quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

A Visão Bíblica da Ciência

Muitos não-cristãos, e muitos cristãos também, são da opinião que a ciência (isto é, a ciência física ou natural) é um corpo de verdade sempre crescente sobre o universo.
O progresso da ciência, os seus triunfos tecnológicos, assim nos é dito, demonstram a sua verdade. A ciência é aparentemente inatacável. Afinal de contas, ela funciona, não é verdade? E não é o sucesso a medida da verdade?
Sendo assim, quando a Bíblia e a ciência parecem estar em conflito, devemos reinterpretar a Bíblia. Por exemplo, visto que a ciência diz (e o Papa concorda) que a evolução (ou algum tipo dela) é um fato, não apenas uma teoria, devemos
Analisar em Génesis 1. Já não podemos afirmar como o Breve Catecismo de Westminster (Q 9) que “a obra da criação é aquela pela qual Deus fez todas as coisas do nada, no espaço de seis dias, e tudo muito bem”. O criacionismo de seis dias precisa ser reexaminado.
Falar contra o pensamento científico é quase blasfemo nalguns círculos, pois, para muitos, a ciência é o deus
deste século. A ciência, é vista não a única mas a principal reveladora da verdade. De fato, a ciência não é capaz de revelar nenhuma verdade, de forma alguma.
Qual, então, é a visão bíblica da ciência? Concorda a ciência nas palavras de mandato Génesis 1:28?: “E Deus criou [Adão e Eva] abençoou, e lhes disse: ‘Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a Terra e sujeitai-a; dominai sobe os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela Terra”. A ciência não orienta nesse sentido e o agir dos intelectuais, professores não vai nesse sentido bem pelo contrário.
A ciência não descobre a verdade; ela é um método para dominar e utilizar a natureza; ela é meramente uma disciplina prática que nos ajuda a viver no universo de Deus e a subjugá-lo.
Não importa quão estranho possa soar para o leitor a afirmação de que a ciência nunca nos fornece a verdade; é precisamente essa crença que tem sido sustentada por cientistas e filósofos proeminentes. 2 Albert Einstein, por exemplo, comentando sobre o nosso conhecimento a respeito do universo, disse: “Definitivamente, não sabemos nada sobre ele… Além disso, jamais conheceremos a natureza real dos objetos”. O filósofo britânico Karl Popper escreveu: “Nós sabemos que as nossas teorias científicas permanecem sempre como hipóteses... Na ciência não há nenhum conhecimento, no sentido no qual Platão e Aristóteles entendiam a palavra, no sentido que implica finalização; na ciência nunca teremos razão suficiente para a crença de que alcançamos a verdade”. Popper vai mais longe e diz: “Pode até ser mostrado que todas as teorias [científicas], incluindo as melhores, têm a mesma probabilidade, a saber, zero”. Então também, Bertrand Russell, que será citado mais abaixo, afirmou que todas as leis científicas são baseadas em argumentos falaciosos. E o filósofo Paul Feyerabend, no livro Against Method: Outline of na Anarchistic Theory of Knowledge, escreve:
“Sob uma análise mais minuciosa, descobrimos até mesmo que a ciência não conhece nenhum ‘fato preciso’ de forma alguma, mas que os ‘fatos’ que entram em nosso conhecimento já são vistos de uma certa forma e são, portanto, essencialmente conceituais. Esse sendo o caso, a história da ciência será tão complexa, caótica, cheia de enganos, e interessante como as ideias que ela contém, e essas ideias, consequentemente, serão complexas, caóticas, cheias de enganos, e interessantes tanto quanto o são as mentes daqueles que as inventaram”.
