como base de toda a conduta e da organização eclesiástica.
Louis Pasteur (1822-1895). Francês, lançou os alicerces da teoria de que os germes causam doenças e da vacina de prevenção. Ele é bem conhecido pela técnica de pasteurização que leva o seu nome. As suas experiências ajudaram a refutar a ideia de que a vida pudesse vir do não-vivo.
James Irwin organizou a fundação evangélica High Flight um anos depois de ter andado na Lua. Mais tarde liderou uma expedição ao Monte Ararate. Se tivesse podido dialogar com Deus na Lua, teria perguntado: “Senhor, é correcto virmos visitar este lugar?”. Irwin pensa que Deus teria respondido: “É correcto desde que a Mim seja dada toda a honra.”
Henry Schaefer, químico na Universidade de Geórgia, já foi nomeado cinco vezes para o prémio Nobel e foi mencionado recentemente como o terceiro químico mais citado no mundo. A revista U.S. News & World Report (23-12-1991) cita-o dizendo: “O significado e a alegria em minha ciência vêm naqueles raros momentos em que descubro algo de novo e digo a mim próprio: ´Pois é assim que Deus o fez´. O meu alvo é compreender uma pequena partícula do plano de Deus.”
A descoberta de Neptuno a 23 de Setembro de 1846, é um caso de fé Naquele que desenhou e executou este gigantesco mecanismo de precisão que é o Universo. Quando depois de 20 anos de cálculos minuciosos os astrónomo Aléxis Bouvard não pôde explicar as anomalias de Urano, dois jovens descobriram um novo planeta, como diz o monumento erigido ao mais feliz dos dois, “com a ponta da sua pena”.
Em 1845, John Couch Adams, um estudante inglês, enviou ao director do Observatório de Greenwich os seus cálculos da posição de um novo planeta que supunha ser a causa das perturbações de Urano e pediu-lhe que procurasse localizá-lo com o seu poderoso telescópio. Mas o velho director do Observatório Real, não deu importância ao pedido e colocou de lado a carta e o mapa do céu enviados pelo jovem.
O jovem astrónomo enviou, também, os seus cálculos ao grande observatório de Berlim, que naquela altura possuía os melhores mapas astronómicos. O director encarregou um dos seus assistentes, Johann de Galle, de procurar a direcção indicada. Na segunda noite, a 23 de Setembro de 1846, Galle reconhecia um astro que não figurava, ainda, nos seus mapas, o planeta que, sem o verem, contudo, por meio das matemáticas, tinha sido descoberto. Foi chamado Neptuno. A precisão da mecânica celeste permitiu fazer este prodigioso descobrimento a quem tinha fé na sua exactidão.
É isto a ciência. E a ciência verdadeira denuncia a presença da inteligência suprema do grande Arquitecto do Universo, que não foi uma força cega, nem o acaso, mas Deus Omnipotente.Comprovamos essa mesma fidelidade às leis de Deus na natureza, sempre que procuramos observar um eclipse, de acordo com a hora exacta, minutos e segundos, previamente anunciados pelos jornais, pela rádio e televisão. Temos a certeza da sucessão das fases da Lua.
Não duvidamos de que depois do Inverno se segue o Outono, ao depois a Primavera e finalmente o Verão. O agricultor semeia os seus campos com a absoluta segurança de que essa ordem infalível fará germinar os seus grãos e amadurecer as suas colheitas. Que explicação há para a manutenção do Universo?
Assim como o ateísmo não pode explicar a sua origem também não pode dizer como funciona. As Sagradas Escrituras dizem que no “princípio criou Deus os céus e a terra” e que “n´Ele vivemos e nos movemos e existimos.” Actos 17:28.
Por que é que havemos de deslocar do nosso pensamento a ideia de Deus para dar lugar a especulações, às vezes tão estranhas, quando o realmente difícil seria duvidar de que há Deus? Mais de uma vez se tem comparado essa atitude com a do viajante que despeja no deserto a única provisão de água do seu cantil para seguir atrás da miragem que lhe parece mostrar, ao longe, um lago, a que nunca chega. A maior parte dos grandes astrónomos, como Copérnico, Kepler e Newton foram profundamente crentes. Com razão disse o rei David, falando do ateísmo:“Disse o néscio no seu coração: Não há Deus.” Salmo 14:1.
