“No princípio, criou Deus os céus e a Terra” (Géneses 1:1).
Há muitas verdades profundas nesse texto simples. Uma delas
é que o Universo teve um começo. Embora essa ideia possa não parecer tão
radical hoje, ela vai contra a antiga crença em uma criação ocorrendo
eternamente. De modo geral, a noção de que o Universo teve um início não foi
aceita até o século 20, quando o modelo do “Big Bang” acerca das origens foi
estabelecido. Até então, muitos acreditavam que ele sempre houvesse existido.
Muitos resistiram ao conceito da criação do Universo porque isso implicava algum
tipo de Criador (na verdade, o nome “Big Bang” tinha a intenção de zombar da
noção de um Universo criado). Mas a evidência de que o Universo teve um início
se tornou tão forte que quase todos os cientistas a aceitaram, pelo menos por
enquanto (os pontos de vista científicos, mesmo aqueles considerados
sacrossantos, muitas vezes são alterados ou refutados).
1. O que a Bíblia afirma sobre Deus e a criação do Universo?
Hb 11:3
Assim como Génesis 1:1, o texto de Hebreus 11:3 é cheio de
mistério e de coisas inexplicáveis ao nosso conhecimento atual. No entanto, o
texto parece nos dizer que o Universo não foi formado a partir de matéria
preexistente, mas foi criado pelo poder da Palavra de Deus. Isto é, matéria e
energia foram trazidas à existência pelo poder de Deus.
Criação do nada é conhecida como criação ex nihilo. Muitas
vezes atribuímos aos seres humanos a criação de várias coisas, mas eles são
incapazes de criar do nada. Podemos mudar a forma da matéria preexistente, mas
não temos poder de criar ex nihilo. Somente o poder sobrenatural de Deus pode
fazê-lo. Essa é uma das diferenças mais dramáticas entre Deus e os seres
humanos e nos lembra de que nossa própria existência depende do Criador.
Na verdade, o verbo criar em Génesis 1:1 vem de uma raiz
hebraica usada somente em referência à atividade criadora de Deus. Unicamente
Deus, não os seres humanos, pode fazer esse tipo de criação (leia também Rm
4:17).
Por que um Criador sobrenatural, que existe acima e além da
criação, é a única explicação lógica para a origem de tudo? Comente com a
classe.
Os céus declaram
“Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia
as obras das Suas mãos. Um dia discursa a outro dia, e uma noite revela
conhecimento a outra noite. Não há linguagem, nem há palavras, e deles não se
ouve nenhum som” (Sl 19:1-3).
2. O que as obras de Deus falam sobre Sua glória e
atributos? Você já experimentou essa realidade? Como a ciência pode nos ajudar
a apreciar ainda mais o poder e sabedoria do Criador? Sl 19:1-3; Rm 1:19, 20
A vida não pode ser mantida em qualquer tipo de ambiente. Na
verdade, parece que o Universo deve ter sido muito bem projetado para que a
vida existisse. Primeiramente, os blocos de construção de toda a matéria – os
átomos – devem ser estáveis o suficiente para que sejam criados objetos
materiais estáveis.
A estabilidade dos átomos depende das forças que mantêm
juntas as suas partes.
Os átomos contêm
partículas carregadas que se atraem e se repelem. As forças de atração e
repulsão devem ser cuidadosamente equilibradas. Se as forças atrativas fossem
muito fortes, seriam formados apenas átomos grandes, e não haveria hidrogénio.
Sem hidrogénio, não haveria água, e, assim, não haveria vida. Se as forças
repulsivas fossem fortes demais, seriam formados apenas átomos pequenos, como o
do hidrogénio, e não haveria o carbono nem o oxigénio. Sem oxigénio, não
haveria água nem vida. O carbono também é essencial para todas as formas de
vida que conhecemos.
Os átomos não precisam apenas ser estáveis, mas devem ser
capazes de interagir uns com os outros para formar um grande número de
compostos químicos diferentes. Deve haver equilíbrio entre as forças que mantêm
as moléculas unidas e a energia necessária para quebrar a molécula, a fim de
que aconteçam as reações químicas das quais a vida depende.
A exata adequação do
nosso Universo para a vida ganhou a admiração dos cientistas e levou muitos
deles a comentar que ele parece ter sido projetado por um Ser
inteligente.
O mundo também deve
ter sido planejado sabiamente para que a vida existisse. A variação de temperaturas
deve ser compatível com a vida. Por isso, a distância do Sol, a velocidade de
rotação e a composição da atmosfera devem estar em equilíbrio. Muitos outros
detalhes do mundo devem ter sido cuidadosamente projetados. Na verdade, a
sabedoria de Deus é revelada no que Ele criou.
