sábado, 28 de novembro de 2009

PRIMEIRA OBJECÇÃO: OS DADOS

A minha objecção à evolução no nível de observação científica é a inexistência de dados. Isso, estou ciente, constitui uma afirmação extrema. Talvez eu recebesse atenção mais crível se dissesse, como T. A. Goudge (3) em “The Ascent of Life”, que “a evidência é fragmentária”. Mas se assim eu fizesse, estaria tão somente seguindo uma tendência comum do pensamento não crítico. Entretanto, ao tomar a posição mais radical, desejo ser compreendido somente em termos de apoio que desenvolverei a favor da mesma.
Primeiramente, os dados fragmentários que têm sido utilizados nas obras evolucionistas são dados de uma ordem sincrónica e não de um processo diacrónico. Tomar as categorias da ordem de vida sincrónica existentes e introduzi-las num modelo de processo de alteração de cada uma delas, e então distribuir os restos fósseis fragmentários nessas categorias, de maneira nenhuma transformará esses fósseis em dados diacrónicos.
Um eminente paleontologista da Califórnia State College em Long Beach falou-me de uma escarpa na qual camadas supostamente continham milhões de anos de sequência evolutiva da vida. Entretanto, afirmou ele não existir absolutamente evidência alguma de transição entre uma camada e a seguinte, o que o intrigava bastante. Sua explicação era que cada forma deveria ter entrado nas camadas provindo de algum outro lugar. Em outras palavras, a evolução deveria ter ocorrido em algum outro lugar.
Alguém poderia perguntar: “Como sabe você que ela não ocorreu?” Entretanto o problema é: “Como sabe você que ela ocorreu, na ausência dos dados?” Os dados comprovadores da evolução devem ser dados transicionais, entretanto existem somente dados de uma ordem existente, ou seja, uma ordem sincrónica.
Isso leva a uma segunda observação com relação à ausência de dados, a saber, que os dados são gerados através do modelo evolutivo ao invés de serem generalizados a partir de outros dados. Na sua imaginação, os homens supõem e preenchem o que o modelo requer, em vez de usar o modelo para explicar o que é observado. A geração de dados ocorre de muitas maneiras. Por exemplo, em duas sentenças White (4) salta de hipótese para fato:
Se, supusermos, como muitas autoridades, que a cultura teve início há um milhão de anos, e se datarmos o início da agricultura a cerca de 10.000 anos atrás, então o estágio de desenvolvimento cultural baseado na energia muscular do homem compreenderá cerca de noventa e nove por cento da história da cultura. Esse fato é tão significante, quanto notável.
As probabilidades também constituem outra técnica para a geração de dados históricos ou diacrónicos. Após observar as posições teóricas nos dados sincrónicos relativos a endogénica, White (5) declara que “Podemos agora proceder ao esquema da provável fonte de desenvolvimento da sociedade humana nos seus primitivos estágios, sob o ponto de vista da endogénica”.
Ainda além, dados “condicionais” são apresentados em substituição à ausência de dados observados. Afirmações como as seguintes são feitas frequentemente no decurso de tentativas para explicar as supostas origens evolutivas da sociedade humana:
Podemos supor, portanto, que a tendência de se unirem sexualmente mãe e filho deveria ser maior do que a tendência entre pai e filha. ... Uma união mãe-filho deveria ser menos efectiva do que uma união pai-filha, como organização para defesa própria, obtenção de alimento, e reprodução (6).
Por melhor que fosse esse raciocínio, utilizá-lo para suprir a falta de dados é somente um testemunho da sua ausência.
Os antropologistas físicos evolucionistas podem divisar como os antropologistas de há meio século usaram o modelo para criar os seus dados. Brace e Montague ressaltam que foram atribuídas ao “Homem de Neanderthal” muitas características simiescas porque isso se prestava a ilustrar um estágio da evolução. Sabe-se hoje que ele tinha braços mais curtos, em vez de compridos braços como os macacos, e que ele não andava encurvado. Além disso, o temperamento feroz animalesco que se supunha ele ter tido como um “homem da caverna” é o oposto do gorila, o qual veio posteriormente suprir um dos supostos elos da sequência evolutiva. Brace e Montague afirmam com relação a esse dado fictício:
Mais do que somente resíduos deste libelo permanecem hoje na conversação casual, na impressa em letras garrafais e em numerosos livros populares de divulgação científica e mesmo nos círculos profissionais, onde já há muito deveriam ter desaparecido (7).
Erros de uma ou duas gerações atrás são facilmente reconhecíveis; apesar disso, repetem-se sob a luz mais sofisticada de nossos dias.
Algumas poucas afirmações de Ross, não consideradas fora do contexto, destacam claramente o “poder gerador” do modelo evolucionista quando limitado a dados sincrónicos (a ênfase foi adicionada):