John Robbins apontou que há pelo menos cinco dificuldades lógicas com a ciência, isto é, cinco razões pelas quais a ciência nunca pode fornecer a verdade:
(1) A Observação não é confiável. Os cientistas não realizam um experimento apenas uma vez. Os experimentos são repetidos, e os resultados quase sempre diferem de alguma forma. Por quê? Porque os sentidos tendem a enganar-nos; não devemos confiar neles. Por conseguinte, são realizadas numerosas observações na tentativa de prevenir contra  uma  observação incorreta. É tanto esse o caso na ciência que testes com resultados impossíveis de se repetir nunca são tomados seriamente.
Mas se a observação não é confiável, se os sentidos são tão facilmente enganados, se os resultados
frequentemente diferem, por que alguém deve alguma vez crer que ele descobriu a verdade através da observação?
(2) Todos os experimentos científicos cometem a falácia de afirmar a incoerência.
Em forma silogística isso é expresso da seguinte forma: “Se p, então q; q; portanto,
p”. Bertrand Russell, certamente nenhum amigo do Cristianismo, declarou isso da seguinte forma:
Todos os argumentos indutivos em última instância se reduzem à seguinte forma: “Se isso é verdade, aquilo é verdade: agora, aquilo é verdade, portanto, isso é verdade”. Esse argumento é, certamente, formalmente falacioso. Suponha que eu dissesse: “Se pão é uma pedra e pedras alimentam, então esse pão me alimentará; agora, esse pão me alimenta; portanto, ele é uma pedra, e pedras alimentam”. Se eu fosse promover tal argumento, certamente pensariam que sou louco, mas ele não é fundamentalmente diferente do argumento sobre o qual todas as leis científicas são baseadas.
No laboratório os cientistas trabalham com uma hipótese. Nesse caso, a hipótese é:
“Se pão é uma pedra e pedras alimentam, então esse pão me alimentará”. O cientista então tenta deduzir os resultados preditos que ocorrerão se a hipótese for verdadeira.
JohnW. Robbins, Logic Seminar,Westminster Institute, July 1995.
Assim como “esse pão me alimentará”. Ele então realiza um experimento para testar a hipótese e ver se os resultados preditos ocorrem. Assim, ele senta-se à mesa e come o pão, e maravilha das maravilhas, o pão o alimenta. A hipótese, conclui ele, foi confirmada: “Esse pão é uma pedra e pedras alimentam”. Tolo, está você a pensar? Sim!
Todavia, como Russell afirmou, isso não é “fundamentalmente diferente do argumento sobre o qual todas as leis científicas são baseadas”. Isso é o mesmo que dizer: todas as leis científicas são baseadas em argumentos falaciosos.
(3) A ciência comete a falácia da indução. A indução é a tentativa de derivar uma lei geral de exemplos particulares. A ciência é necessariamente indutiva. Por exemplo, se um cientista estuda os corvos, ele pode observar 999 corvos e descobrir que todos eles são pretos. Mas ele seria alguma vez capaz de afirmar que todos os corvos são pretos? Não; o próximo corvo que ele observasse poderia ser um albino.
Uma pessoa nunca pode observar todos os corvos: passados, presentes e futuros.
Proposições universais nunca podem ser validamente obtidas pela observação. Por conseguinte, a ciência nunca nos pode dar declarações verdadeiras.
(4) As equações sempre são selecionadas, mas nunca descobertas. No laboratório o cientista procura determinar o ponto de ebulição da água. Visto que a água dificilmente evapora à mesma temperatura, o cientista conduz vários testes e os resultados levemente diferentes são observados. Ele então deve fazer uma média de tais resultados. Mas que tipo de média vai ele usar: aritmética, modal ou mediana? Ele deve escolher; e seja qual for o tipo de média que ele escolher, ela deve ser uma escolha totalmente sua; tal escolha não é ditada pelos resultados. Então também, a média que ele escolher é apenas isso, ou seja, uma média, não um dado real fornecido pelo experimento. Uma vez que se obtém a média dos resultados dos testes, o cientista calculará o erro variável nas suas observações. Ele provavelmente colocará os pontos de dados ou áreas num gráfico. Mas quantas curvas, cada uma das quais descreve uma equação diferente, são possíveis? É possível um número infinito de curvas. Mas o cientista traça somente uma. Qual é probabilidade do cientista escolher a curva correta dentre um número infinito de possibilidades? A possibilidade é de um para um infinito, ou seja, zero. Portanto, todas as leis científicas são falsas. Elas possivelmente não podem ser verdadeiras. Como citado acima, a declaração de Karl Popper é correta: “Pode até mesmo ser mostrado que todas as teorias [científicas], incluindo as melhores, têm a mesma probabilidade, a saber, zero”.
