“Havendo Deus terminado no dia sétimo a Sua obra, que
fizera, descansou nesse dia de toda a Sua obra que tinha feito” (Gn 2:2).
A lição desta semana considera a breve descrição bíblica dos
últimos três dias da criação e do repouso do sábado. Essa descrição é
encontrada em Génesis 1–2:1-3, mas existem numerosas referências a ela em
outras partes das Escrituras. Um dos aspectos mais impressionantes do relato da
criação é sua divisão em dias de criação. Por que o Senhor escolheu criar o
ciclo de tempo de sete dias que chamamos de semana?
As Escrituras não
respondem diretamente, mas podemos procurar indícios. Talvez o mais importante
seja o próprio sábado, que reserva um momento especial para a comunhão entre
Deus e a humanidade. Pode ser que Deus tenha estabelecido a semana para
proporcionar um período de tempo adequado para o trabalho comum, mas com um
período regular de tempo separado como
lembrete de nosso relacionamento com Ele (Mc 2:28). Isso ajudaria os seres humanos a lembrar que Deus é o verdadeiro provedor e que somos totalmente dependentes d´Ele.
lembrete de nosso relacionamento com Ele (Mc 2:28). Isso ajudaria os seres humanos a lembrar que Deus é o verdadeiro provedor e que somos totalmente dependentes d´Ele.
Seja qual for a
razão, é evidente que o relato de Génesis revela uma criação realizada com grande
cuidado e propósito. Nada foi deixado ao acaso.
Sol, Lua e estrelas
1. Que ações são mencionadas no quarto dia da criação? Como
devemos entender isso, especialmente em face da nossa atual compreensão do
mundo físico? Gn 1:14-19
O quarto dia provavelmente tenha sido mais debatido do que
qualquer dos outros seis dias da criação. Se o Sol foi criado no quarto dia,
como foram produzidos os ciclos diários dos três primeiros dias? Por outro
lado, se o Sol já existia, o que aconteceu no quarto dia?
A incerteza sobre os
eventos do quarto dia da criação não surge de uma contradição lógica, mas de
uma pluralidade de possibilidades. Uma possibilidade é a de que o Sol tenha
sido criado no quarto dia, e a luz para os três primeiros dias tenha vindo da
presença de Deus ou de outra fonte, como uma supernova. Apocalipse 21:23 se harmoniza
com essa ideia, visto que o Sol não será necessário na cidade celestial, porque
Deus estará ali. Uma segunda possibilidade é a de que as funções do Sol, da Lua
e das estrelas tenham sido designadas nesse momento.
O Salmo 8:3 parece
concordar com essa visão. O estudioso hebreu John C. Collins escreveu que o
texto hebraico de Génesis 1:14 pode permitir qualquer uma dessas duas
possibilidades (veja John C. Collins, Genesis 1–4: A Linguistic, Litterary, and
Theological Commentary [Génesis 1–4: Um Comentário Linguístico, Literário e
Teológico]; Phillipsburg, New Jersey; P & R Publishing Co., 2006, p. 57).
Uma terceira
possibilidade é a de que o Sol já existisse, mas estivesse obscurecido por
nuvens ou poeira vulcânica e não fosse visível ou totalmente funcional até o
quarto dia. Essa possibilidade pode ser comparada com a condição do planeta
Vênus, em que uma situação semelhante ocorre hoje.
O texto não parece
apoiar claramente nem excluir nenhuma dessas interpretações, embora isso não
impeça a manifestação de fortes opiniões sobre o tema. É provavelmente uma boa
regra não dar a uma questão mais significação do que aquela que a Bíblia
apresenta, e devemos reconhecer que nossa compreensão é limitada. Esse
reconhecimento, especialmente na área da criação, não devia ser tão difícil de
aceitar. Afinal, pense em quantos mistérios científicos existem atualmente, ou
seja, eles estão aí para a investigação da ciência experimental, mas ainda
permanecem mistérios. Algo encoberto tão longe no passado não seria muito mais
misterioso?
