segunda-feira, 11 de abril de 2011

AS DIFERENTES CORRENTES DE PENSAMENTO SOBRE A CRIAÇÃO


O debate Criação vs. Evolução empolga um número crescente de pessoas no ocidental. Aumenta também o número de publicações sobre o tema. Vamos apresentar este tema em forma de debate, isto fazendo, teremos em conta as diferentes correntes; algumas tem um número elevado de apoiantes outras menos. Eis algumas dessas correntes:
A. Projecto Inteligente – Este grupo defende que o Universo e a vida foram criados por uma inteligência superior que tinha um projecto definido. A razão da existência deste grupo centra-se na dificuldade em aceitar a criação tal como está descrita na Bíblia e a impossibilidade da ciência explicar o aparecimento da
vida na Terra, especialmente nos seus aspectos mais complexos. Essa inteligência tanto pode ser o Deus que está na Bíblia como qualquer outra divindade ou não-divindade. Isso significa que nessa categoria podem ser encontrados cristãos, judeus, maometanos, cépticos, agnósticos, ateístas, assim como cientistas e não-cientistas. A verdade sobre este segmento de pessoas, os que iniciaram o movimento do Projeto Inteligente, era e é constituída por cientistas que defendiam e defendem a objectividade científica no estudo e pesquisa da origem da vida, desvinculada de filosofias ou crenças religiosas.
Este grupo faz oposição cerrada aos evolucionistas. Acreditam que os evolucionistas se esquivam em dar explicações sobre a origem da vida na Terra, e quando o fazem, apresentam ideias limitadas. Por exemplo, os defensores do projecto inteligente não aceitam que a complexidade de uma proteína, formada por milhares de moléculas e milhões de átomos, tenha sido alcançada por mero acaso de substâncias orgânicas que se juntaram no ambiente terrestre e paulatinamente se uniram. Este grupo entende que a vida é muito complexa para ter surgido de acasos.
Por outro lado, este grupo sofre o contra-ataque dos evolucionistas que afirmam serem os seus seguidores pessoas defensoras, disfarçadas, da criação bíblica - ao apelarem para a necessidade de tal complexidade, a ponto de exigir, uma força inteligente superior, pretendem, com o tempo, fazer crer que essa força é Deus.
B. Criacionistas Ortodoxos – Esse grupo defende a criação do Universo, e tudo o que nele há, tal como está descrito na Bíblia, mais especificamente no Livro do Génesis, de forma literal. Exemplo: a semana da criação foi mesmo uma semana e não um tempo simbolizado numa semana. Ao mesmo tempo combatem os que pensam diferente, ainda que sejam criacionistas que atribuam algum simbolismo ao texto bíblico. Não se preocupam em apresentar provas ou evidências objectivas para as suas posições, pois estas são alicerçadas na fé.
A imensa maioria dos crentes, embora criacionistas, não está incluída neste grupo porque está interessada tão-somente na divulgação das doutrinas – não há interesse em debater com os que têm posições diferentes.
C. Ciência da Criação – Esse grupo defende a tese de que o Universo, e tudo o que nele há, foi criado tal como está na Bíblia, mais especificamente no Livro do Génesis, de forma literal. Difere do grupo de Criacionistas Ortodoxos porque está empenhado em provar que estão no caminho certo. Preocupam-se em apresentar evidências: "NO princípio criou Deus os céus e a terra."Gén.1:1:
* A confirmação, com dados objectivos, dos eventos descritos na Bíblia;
* A demonstração de falhas nas teorias científicas que não se coadunam com a Bíblia.
Exemplo: Provar que a Terra tem menos de dez mil anos, para o que, entre outras coisas, fazem pesquisas arqueológicas. Nesse período de tempo da idade da Terra poderiam ser enquadrados todos os eventos da Bíblia, numa análise retrospectiva, até chegar no início do Livro do Génesis, que descreve a criação do Universo. Assim, esse grupo tenta provar que a “Terra não tem milhões de anos”, e ao mesmo tempo encontrar falhas nos métodos de pesquisa que indicam uma idade para a Terra entre 4 e 5 biliões de anos.
D. Evolucionistas – Aqui, como o nome indica, acham-se aqueles que julgam ser o Universo, assim como a vida na Terra, resultantes de processos evolutivos. Esses processos foram desencadeados por acidentes, que podem ter tido proporções cósmicas ou proporções muito limitadas. Exemplos: Acidente de proporções inimagináveis causou uma grande explosão, conhecida como Big Bang, da qual resultou o Universo. Outros acidentes cósmicos levaram à organização e desorganização de corpos celestes, com a formação e extinção de planetas, estrelas, galáxias, etc. Acidentes ambientais na Terra resultaram no aparecimento da vida. Outros acidentes de menores proporções causaram o aparecimento de espécies de vida e o desaparecimento de outras previamente formadas, assim como diferenciações entre espécies.