(5) Todas as leis científicas descrevem situações imaginárias. Como Clark disse: “Na melhor das hipóteses, uma lei científica é uma construção antes que uma descoberta, e a construção depende de fatores nunca vistos num microscópio, nunca pesados numa balança, nunca tocados ou manipulados”. Clark usa a lei do pêndulo como um
exemplo: A lei do pêndulo declara que o período do balanço é proporcional à raiz quadrada do comprimento. Se, contudo, o peso do pêndulo é distribuído de maneira desigual ao redor do centro, a regra não funcionará. A lei assume que o peso do pêndulo é homogéneo, que a sua força é simetricamente distribuída ao longo de todos os eixos, ou mais tecnicamente, que a massa é concentrada num ponto. Nem tal peso existe, e, por conseguinte, a lei não é uma descrição exata de nenhum pêndulo tangível. Segundo, a lei presume que o pêndulo balança quando ligado a um fio sem tensão. Não existe tal fio, de forma que a lei científica não descreve nenhum pêndulo real. E terceiro, a lei pode ser verdadeiro somente se o pêndulo balançar sobre o eixo sem fricção.
Não existe tal eixo. Segue-se, portanto, que nenhum pêndulo visível concorda com a fórmula matemática e que a fórmula não é a descrição de nenhum pêndulo existente.
A partir do nosso estudo dessas cinco dificuldades lógicas, pode ser rapidamente visto que a ciência não é capaz de nos dar nenhuma verdade. E se o método científico é um tecido de falácias lógicas, por que os cristãos deveriam argumentar a partir da ciência para encontrar a verdade? Declarando de uma forma simples: eles não deveriam fazê-lo. A ciência é útil para realizar o seu propósito, isto é, subjugar a Terra. Mas isso é tudo para o qual ela é útil, nada mais.
A questão se levanta: “Se a ciência nunca nos fornece a verdade, como ela pode ser tão bem sucedida?”. Tudo depende de como alguém define sucesso. Hoje, somos capazes de colocar um homem na lua; somos capazes também de destruir nossos próximos apertando um botão. Isso é medida do sucesso? As teorias científicas estão sempre a mudar (enquanto a verdade é eterna). Mudança constante é uma medida de sucesso?
A ciência é bem-sucedida quando ela entende o seu propósito, e quando alguém entende que as falsas teorias algumas vezes funcionam. A ciência newtoniana, por exemplo, funcionou durante anos. Ela foi substituída pela teoria de Einstein. Mas embora ele cresse que sua teoria fosse uma aproximação melhor da verdade quando comparada à de Newton, Einstein declarou que sua própria teoria era falsa.
A ciência tem o seu lugar numa filosofia cristã, um lugar importante. Mas a ciência nunca deve ser vista como um meio de aprender a verdade. A verdade é encontrada somente nas Escrituras; a Bíblia tem um monopólio sobre a verdade. É a Palavra de Deus que deve ser crida, não os experimentos dos homens. Como Robbins disse: “A ciência é falsa, e sempre deve ser falsa. A Escritura é verdadeira, e sempre deve ser verdadeira. A questão é tão clara e simples como isso”. “Ao Senhor pertence a salvação” (Jonas 2:9)
W. Gary Crampton

Original: http://www.trinityfoundation.org/journal.php?id=163

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