Sempre que a presença de algum fenómeno excitou a curiosidade do homem para lhe conhecer a causa, também lhe espicaçou o espírito de investigação para a encontrar. Como resultado de tais estudo, isolaram-se os germes de várias enfermidades, descobriu-se a função dos órgãos internos do corpo humano e desvendaram-se muitos segredos do mundo natural. Deste modo, a humanidade tem acumulado um precioso manancial de conhecimentos úteis.
Acreditamos que a perfeição da natureza é uma prova de um poder criador a que chamamos Deus. Mas há quem diga que toda essa maravilha surgiu por acaso. Por que não aplicamos, também, neste caso os métodos da Ciência e não nos pomos a investigar para ver se podemos encontrar factos que afastem ou confirmem uma ou outra hipótese?
Mesmo nos seres mais pequenos da natureza, há evidências que abonam a fé em Deus. Pensemos nas maravilhas que se podem observar relativas ao instinto dos animais. Os ateus encontram-se perante desafios como este do livro de Job:“Pergunta agora às alimárias, e...às aves dos céus...ou fala com a terra...até os peixes do mar...Quem não entende, por todas estas coisas que a mão do Senhor fez isto?” Job 12:7-9.
Podemos ser tão indiferentes a factos tão extraordinários como, digamos, aos costumes das abelhas: como não pode haver duas rainhas na mesma colmeia e como o nascimento de uma nova determina um novo enxame? Quem ensinou às obreiras, que apenas vivem por volta de três meses, a fabricar alvéolos hexagonais tão perfeitos? Quem lhes ensinou os hábitos de absoluta higiene?
Pensemos na fascinante organização duma colónia da formiga branca, onde existem funções diferenciadas de rei, rainha, obreiras e soldados. Curiosa é a existência nelas de alguns “animais domésticos”, como certo lagartinho a que uma espécie de formigas brancas ordenha como se fosse uma vaca.Por que é que os animais que nunca viram os pais e consequentemente não foram ensinados nem tiveram nenhum exemplo, procedem exactamente, como os seus antepassados?
Um bom exemplo disto é a migração das aves para procurarem melhor clima noutro hemisfério. Essa migração começa sempre na mesma época, da mesma maneira, à mesma velocidade e na mesma rota.Fiquei muito impressionado com uma reportagem que assisti na Televisão Tf1 (francesa). Um casal de ornitólogos Norte Americanos, Joseph Barret e esposa, foram para o Canadá, uma região no norte, para estudar uma espécie particular de patos gigantes. Esta espécie nidifica normalmente entre 10 e 12 ovos. Habitualmente surgem alguns problemas, o último patinho a quebrar a casca do ovo, normalmente o último ovo que foi posto, quando consegue por fim sair da casca já os seus pais e irmãos partiram para o lago, a água como sabemos é o seu principal ambiente. O mais novo, normalmente na deambulação em procura do lago morre exausto ou comido por outra ave ou animal.

Joseph e a esposa propuseram-se fazer a experiência de recolher estes tresmalhados e estudar até que ponto estes patinhos os adoptariam como pais! Recolheram 12, levaram-nos para a água e nadavam com eles. Á medida que os patinhos cresciam e para os acompanharem no lago fizeram uma canoa, e era impressionante ver que os patinhos nadavam felizes atrás da canoa dos seus pais adoptivos.Chegaram à conclusão que apesar destes patos serem selvagens podiam adoptar seres humanos e tinham uma característica de grande sociabilidade. O problema colocou-se à hora da partida, que fazer com os 12 patos? Esta era uma espécie protegida, não os podiam portanto levar para os Estados Unidos.

Por fim decidiram arriscar, não estavam dispostos a abandonar de forma tão simples os seus “filhos” com quem tinham convivido vários meses. Havia mais que empatia, amor! Preparam umas gaiolas de madeira e colocaram os patos dentro dos dois jipes e partiram, o pior foi quando chegaram à fronteira. Foram obrigados a separarem-se dos seus amados patinhos! Abriram as gaiolas e eles partiram. Tristes entraram nos carros e fizeram-se à estrada. Qual não foi a surpresa quilómetros mais à frente, os doze patos começaram a voar ao lado deles e a olhar para dentro dos carros, como que a dizer: hei, parem porque já vamos cansados e queremos boleia!Pararam e eles imediatamente felizes entraram nas gaiolas. Era lindo vê-los na quinta a seguirem os “pais” em passeio a pé, ou a voar enquanto Joseph e a esposa iam de bicicleta. Podia ver-se os patos entrarem no Supermercado atrás deste casal para fazerem as compras.