Ao se compreender que toda a matéria do universo ... iniciou-se como simples gás hidrogénio, e que a vida na Terra é o mais complexo sistema conhecido composto de moléculas químicas extremamente complexas, torna-se óbvio que em algum lugar e em alguma ocasião no passado houve transição partindo da simples organização química do universo primitivo, em direcção à complexa organização química que constitui a vida. Sabemos que a vida teve uma origem, porque a Terra hoje é povoada por seres vivos. ... Parece haver pouca dúvida que esses ingredientes elementares da pré-vida tenham se juntado de alguma maneira em esférulas semelhantes a células e formado alguma espécie de sistema do tipo ácido proteíno-nuclêico. ... É razoável supor que eventualmente uma dessas esférulas altamente avançadas alterou-se de tal maneira que sucederam duas coisas: (1) ao ter ela atingido uma certa composição química, dividiu-se em duas esférulas filhas; e (2) cada esférula filha manteve as mesmas propriedades químicas da “jovem” esférula mãe, e repetiu-se o processo. Neste ponto uma esférula havia se tornado quase imperceptivelmente em organismo. Vida verdadeira tinha vindo à existência (8).
Assim os dados sincrónicos de uma ordem existente, adicionados à imaginação humana, produziram os dados diacrónicos que faltam. Aquilo que se não observa como dados, torna-se óbvio do ponto de vista do modelo evolucionista.
Um terceiro ponto apoiando a objecção de que a evolução não se baseia em dados, é que existem antropologistas evolucionistas que reconhecem esse fato, de uma maneira quer limitada, quer indirecta. William Howells admite a ausência de dados em qualquer linha que leve ao homem moderno.
Para onde foi o Homo erectus? Os caminhos simplesmente não estão traçados. ... É esse um período em que falta evidência útil. Além do mais, a natureza da linha que leva ao homem moderno - Homo sapiens nesse sentido dado por Lineu - permanece objecto de pura teoria (9).
A admissão de Leslie White, de que a evolução não se apoia em dados empíricos, é mais indirecta e talvez não intencional. É o que se acha na maneira pela qual faz ele diferença entre evolução e ciência estrutural-funcional sincrónica, e também fenómenos diacrónicos da história. Afirma White que a abordagem estrutural-funcional dos cientistas naturais é uma generalização dos dados de uma ordem sincrónica. Os historiadores, entretanto, tratam dos acontecimentos particulares, ou dados dos fenómenos diacrónicos, e não fazem generalizações. Os evolucionistas generalizam em termos da ordem temporal, ou diacrónica. Entretanto, não generalizam a partir de culturas particulares, nem de acontecimentos particulares de culturas particulares.
Os evolucionistas são deixados então sem os dados da ordem sincrónica das Ciências Naturais, e sem os dados temporais da História. O resultado é uma filosofia que não tem raízes no mundo empírico.
Um testemunho final quanto à ausência de dados provém de um esforço para suprir essa deficiência. Francis J. Ryan, escrevendo no “Scientific American” declara que “há abundante evidência da evolução, mas tem sido extremamente difícil estudar o processo em laboratório” (10). “A razão”, afirma Ryan, “é que a evolução é exasperadamente lenta. O homem actual difere biologicamente pouco do homem de Ur, de 5000 anos atrás. Quase em nenhum lugar na natureza pode-se ver a evolução em acção” (11).
Mas, então, onde está a evidência, ou onde estão os dados? A afirmação inicial de Ryan fornece a chave: “Nossas ideias sobre a evolução hoje, aproximadamente 100 anos após ter Charles Darwin lançado o seu conceito imensamente frutífero, ainda estão grandemente baseadas em observação e dedução, em vez de na experiência” (12). Em outras palavras, na ausência de dados processuais ou diacrónicos, os dados de uma ordem sincrónica provenientes de diferentes pontos no tempo são dispostos por dedução na moldura diacrónica da evolução.
Ryan sugere que o processo de evolução possa ser estudado em bactérias que levam somente vinte minutos para produzir uma geração, enquanto que nos seres humanos esse tempo atinge vinte anos. Assim, em dois anos as bactérias podem passar por mais gerações do que o homem em 1.000.000 de anos.
Um caso é levantado com a observação de que, devido a mutações aleatórias, produziram-se bactérias resistentes à penicilina após a divulgação da penicilina. É esse, de fato, um caso de mutação em caracteres herdados e de seleção natural, mas o produto final não é evolução. As bactérias permanecem bactérias ainda, e as gerações de centenas de anos nada mais produziram além das mesmas bactérias.

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