sábado, 23 de março de 2013

Criação e Evangelho

VERSO A VALORIZAR: “Assim como, em Adão, todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo” (1Co 15:22).


No relato bíblico, Adão e Eva foram criados à imagem de Deus, sem nenhum defeito moral. Mas eles tinham o livre-arbítrio, um pré-requisito para que eles pudessem amar. Quando Adão e Eva se rebelaram contra Deus, caíram sob o poder de Satanás (Hb 2:14). Esse fato colocou também o mundo inteiro sob o poder do inimigo. Jesus, porém, veio ao mundo para destruir as obras do diabo (1Jo 3:8) e nos libertar de seu poder. Ele fez isso ao morrer em nosso lugar e nos oferecer vida. Na cruz, Jesus Se fez pecado por nós (2Co 5:21) e, por isso, experimentou a separação de Seu Pai. Por Sua morte, Jesus restaurou o relacionamento entre Deus e a humanidade que havia sido quebrado pelo pecado de Adão e Eva.
 Todos esses pontos estão logicamente ligados à história da criação. A criação entra em cena novamente à medida que o poder do Deus criador é exercido para criar um coração novo em Seus filhos (2Co 5:17), renovando a imagem de Deus em nós e restaurando nosso relacionamento com Ele.
Graça no Jardim
Como sabemos tão bem, os primeiros seres humanos, seres perfeitos criados à “imagem de Deus”, caíram no pecado, o que trouxe a morte. Eles haviam sido avisados e entendiam o que lhes tinha sido dito. Eva até repetiu para a serpente o que Deus havia dito. No entanto, eles pecaram assim mesmo. Às vezes nós, a exemplo de Eva, somos levados ao pecado pelo engano, mas, em outros momentos, como Adão, pecamos intencionalmente. De toda maneira, somos pecadores, culpados de transgredir a lei de Deus.
1. Leia Génesis 3:9-15. Qual foi a resposta de Deus ao pecado de Adão e Eva?
Deus realizou um julgamento, na verdade um “juízo investigativo”. O objetivo do juízo não era que Deus conhecesse os fatos. Ele já os conhecia. Na verdade, o objetivo era dar ao casal a oportunidade de aceitar a responsabilidade por suas ações, o primeiro passo para o arrependimento e restauração. Deus lhes perguntou o que havia acontecido e eles confessaram, embora com relutância. Ainda que fossem culpados e seu pecado trouxesse consequências imediatas, a primeira promessa evangélica foi feita a eles no Éden.
2. Leia Génesis 3:21. Que outro ato de graça foi revelado?
A morte veio da maneira mais inesperada. Em vez da morte imediata de Adão e Eva, um ou mais animais morreram. Imagine os sentimentos de Adão quando o animal morreu, em seu lugar como um sacrifício. Foi a primeira vez que Adão viu a morte, e isso deve ter trazido a ele enorme angústia. Em seguida, o animal foi esfolado, e uma túnica foi feita a partir da pele. A vestimenta foi colocada sobre o corpo de Adão para cobrir sua nudez. Toda vez que ele olhava para ela, ou tocava nela, certamente se lembrava do que havia feito e do que tinha perdido. Mais importante, isso era um lembrete da graça de Deus.
Sem dúvida, devemos ser muito gratos pela graça de Deus a nós. Existe melhor maneira de revelar essa apreciação do que mostrar graça aos outros? A quem, por mais que não mereça, você poderia mostrar a graça hoje?
Pecado e morte
Em Génesis 3:19, Adão foi informado de que, ao morrer, voltaria ao pó do qual havia sido feito. A mesma coisa acontece a nós. Observe que não voltamos a ser macacos, porque não fomos feitos a partir dos macacos. Fomos feitos do pó, e na morte é ao pó que retornamos.
3. Leia Génesis 2:7; Salmo 104:29, 30; João 1:4; Atos 17:24, 25. Qual é o significado fundamental desses textos para nós? Como essa verdade deve afetar nossa maneira de viver?
A vida é um fenómeno maravilhoso. Estamos familiarizados com a vida, mas ainda há algo misterioso a respeito dela. Podemos separar as partes de um organismo vivo, mas no fim nada encontramos, exceto vários tipos de átomos e moléculas. Podemos coletar as moléculas em um recipiente e aquecê-lo, passar uma descarga elétrica através dele ou tentar uma série de experimentos diferentes, mas não obteremos vida novamente. Não existe uma entidade chamada “vida” que exista dentro de um corpo vivo ou de uma célula viva. A vida é uma propriedade do sistema vivo por inteiro, não uma entidade que possa ser separada das células.
 Por outro lado, sabemos muito sobre como produzir a morte. Planejamos muitas maneiras de matar os seres vivos. Alguns desses métodos revelam, em detalhes impressionantes, a violência e crueldade do nosso coração pecaminoso. Podemos produzir morte, mas a criação da vida está além da nossa compreensão. Unicamente Deus tem a capacidade de criar organismos vivos. Os cientistas têm tentado criar vida, pensando que, se pudessem fazer isso, teriam uma desculpa para não acreditar em Deus. Até agora, todos esses esforços fracassaram.
4. Leia Isaías 59:2. Como o pecado afeta nosso relacionamento com o Doador da vida?