Criação das aves e animais marinhos
2. Existe evidência bíblica para uma criação feita de modo
aleatório? Gn 1:20-23
As águas e a atmosfera foram povoadas no quinto dia da
criação. Muitos viram a relação entre o segundo e o quinto dia da criação. As
águas foram separadas pela atmosfera no segundo dia, e ambas foram cheias de criaturas
viventes no quinto dia. Os eventos da criação parecem ter ocorrido em uma
sequência que reflete um padrão intencional, mostrando o cuidado e organização
da atividade de Deus. Em outras palavras, nada no relato da criação oferece
algum espaço para o acaso.
Note que tanto as
criaturas das águas quanto as do ar são mencionadas no plural, indicando que
uma diversidade de organismos foi criada no quinto dia. Cada ser criado foi
abençoado com a capacidade de ser fecundo e se multiplicar. A diversidade estava
presente desde o princípio. Não houve um único ancestral a partir do qual todas
as outras espécies surgiram, mas cada espécie parece ter sido dotada com a
possibilidade de produzir variedades de indivíduos. Por exemplo, mais de 400
espécies identificadas se desenvolveram a partir do pombo comum
(http://en.wikipedia.org/wiki/List_of_pigeon_breeds; acessado em 13/08/2012).
Pelo menos 27 espécies de peixe-dourado são conhecidas. Aparentemente, Deus deu
a cada uma de Suas criaturas o potencial de produzir grande variedade de
descendentes diferentes, somando-se à diversidade da criação.
No verso 21, Deus viu
que as criaturas que Ele havia feito eram boas. Isso indica que elas foram bem
projetadas, eram atrativas aos olhos, livres de defeitos, e participavam
harmoniosamente do propósito da criação.
Poucos seres vivos
despertam mais nossa imaginação e admiração do que as aves. Elas são criaturas
maravilhosamente planejadas. Suas penas são leves, mas fortes; rijas, mas
flexíveis. As partes de uma pena de voo são mantidas juntas por complexos
conjuntos de minúsculos filamentos que provêem uma amarração forte, mas leve. O
pulmão de uma ave é projetado de modo a obter oxigénio quando inala e também
quando exala. Isso proporciona o elevado nível de oxigénio necessário para um
voo potente. Esse resultado é conseguido pela presença de bolsas de ar em
alguns dos ossos. Essas bolsas atuam para manter o fluxo de oxigênio e, ao
mesmo tempo, para tornar mais leve o corpo da ave, fazendo com que seja mais
fácil manter e controlar o voo. As aves foram incrivelmente formadas.
Com tudo isso em mente, leia Mateus 10:29-31. Que conforto
você pode encontrar nessas palavras?
Criação dos animais
terrestres
De acordo com Génesis 1:24-31, os animais terrestres e os
seres humanos foram criados no sexto dia. Assim como existe uma correlação
entre o segundo e o quinto dia, uma correlação também é vista entre a separação
da terra e do mar, no terceiro dia, e a povoação da terra no sexto dia. Isso
lembra novamente a sequência ordenada e intencional dos eventos da criação,
coerente com um Deus de ordem (compare com 1Co 14:33).
Assim como aconteceu
com as criaturas criadas no quinto dia, o texto indica que uma pluralidade de
espécies foi criada no sexto dia da criação. Também foi criada uma diversidade
de animais selvagens, rebanhos domésticos e répteis.
Não há um ancestral
único de todos os animais terrestres. Em vez disso, Deus criou muitas linhagens
distintas e separadas.
Note a expressão
“segundo a sua espécie”, ou expressões semelhantes em Gênesis 1:11, 21, 24, 25.
Alguns tentam usar essa expressão para apoiar a ideia de “espécies” fixas, uma
ideia tirada da filosofia grega. Os antigos gregos pensavam que cada indivíduo fosse
uma expressão imperfeita de um ideal imutável, conhecido como uma espécie. No
entanto, a fixidez das espécies não é compatível com o ensinamento bíblico de
que toda a natureza sofre com a maldição do pecado (Rm 8:19-22). Sabemos que as
espécies mudaram, como expressam as maldições de Génesis 3 (Ellen G. White
escreveu sobre a “tríplice maldição” sobre a Terra – após a queda, após o
pecado de Caim e depois do Dilúvio), e como pode ser visto nos parasitas e
predadores que causam tanto sofrimento e violência. O significado da expressão
“segundo a sua espécie” é mais bem compreendido quando se analisa o contexto em
que ela foi usada.
