Ao longo da História – e especialmente em nossos dias – o
sexo foi tão banalizado que poucos vêem a sublime união de dois seres como um
dom divino. O ato de gerar uma vida através do encontro dos gametas masculino e
feminino é fruto de uma engenharia além de nossa imaginação.
Como se teriam desenvolvido ao longo das eras e por
processos casuais os complexos mecanismos da reprodução?
Existe um paradoxo que sempre intrigou os pesquisadores: os
seres vivos gastam um tempo precioso em busca de um parceiro e, quando o
encontram, muitas vezes precisam proteger o “achado” de rivais. Mas, mesmo
quando todo o esforço vale a pena, no caso individual ou da espécie, o sexo
como forma de reprodução perde de longe para a reprodução assexuada. É pura
matemática: enquanto cada indivíduo assexuado é capaz de ter um filho, na
reprodução sexuada são necessários dois indivíduos. O resultado é que,
desconhecendo o sexo, uma espécie pode se reproduzir duas vezes mais depressa.
Como uma lei biológica elementar faz com que qualquer espécie tenda a propagar
o seu estoque genético ao máximo – isto é, mediante o nascimento do maior
número possível de indivíduos – então o certo seria antes só do que
acompanhado.
Mas não é isso o que se observa na natureza e aí está o
paradoxo: apenas a minoria de 15 mil espécies animais, das cerca de 2 milhões
existentes no planeta, “prefere” se reproduzir assexuadamente, ou seja,
crescendo e se dividindo. Talvez alguns respondam que os animais “preferiram” a
reprodução sexuada pois, assim, é possível embaralhar as características
maternas e paternas, criando em uma mesma espécie seres geneticamente
diversificados e, portanto, com maiores chances de sobreviver.
Na verdade, o sistema nervoso de todo animal já nasce
programado para o sexo. Como uma espécie de seguro adicional, os genes ainda
fazem com que certas glândulas jorrem hormônios, que desencadeiam o desejo, a
atração sexual. Amar, de certo modo, é ter reações químicas em cascata. No caso
da espécie humana, quatro milhões de receptores na pele podem captar os
estímulos recebidos e enviar a mensagem do prazer ao cérebro. Como se pode
perceber, é outro tipo de sistema perfeitamente ajustado e planejado, cuja
perfeição deveria existir desde o início.
Se o ato conjugal é algo biologicamente maravilhoso, o que
dizer da concepção e da gestação? Uma única célula ovo, formada pela união do
espermatozóide com o óvulo, passa a se multiplicar e a se diferenciar, dando
origem a células diferentes que farão parte de tecidos e órgãos especializados.
É interessante como Jó descreveu esse processo: “Não me
derramaste como leite e não me coalhaste como queijo? De pele e carne me
vestiste e de ossos e tendões me entreteceste” (Jó 10:10 e 11). E o rei Davi,
mil anos antes de Cristo, também ficou fascinado com a formação de um ser
humano: “Pois Tu formaste o meu interior. Tu me teceste no seio de minha mãe.
Graças Te dou, visto que por modo assombrosamente maravilhoso me formaste; as
Tuas obras são admiráveis, e a minha alma o sabe muito bem; os meus ossos não
Te foram encobertos, quando no oculto fui formado e entretecido como nas
profundezas da terra. Os Teus olhos me viram a substância ainda informe, e no
Teu livro foram escritos todos os meus dias, cada um deles escrito e
determinado, quando nem um deles havia ainda” (Sal. 139:13-16).
Michelson Borges é jornalista, membro da Sociedade
Criacionista Brasileira (www.scb.org.br) e autor dos livros A História da Vida
e Por Que Creio (www.cpb.com.br).
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