Se a vida só vem de Deus, então a separação de Deus nos isola da fonte da vida. O resultado inevitável é a morte. Mesmo que se viva 969 anos, como Matusalém, a história ainda termina com as palavras “e morreu”. O pecado, por sua própria natureza, provoca a separação da vida, e o resultado é a morte.
Quando éramos pecadores
Ao longo de toda a Bíblia vemos que a resposta de Deus à pecaminosidade humana é redentora por natureza e motivada pelo amor verdadeiro e altruísta. Ele teria sido plenamente justificado se tivesse entregado Adão e Eva ao poder destrutivo de Satanás. Afinal, eles tinham feito sua escolha. Mas Deus sabia que Adão e Eva não compreendiam o pleno significado do que tinham feito e decidiu dar a eles uma oportunidade de ter mais informações e ser capazes de escolher novamente.
5. Leia Romanos 5:6-11. Como esses versos nos ajudam a entender o que significa a graça de Deus?
Quando somos injustiçados, gostamos de ter um pedido de desculpas antes de aceitar o ofensor de volta ao bom relacionamento conosco. Em tais circunstâncias, um pedido de desculpas é apropriado. A cura completa de um relacionamento prejudicado inclui uma expressão de tristeza e aceitação da responsabilidade pelo erro. Mas Deus não esperou que pedíssemos perdão. Ele tomou a iniciativa.
Quando ainda éramos pecadores, Ele Se entregou para morrer em nosso favor. Essa é a maravilhosa demonstração do amor divino.
 Como nosso comportamento se compara com o comportamento de Deus? Quantas vezes ficamos ofendidos, com raiva, e buscamos vingança em vez de restauração? Devemos ser eternamente gratos porque Deus não nos trata dessa maneira.
 O tratamento que Deus oferece aos pecadores mostra o verdadeiro significado do amor. Não é um mero sentimento, mas um comportamento com base em princípios, no qual todo o esforço é feito para reconciliar o ofensor com o ofendido e restaurar o relacionamento. O tratamento que Deus ofereceu a Adão e Eva é uma ilustração de como Ele se relaciona com nosso pecado.
“As cenas do Calvário despertam a mais profunda emoção. A esse respeito vocês estarão desculpados se manifestarem entusiasmo. Que Cristo, tão excelente, tão inocente, devesse sofrer tão dolorosa morte, suportando o peso dos pecados do mundo jamais nossos pensamentos e imaginação poderão compreender plenamente. O comprimento, a largura, a altura e a profundidade de tão assombroso amor, não podemos sondar” (Ellen G. White, Testemunhos para a Igreja, v. 2, p. 213). Talvez não possamos sondar esse amor, mas, por que é tão importante tentar?
Portador de pecados
“Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se Ele próprio maldição em nosso lugar (porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro)” (Gl 3:13).
6. Tendo em mente a divindade de Cristo, pense nas implicações desse texto. O que Deus estava disposto a fazer para nos salvar? Qual é o resultado da rejeição do sacrifício de Cristo em nosso favor? Gl 3:13
Ao assumir a culpa de nossos pecados e morrer em separação de Deus, Jesus cumpriu a promessa originalmente feita no Jardim do Éden de que a semente da mulher feriria a cabeça da serpente. Seu sacrifício possibilitou a reconciliação de Deus com a família humana e resultará na eliminação final do mal no Universo (Hb 2:14; Ap 20:14).
7. Tendo em mente Gálatas 3:13, leia Mateus 27:46. O que as palavras de Jesus revelam sobre o que Ele sofreu na cruz?
Na cruz, Cristo aceitou a maldição do pecado em nosso favor. Isso foi uma mudança em Sua posição com o Pai. Quando era levado ao altar, o cordeiro sacrifical se tornava um substituto do pecador que merecia a morte. Da mesma forma, quando Cristo foi à cruz, Sua condição diante do Pai mudou. Excluído da presença do Pai, Ele sentiu a maldição que nosso pecado tinha causado. Em outras palavras, Jesus, que havia sido um com o Pai desde a eternidade, sofreu uma separação do Pai, no que Ellen White chamou de “a separação dos poderes divinos” (Ellen G. White, Manuscrito 93, 1899; Seventh Day Adventist Bible Commentary, v. 7, p. 924).
 Por mais difícil que seja compreender plenamente o que estava acontecendo, podemos saber o suficiente para perceber que um preço assombroso foi pago para nos redimir.
Nova criação
A grande notícia do evangelho está centralizada na morte de Jesus como nosso Substituto. Ele tomou sobre Si os nossos pecados, carregando em Si mesmo a penalidade que, de outro modo, seria nossa. Como vimos, também, a ideia de Cristo como nosso Substituto, morrendo pelos pecados do mundo, está inseparavelmente ligada à história da criação. Cristo veio para destruir a morte, que é uma intrusa na criação de Deus. Se a teoria da evolução fosse o caminho escolhido por Deus para criar os seres humanos, isso significaria que a morte, longe de ser uma aberração e um inimigo, em vez disso seria parte do plano original de Deus para a humanidade. Na verdade, a morte teria um papel importante na maneira pela qual Deus nos criou. Não é de admirar, então, que os cristãos devem rejeitar a evolução teísta como uma forma viável de compreender a história da criação.