3. Como a expressão “segundo a sua espécie”, ou uma
expressão equivalente é aplicada em outros textos bíblicos? Como esses exemplos
nos ajudam a entender essa expressão em Génesis 1? Gn 6:20; 7:14; Lv 11:14-22
A expressão “segundo a sua espécie”, ou equivalente, não
deve ser interpretada como uma regra de reprodução. Ao contrário, ela se refere
ao fato de que havia diversos tipos de criaturas envolvidas nas respectivas
histórias. Algumas traduções da Bíblia usam a expressão “de vários tipos”, que
parece mais fiel ao contexto. Em vez de se referir à fixidez das espécies, a
expressão se refere à diversidade de criaturas criadas no sexto dia. Desde o
tempo da criação, tem havido muitos tipos de plantas e animais.
Trabalho acabado
Depois que a obra da criação foi concluída em seis dias
(estudaremos a criação da humanidade posteriormente), encontramos a primeira
menção bíblica ao sétimo.
4. Leia Génesis 2:1-3. Observe especialmente o verso 1, que
enfatiza a conclusão de tudo o que Deus tinha feito. Por que isso é tão
importante em nossa compreensão do significado do sétimo dia?
Nesse texto, o termo hebraico para descanso é Shabat,
intimamente relacionado com a palavra sábado. Ele indica a cessação do trabalho
após a conclusão de um projeto. Deus não estava cansado nem com necessidade de
repouso. Ele havia terminado Sua obra de criação; então, parou. A bênção
especial de Deus repousa sobre o sétimo dia. O sábado não é apenas “abençoado”,
mas também “santificado”, o que transmite a ideia de ser separado e
especialmente dedicado ao Senhor. Assim, Deus deu um significado especial ao
sábado no contexto do relacionamento entre Ele e os seres humanos.
5. De acordo com Jesus, qual é o propósito do sábado? Mc
2:27, 28
Observe que o sábado não foi feito porque Deus tivesse uma
necessidade, mas porque o homem tinha uma necessidade, para a qual Deus fez
provisão. No fim dessa primeira semana, Deus descansou de Seus atos de criação
e dedicou Seu tempo ao relacionamento com Suas criaturas. Os seres humanos
necessitavam de comunhão com seu Criador a fim de entender seu lugar no
Universo. Imagine a alegria e admiração que Adão e Eva experimentaram à medida
que conversavam com Deus e contemplavam o mundo feito por Ele. A sabedoria
dessa provisão para o descanso se tornou ainda mais evidente depois do pecado.
Precisamos do descanso sabático, para que não percamos a visão de Deus e para
que não sejamos envolvidos pelo materialismo e excesso de trabalho.
Deus ordena dedicar um sétimo de nossa vida para a lembrança
do ato de criação. O que isso deve nos dizer sobre a importância desse
princípio? Como você pode aprender a ter uma experiência mais profunda e mais
rica com o Senhor ao descansar no sábado como Ele fez?
O dia literal
6. Quais são os componentes dos dias da criação? Alguma
coisa nos versos indica que esses não foram dias literais de 24 horas? Gn 1:5,
8, 31
A natureza dos dias da criação tem sido objeto de muita
discussão. Alguns questionaram se esses foram dias normais ou se podem
representar períodos de tempo muito mais longos. A descrição que o texto faz
dos dias da criação responde a essa questão. Os dias são compostos por tarde
(período escuro) e manhã (período de luz) e são numerados sucessivamente. Isto
é, os dias são apresentados de uma forma que mostra muito claramente que eles
têm a mesma forma dos dias que temos hoje, uma noite e uma manhã, um período de
escuridão e um período de luz. É difícil ver como a declaração poderia ser mais
clara ou explícita na descrição dos dias semanais. A repetida expressão “Houve
tarde e manhã” enfatiza o aspecto literal de cada dia.
7. Que indicação temos de que todos os sete dias da semana
da criação foram dias literais? Lv 23:3
Os antigos hebreus não tinham dúvida quanto à natureza do
dia de sábado. Era um dia de duração normal, mas trazia uma bênção especial de
Deus. Observe a comparação explícita da semana de seis dias de trabalho do
Senhor com nossa semana de trabalho de seis dias, e a comparação correspondente
do dia de descanso para Deus e para nós (veja também Êx 20:9, 11). Até mesmo
muitos estudiosos que rejeitam a ideia de que esses foram dias literais
costumam admitir que os escritores da Bíblia entendiam que o texto se referia a
dias literais.
