“Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem mal; que fazem das
trevas luz, e da luz trevas; e fazem do amargo doce, e do doce amargo!” Isaías
5:20
Esta história é complexa, por isso tem de se concentrar. Existem,
em todo o mundo, cerca de 500 espécies diferentes de plantas de maracujá. Algumas
crescem como se fossem ervas, outras são arbustos, mas a maioria são
trepadeiras com grandes com grandes flores muito bonitas de onde cresce um
fruto do qual se faz um sumo tropical muito agradável. As folhas das
trepadeiras de maracujá produzem variadíssimas, interessantes e complexos químicos
como favonoides, alcalóides, flavonas e até mesmo alguns glicosídeos venenosos.
Aparentemente, o veneno mortal protege as folhas de serem comidas por insectos
herbívoros. Mas, algumas espécies de larvas de borboletas longiwing
(Heliconius) conseguem ultrapassar a defesa da planta neutralizando o veneno –
ou talvez o possam armazenar para sua própria protecção.
Agora é que o enredo se adensa, portanto preste atenção. Não
só os adultos da borboleta longwing evitam o veneno das folhas tóxicas, como os
adultos põem os seus ovos (num invólucro com pezinhos) nas folhas das trepadeiras.
Mas, além de comerem as folhas, as larvas das borboletas são canibalescas. As primeiras
a
sair dos ovos tentam comer os ovos que estão por eclodir. E é aqui que a
trepadeira de maracujá entra na luta. A trepadeira de maracujá tem um código
genético que produz pequenos invólucros que servem de isco (ovos falsos) nas
suas folhas. As borboletas longwing passam por alto as folhas que parecem já
ter sido povoadas com invólucros de ovos. Mais ainda, os ovos falsos são, na
realidade, glândulas da planta que segregam um químico que atrai as vespas que
comem larvas de longwing. Como pode ver, a planta tem duas linhas de defesa
contra aquilo que a incomoda: recrutar as vespas para matarem o que come as
suas folhas e enganar as borboletas fazendo-as pensar que o território já está
ocupado.
Isto parece complicado, não acha? Será que o grande
enganador está envolvido nisto, de alguma maneira? Talvez. O que eu sei,
realmente, é que quero que a minha vida seja autêntica e transparente. Não quero
enganar ninguém.
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