O tempo de nidificar chegava para esta espécie. E começava-se a notar uma alteração no seu comportamento. Um dia levantaram voo e sobrevoaram a casa da quinta, no outro dia o voo que levantaram foi mais alto que o anterior e assim sucessivamente. Às vezes pareciam que iam partir definitivamente, mas de repente desciam e tudo voltava á normalidade. Até que um dia, pela manhã, levantaram voo, subiram e subiram e depois desceram, a família Barret, sentia qualquer coisa no coração que desta vez era a despedida definitiva. Assim aconteceu, eles desceram mas rapidamente tomaram altura e partiram para o seu habitat natural, para nesse lugar ao norte do Canadá porem os seus ovos e terem os seus filhos.
Quem colocou este instinto do sentido do lar nos patos do Canadá? Porque razão o ser humano tem esta saudade enorme do Lar? Qual a razão de todos aspirarmos com o Céu? E muitos de nós não fomos educados no texto bíblico que diz: “Não se turbe o vosso coração. Credes em Deus, crede também em mim. na casa de meu Pai há muitas moradas. Se não fosse assim, eu vo-lo teria dito: Vou preparar-vos lugar. E se eu for e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estou estejais vós também.” João 14:1-3.
Qual a razão de sentirmos que o nosso lar não pode ser esta Terra contaminada e poluída? Esta Terra de separação e lágrimas? Porque razão no fundo da nossa alma há tanta saudade do Céu? Só pode haver uma resposta, Deus inscreveu na nossa alma que Lhe pertencemos e que o nosso habitat, a nossa morada é junto d´Ele.
Se não se acredita numa inteligência Criadora, como se explica, então, a anatomia maravilhosa e a fisiologia complexíssima dos diversos órgãos? Esse quilo e meio de substância mole que forma o cérebro humano, por exemplo, não é, porventura, a sede da inteligência, da razão, dos sentimentos e da moral do homem? Não é também, o arquivo estupendo, onde guardamos todas as nossas impressões, recordações, estudos, habilidades? Não residem, ainda, ali, os nossos instintos e conhecimentos, temores e desejos, dúvidas e convicções, ódios e temores? No cerebelo gravam-se, além disso, vozes e ruídos, imprimem-se paisagens, odores, cenas, rostos. Tudo isto nessa pequena massa encefálica!
Como é que se chegaram a aperfeiçoar tanto os 12.000.000.000 de células nervosas que o compõem? Por casualidade, por acidente, uma tremenda evolução de biliões de anos? É essa a resposta, não me satisfaz!
Quem pode pensar num nascimento sem admirar a maravilha da função do sexo? Com é que a união de um óvulo pequeníssimo, com um espermatozóide quase invisível, pode dar origem a um novo ser que possui as características físicas e psicológicas dos seus longínquos antepassados?
Que dizer, também do aparelho circulatório com milhares de milhões de glóbulos vermelhos, verdadeiros veículos flutuantes que repartem oxigénio por todo o organismo, e com o seu sistema de polícias chamados glóbulos brancos que sitiam e destroem as bactérias invasoras?Certa vez dizia São Paulo:“Não me envergonho do Evangelho, pois é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego.” Romanos 1:16.
Não me envergonho, eu também não, aliás tenho uma imensa honra em proclamá-lo porque é o poder de Deus para salvar. Estou certo que muitos dos que estão a ler sentem o mesmo privilégio que eu. É ou não verdade? São Paulo não se envergonhava de ser crente, um seguidor fiel de Jesus de Nazaré, o Único Salvador. Na realidade nem sequer poderia duvidar da existência de Deus. Para isso teria de renegar tudo o que aprendeu da natureza e do que tinha experimentado na sua própria vida cristã...ou então perder a razão!
Não posso ser ateu, enquanto o meu coração, continuar a contrair-se e a relaxar-se ao ritmo incessante de 70 pulsações por minuto com que funciona há mais de 50 anos e que continuará a trabalhar até que, Deus o queira. Louvado seja o Criador e Autor da minha fé!