A evolução foca, portanto, coisas diferentes, com características macro e micro, e não é sinónimo de darwinismo. Nesse grupo são encontrados cientistas e não-cientistas, religiosos e não-religiosos.
E. Teoria da Evolução de Charles Darwin – Este é um sub-grupo do item anterior, mas que, pela sua importância e divulgação nos meios académicos e científicos, é sempre envolvido no debate. Embora ao tempo de Charles Darwin os conhecimentos da biologia fossem limitados, a teoria tem espaço para a introdução de descobertas posteriores, mas faltam-lhe conexões importantes para aumentar a credibilidade. Algumas características da Teoria da Evolução de Darwin:
* cuida da vida na Terra;
* parte do pressuposto de que a evolução da vida e das espécies é um facto e tenta explicar como ela ocorre;
* baseia-se nas evidências de que a selecção natural é um mecanismo importante na evolução;
* atribui a mudanças externas, no meio ambiente, mudanças nos organismos (chamadas mutações);
* estabelece que as mudanças nos organismos são alterações no material genético, no comportamento e no aspecto físico;
* a sobrevivência ou desaparecimento de uma espécie depende da sua capacidade de adaptar-se ao meio ambiente;
* as mudanças são lentas – podem levar milhares ou milhões de anos para se completarem.
Este grupo é composto por cientistas, professores, simpatizantes, religiosos e não-religiosos. Uma parte deles está empenhada em combater o Criacionismo, a Ciência da Criação e o Projecto Inteligente.
F. Astrobiologia – A Astrobiologia é o ramo da ciência que estuda a existência da vida fora da Terra, isto é, noutros astros celestes, e não tem qualquer implicação no debate Criação vs. Evolução. São cientistas, religiosos e não-religiosos. Contudo, alguns cientistas dessa área entraram no debate e formaram uma corrente que tem poucos seguidores até ao momento.
G. Panspermia – Esse grupo postula a existência de vida fora da Terra e que ela foi, propositadamente, espalhada pelo Universo. Embora não defendesse esta tese da Panspermia, Francis Crick, co-descobridor da dupla hélice do ADN, pelo qual ganhou o Prémio Nobel, ante a complexidade da vida e a dificuldade de explicar o seu início na Terra como fruto do acaso, sugeriu que se devia levar em conta a possibilidade de que seres alienígenas espaciais enviaram naves à Terra com esporos e com isso iniciar a vida. Esse grupo é numericamente pequeno e abriga cientistas e não-cientistas ateístas.
OS VERDADEIROS CRISTÃOS TÊM INTERESSE EM QUE SEJA DISCUTIDA O PRINCÍPIO DA CRIAÇÃO E A TEORIA DA EVOLUÇÃO.Esse debate pode parecer insignificante, um diletantismo ou uma mera curiosidade do homem em conhecer as suas origens. Contudo, ele tem outras implicações de grande alcance social e político. Exemplos:
• O grupo da Ciência da Criação não vê justificação para que a Teoria da Evolução ser ensinada nas escolas, já que ela não responde a todas as perguntas sobre a vida. Por isso pugna pela mudança nos currículos de modo que seja dado igual ensino da Teoria da Evolução e da Ciência da Criação. O assunto já foi levado aos Tribunais dos Estados Unidos e essa luta dá sinais de estar apenas a começar.
• Por outro lado, esse grupo considera que condicionar o aparecimento da vida na Terra, e consequentemente do ser humano, aos acasos, é reduzir a importância do homem. O valor expresso na criação, com o homem criado à imagem e semelhança de Deus, dá outra dimensão à existência e a impregna de deveres e responsabilidades que contribuem para o aprimoramento moral e espiritual do indivíduo.
• Os evolucionistas da Teoria da Evolução de Darwin, ao atribuírem ao meio ambiente grande importância na evolução, atribuem ao homem responsabilidade pela sua sobrevivência. Da mesma forma que outras espécies animais desapareceram devido a adversidades do meio ambiente, o homem também pode desaparecer pela ausência de certas condições. Estabelece-se assim, a responsabilidade social do ser humano.
• Por outro lado, acreditam que admitir a vida como produto da acção de Deus, deuses ou outra inteligência superior, coloca a humanidade à mercê dos propósitos dessas entidades. E esses propósitos são desconhecidos. Em tal circunstância não caberia ao homem pensar em responsabilidade pessoal e social, e tampouco na necessidade de cuidar do meio ambiente, o que seria um risco para a humanidade.
Portanto, o debate Criação vs. Evolução tem fundamentações éticas e morais que se nivelam aos valores religiosos e preceitos científicos das diversas correntes.

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