 O relato da criação em Génesis, embora fundamental para nos ajudar a entender a morte de Cristo em nosso favor, também nos ajuda a compreender outro aspecto do plano da salvação: a obra da criação divina em nós, enquanto participamos de Sua santidade.
8. Leia o Salmo 51:10; Ezequiel 36:26, 27; Colossenses 3:10; 2 Coríntios 5:17. Que promessas bíblicas estão ligadas ao conceito de Deus como Criador, conforme revelado em Génesis 1 e 2?
Um novo coração é uma criação que só Deus pode fazer. Nós não podemos fazer isso, mas devemos depender do mesmo Criador que formou o mundo e criou nossos primeiros pais. Davi reconheceu sua necessidade e pediu a Deus que resolvesse o problema por um ato de criação.
 Na verdade, a pessoa que está “em Cristo” é uma nova criação. A antiga maneira de pensar deve ser afastada e substituída pela mente recém-criada. Nossa mente renovada é criada para as boas obras, de acordo com a vontade de Deus. Esse tipo de criação é um processo sobrenatural, realizado pelo poder do Espírito Santo. O poder criador de Deus, demonstrado na criação original, nos dá confiança de que o Senhor é capaz de mudar nossa vida e nos trazer de volta ao relacionamento com Ele.
Você experimentou o que significa ser uma nova criação em Cristo? O que isso significa, na prática? O que muda na vida de alguém que tem essa experiência?
 Estudo adicional
As coisas encobertas são para o Senhor nosso Deus, porém as reveladas são para nós e para nossos filhos para sempre” (Dt 29:29, RC). Precisamente como Deus realizou a obra da criação, jamais Ele o revelou ao homem; a ciência humana não pode pesquisar os segredos do Altíssimo. Seu poder criador é tão incompreensível como Sua existência” (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 113).
“Naquela densa treva ocultava-Se a presença de Deus. Ele fez da treva Seu pavilhão, e escondeu Sua glória dos olhos humanos. Deus e Seus santos anjos estavam ao pé da cruz. O Pai estava com o Filho. Sua presença, no entanto, não foi revelada. Houvesse Sua glória irrompido da nuvem, e todo espectador humano teria sido morto. E naquela tremenda hora, Cristo não devia ser confortado com a presença do Pai. Pisou sozinho o lagar, e dos povos nenhum havia com Ele” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 753, 754).
Perguntas para reflexão
 1. Como o evangelho está relacionado com a história da criação? Que aspectos específicos de Génesis 1 a 3 são fundamentais para o evangelho? Como a história de Jesus está fundamentada na veracidade histórica do Génesis? Como a história de Jesus seria contada se não houvesse Adão e Eva?
 2. A Bíblia afirma que a criação foi realizada por processos sobrenaturais que não são acessíveis à ciência, mas que podem ser aprendidos unicamente por meio da revelação especial. A tensão entre a Bíblia e a ciência, portanto, não é uma surpresa. Por que é um erro esperar que a ciência seja capaz de explicar todas as obras da criação divina?
 3. Que ligações existem entre o evangelho, a criação e o juízo, conforme indicado em Apocalipse 14:6, 7?
 4. Os críticos do cristianismo frequentemente argumentam que Jesus sabia de antemão que, embora devesse morrer, seria ressuscitado. Assim, perguntam eles, qual foi a importância da Sua morte, visto que Ele sabia que seria apenas temporária? Como Mateus 27:4, complementado pela citação de O Desejado de Todas as Nações, acima, ajudam a responder a essa objeção?
 
Respostas sugestivas:
1. O Senhor procurou o casal, conversou com eles e prometeu a libertação por meio do Descendente da mulher.
2. O Senhor preparou vestes de peles de animais para cobrir a nudez do casal.
3. Deus é o autor da vida. O fôlego de vida pertence ao Senhor, pois Ele criou todas as coisas e a todas transcende. Deus mantém a vida de todas as criaturas.
4. O pecado nos separa de Deus e da vida que Ele nos oferece.
5. Graça foi Cristo morrer pelos seres humanos fracos e pecadores, para justificá-los e salvá-los por meio do Seu sangue.
6. Em Cristo, a Divindade Se humilhou e aceitou a maldição do pecado para nos salvar. Seria muito triste não aceitar a salvação conquistada a um preço tão grande.
7. Jesus sofreu a profunda angústia causada pela maldição do pecado e alienação da presença do Pai.
8. O Senhor tem poder para criar em nós um novo coração e um espírito inabalável, de modo que andemos em Seus estatutos e guardemos os Seus juízos. O conhecimento de Cristo nos renova segundo Sua imagem

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