Assim como os átomos e como os sistemas solares – tão semelhantes, apesar de serem uns infinitamente diminutos e os outros incompreensivelmente imensos – não surgiram por acaso nem funcionam por casualidade, também a vida não é um produto acidental. Tem de provir de um Criador Omnipotente e Omnisciente como o descrevem as Sagradas Escrituras.
Até finais do século XIX ainda se afirmava que a vida provinha da matéria sem germes. As duas únicas explicações da vida eram, então a geração espontãnea ou a criação pela acção directa de Deus. Nenhuma outra explicação ocorria a Haeckel, que disse:“Se se rejeita a hipótese da geração espontãnea, é necessário recorrer ao milagre de uma criação sobrenatural.” Ora Pasteur demonstrou que todo o ser vivo provém de outro ser vivo da mesma espécie.
Porque razão há pessoas que dizem não acreditar em Deus? Porque nunca o viram! – alegam. Mas, afirmam que acreditam na ciência, porque tudo nela se apalpa, se pesa ou se mede. Será realmente assim?
Em que se basearam, em última análise, os maiores avanços das ciências?... digamos, das mais materialistas, como a física, a química, a astronáutica? As ciências costumam basear-se e continuam a sobre-edificar-se na fé que os sábios têm depositado em factos dos quais, com frequência, só tinham conhecimento, por dedução. Por outras palavras, confiavam em realidades, que não passavam de conceitos. Quem é que viu um electrão? Contudo, não há nada mais real para um físico! E conseguiu-se algo de prático de concreto, na base dessa realidade, que nunca se viu!
Todos usamos a electricidade de mil maneiras, todos os dias, a todas as horas. É possível explicar o que é exactamente a electricidade, quando a mesma electrografia que explica os fenómenos do aparecimento, desaparecimento, movimento, etc., das cargas eléctricas, não a define senão com a vaga palavra energia!
Quem já viu um gene? Os especialistas da genética imaginam os genes como partículas ultra-microscópicas que transmitem aos novos seres características dos seus antepassados. Os biólogos e os médicos, contudo, acreditam na existência dessas supostas partículas invisíveis e até baseiam nelas muitas das suas conclusões.
Que há, então, de estranho que os crentes também estejamos seguros da realidade de um Deus invisível, acerca do qual há mais provas do que as que possui a própria Ciência, no que diz respeito a muitos rudimentos nos quais ela se baseia?O conhecimento que temos de Deus é incompleto. E como não havia de ser incompleta a imagem que de um Ser infinito pode formar uma mente tão limitada? Como poderíamos abarcar o eterno com a nossa natureza mortal?
Contudo, o muito que podemos saber de Deus é mais que suficiente para provar a Sua existência. Como? Vejamos.Um dia, na nossa infância, a todos despertou a inteligência, o suficiente para conhecermos que nos encontrávamos rodeados por um mundo cheio de maravilhas naturais. Sentimos que faziamos parte dessa ordem perfeita; descobrimos que o nosso organismo é uma máquina assombrosa e que ao nosso lado há muitos outros seres igualmente complexos; pouco a pouco fomos compreendendo, também, o prodígio da própria inteligência humana.
Mais tarde, aprendemos que a terra, em que vivemos não é mais que uma parte pequena de um sistema astronómico imensamente maior, regido por leis de assombrosa precisão matemática. Soubemos, também, que todo esse sistema solar é parte de uma galáxia incomensurável com milhares de sóis e de sistemas como o nosso, e que, por sua vez, essa galáxia é, apenas um dos inumeráveis universos que se trasladam com movimentos complicadíssimos e invariáveis para um ponto fixo do espaço.
A quem não ocorreu já perguntar também com é que tudo isto chegou à existência? É possível que uma pessoa contemple toda esta harmonia e perfeição do Universo sem ter um momento de sinceridade como o do incrédulo Voltaire para reflectir como ele: “Não pode haver um relógio sem o relojoeiro”, ou para dizer como Aristóteles, depois de admirar as leis geométricas aplicadas na construção do Universo: “Deus faz sempre geometria”?
Em resumo, podemos chegar à certeza da existência de Deus pela observação das Suas obras, exactamente como os físicos descobrem os novos elementos do átomo sem os verem, simplesmente, pelas reacções que a sua presença origina. Há provas do poder criador, por toda a parte. Cada nova descoberta revela a obra de Deus e a matemática denuncia uma inteligência suprema que desenhou e executou o Universo.