Muito importante para nosso relacionamento com Deus é nossa
confiança nEle e em Sua Palavra. Se não podemos confiar na Palavra de Deus, em
algo tão fundamental e tão explicitamente afirmado como a criação de Génesis em
seis dias literais, a respeito do que podemos confiar n´Ele?
Estudo adicional
Alguns apelam para textos como o Salmo 90:4 e 2 Pedro 3:8 ao
argumentar que cada dia da criação na verdade representa mil anos. Essa
conclusão não é sugerida pelo texto nem resolve o problema criado por aqueles
que pensam que esses dias representam bilhões de anos.
Além disso, se os
dias em Génesis representassem longos períodos, poderíamos esperar encontrar
uma sucessão no registro fóssil que coincidisse com a sucessão dos organismos
vivos criados nos sucessivos seis “dias” da criação. Assim, os primeiros
fósseis devem ser plantas, que foram criadas no terceiro “dia.” Em seguida
devem ser os primeiros animais aquáticos e os animais do ar. Finalmente,
devemos encontrar os primeiros animais terrestres. O registro fóssil não
corresponde a essa sequência. Criaturas da água vêm antes que as plantas, e
criaturas terrestres vêm antes das criaturas do ar. As árvores fósseis,
primeiros frutos e plantas com flores aparecem depois de todos esses outros
grupos. O único ponto de semelhança é que os seres humanos aparecem por último
em ambos os relatos.
“Cada dia consecutivo da criação […] consistiu de tarde e
manhã, como todos os outros dias que se seguiram” (Ellen G. White, Patriarcas e
Profetas, p. 112).
“Mas a suposição dos incrédulos, de que a realização dos
eventos da primeira semana exigiu sete períodos extensos e indefinidos, atinge
diretamente o fundamento do sábado do quarto mandamento. Ela torna indefinido e
obscuro o que Deus deixou muito claro. É o pior tipo de infidelidade, pois para
muitos que professam crer no relato da criação, essa é uma infidelidade
disfarçada” (Ellen G. White, Spiritual Gifts [Dons Espirituais], v. 3, p. 91).
Perguntas para
reflexão
1. Por que é
importante entender que a ciência, mesmo com todo o bem que ela faz, ainda tem
muitas limitações?
2. Tudo que a ciência
tem para estudar é um mundo caído, muito diferente, em muitos aspectos, da
criação original. Por que é importante manter essa verdade sempre diante de
nós?
Respostas sugestivas: 1. Deus estabeleceu o Sol, a Lua e as
estrelas para separar o dia da noite e para marcar estações, dias e anos, bem
como para iluminar a Terra. Não sabemos se a luz dos primeiros três dias da criação
foi a luz do Sol, ou outro tipo de luz, mas isso para Deus não teria sido um
problema. 2. Não, porque Deus ordenou que as águas e o firmamento se enchessem
de criaturas viventes de variadas espécies, planejadas com muita criatividade.
3. O termo “espécie” se refere aos tipos básicos a partir dos quais se
desenvolveram as subespécies identificadas atualmente. Isso mostra que Deus
criou uma diversidade de “espécies” desde o princípio. 4. Em Sua obra, Deus não
deixou nada incompleto. Ele criou tudo. O sábado é um tempo separado para
celebrar a conclusão da perfeita criação de Deus. 5. O sábado foi feito por
causa do homem, para benefício físico e espiritual da humanidade. 6. Noite e
dia, parte escura e parte clara. Os versos indicam que esses dias foram literais,
cada um deles tendo 24 horas. 7. Devemos trabalhar durante seis dias e no
sétimo, descansar. Trata-se da semana literal, com dias literais.
1 comentário:
Muito esclarecedor esse texto, eu sempre procurei explicações lógicas sobre o processo de criação do mundo, não que eu seja incrédula, conheço Deus desde a minha infância, mas é que o raciocínio de Deus foge da sabedoria humana, e eu precisava ler um texto assim pra mostrar aos incrédulos que Ele existe.
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