Se não se pode demonstrar a existência de Deus, é fácil mostrá-la, nas superabundantes provas da finalidade, ordem e beleza de todo o Universo: “Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis.” Romanos 1:20.
Costumam os psicólogos falar de “instinto religioso” ou de “sentimento religioso” para se referirem a uma inclinação inerente ao espírito humano para o sobrenatural. É que a fé está para o espírito humano como o oxigénio para o corpo. Desde o berço, todos a temos exercido para depender de outros; e, mais tarde, também pela fé, aceitamos uma mulher como nossa mãe. Porquê? Lembramo-nos, porventura, do nosso nascimento? Simplesmente confiamos no que ela e os outros nos contaram.
Porque ingerimos remédios, cujos ingredientes não conhecemos, nos submetemos ao bisturi de um médico, cuja licenciatura não presenciámos, ou subimos para um avião sem exigir o brevet do piloto, e ainda acreditamos numa infinidade de explicações de mil coisas, para comprovar as coisas que não teríamos tempo de apreender durante a nossa vida! Simplesmente, porque vivemos exercendo a fé, em cada momento.Esta atitude não é absurda, porque a nossa fé assenta em muitíssimas razões que a justificam.
Pois da mesma maneira a fé religiosa assenta em factos. Tão firmes são estes que São Paulo pode dizer que a nossa adoração de Deus é um “culto racional” Romanos 12:1.
A própria existência da fé prova que Deus existe. A que responde o sentido da vista? Não é, porventura, ao facto de haver objectos iluminados? Não se deve a presença do ouvido ao facto de haver sons para serem ouvidos? Para que serviriam o olfacto e o gosto se não houvesse odores nem sabores?
Qual é, então, a razão do sentido da fé? Pode, talvez, objectar-se a fé é um sentido. Mas, no entanto, é-o, trata-se de um sentido espiritual, imprescindível para que possamos perceber as realidades espirituais. A fé existe em cada um de nós, quer queiramos que não, porque há Deus, e para O conhecer, é necessário a fé. É uma faculdade que se exerce na intimidade e é independente dos ritos e das instituições. Não tem nenhum poder, quando é nominal. Só se transforma, como diz S. Paulo:“Ora, a fé é a certeza das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se vêem.” Hebreus 11:1.
É essa fé viva que muda em optimismo as perspectivas mais sombrias, faz surgir a esperança, confere poder, consegue o perdão dos pecados e obtém a santificação da alma. A fé em Deus é imprescídivel. Sem ela caminha-se na vida à deriva, sem bússola. Quem quer que se auto-examinar sinceramente, encontrará que existe em si, como em todos os seus semelhantes, uma pequenina chama da fé verdadeira. Apenas lhe falta que a alimentemos...que alimentemos mesmo que seja à maneira da experiência, para vermos se existe ou não um Ser Supremo que dirige o Universo...um Ser a quem devemos a existência e perante O qual somos responsáveis pelos nossos actos.
Embora se possam encontrar desculpas para a incredulidade, também nos circundam as razões para a fé. Visto esta prometer muitíssimas mais satisfações presentes e futuras que a incredulidade, é melhor adquiri-la para enriquecer, assim a vida. Para a obter basta pedir a Deus, com as palavras daquele homem dos dias de Jesus que tinha menos necessidade do milagre que lhe pedia, do que nós mesmos precisamos da fé: “Senhor ajuda a minha incredulidade.”
Uma tremenda tempestade açoitava um grande navio. A tripulação e os passageiros corriam de uma para a outra parte. Os marinheiros esforçavam-se para salvar o navio. A grande maioria dos viajantes estava desorientada, pois que o desespero se apoderara de quase todos. Alguém, entretanto, encontrou num dos salões uma menina que brincava despreocupada, alheia à aflição de todos. Ao perguntar-lhe se não tinha medo de morrer no naufrágio, a menina olhou para a pessoa, por cima do ombro, e, de polegar no ar, respondeu: “O meu pai é o comandante do navio!” É Deus, o Pai do Céu, o comandante da nossa embarcação? Não sente na alma o apelo do Lar? Creio que sim!


José Carlos Costa

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