O poder de Sua palavra
3. Além da sabedoria, que outro atributo de Deus foi
mencionado no contexto da criação? Como esse atributo foi manifestado? Quais
são as implicações dessa verdade? Jr 51:15, 16; Sl 33:6, 9
Embora não saibamos exatamente como Deus criou, somos
informados de que foi através de Sua palavra poderosa. Toda a energia em todas
as partes do Universo teve sua origem na palavra de Deus. Toda a energia em
todos os nossos combustíveis veio do poder de Deus. Toda a gravidade em todo o
Universo, cada estrela guiada em seu curso e cada buraco negro surgiram pelo
poder de Deus.
Talvez a maior quantidade de energia esteja dentro do
próprio átomo. Ficamos justificadamente impressionados pelo poder das armas
nucleares, nas quais uma pequena quantidade de matéria é convertida em grande
quantidade da energia. No entanto, os cientistas dizem que toda matéria contém
grandes quantidades de energia. Se uma pequena quantidade de matéria pode
produzir a grande energia de uma arma nuclear, considere a quantidade de
energia armazenada na matéria do mundo inteiro! Mas isso não é nada quando
comparado com a energia armazenada na matéria do Universo. Imagine o poder de
Deus utilizado para trazer o Universo à existência!
Muitos cientistas
acreditam que qualquer coisa que Deus fizer na criação estará limitada pelas
“leis da natureza”, mas essa ideia é contrária à Bíblia. Deus não é limitado
pela lei natural. Em vez disso, Ele determinou a lei natural. Nem sempre o
poder de Deus seguiu os padrões que chamamos de “leis da natureza”.
Por exemplo, uma das “leis da natureza” é a “Lei da
Conservação da Matéria e Energia”. Essa lei afirma que a quantidade total de
matéria e energia no Universo é constante. Mas como o Universo poderia aparecer
do nada se essa lei fosse inviolável? A palavra criadora de Deus não está
limitada às “leis” da ciência. Deus é o autor de toda a criação e é livre para
realizar Sua vontade.
Pense na grandeza do Universo e no extraordinário poder
necessário para criá-lo. Não é confortador pensar que o Deus que exerce tal
poder nos ama e morreu por nós?
Jesus, Criador do céu e da Terra
4. Qual é a identificação do Criador no Novo Testamento?
Quais são as implicações da resposta a essa pergunta? João 1:1-3, 14; Cl 1:15,
16; Heb 1:1, 2
João se refere a Jesus como o Verbo (“Logos”) e O iguala a
Deus. Mais especificamente, Jesus é o Criador de todas as coisas. Nos dias de
João, geralmente o termo logos era usado para representar o princípio criativo.
Os leitores de João estavam familiarizados com o conceito de logos como um
princípio criativo ou até mesmo como um Criador. João aplicou esse conceito
familiar a Jesus, identificando-O como o verdadeiro Criador. Jesus, o Logos, o
Encarnado que viveu entre nós, estava não apenas presente no princípio, Ele foi
o Criador do Universo. Isso significa que podemos ler Génesis 1:1 assim: “No
princípio, Jesus criou os céus e a Terra.”
As palavras de Paulo no primeiro capítulo da carta aos
Colossenses repercutem as de João na identificação de Jesus Cristo como
Criador. Por Ele todas as coisas foram criadas. Paulo acrescenta dois outros
atributos de Jesus. Primeiro, Ele é a imagem do Deus invisível. Em nosso estado
pecaminoso, não podemos ver Deus, o Pai, mas podemos ver Jesus. Se queremos
saber como é Deus, podemos estudar a vida de Jesus (João 14:9). Segundo, Paulo
chama Jesus de “primogénito” da criação (Cl 1:15). Nesse contexto, “primogénito”
não se refere à origem, mas ao estatus.
O primogénito era o
cabeça da família e herdeiro dos bens. Jesus é o “primogénito” no sentido de
que, como Criador e por meio da Encarnação (ao assumir nossa humanidade), Ele é
o líder legítimo da família humana. Jesus não era um ser criado, mas, desde a
eternidade era um com o Pai.
Hebreus 1:1, 2 repete os mesmos pontos da passagem de
Colossenses. Jesus é nomeado herdeiro de todas as coisas, Aquele por quem o
mundo foi criado. Além disso, Ele é a representação exata da natureza do Pai,
outra maneira de afirmar que Ele é a imagem de Deus.
Como você responderia se alguém lhe perguntasse: “Como é o
seu Deus?” Que justificativa você daria para sua resposta?
O Criador entre nós
5. Em quais situações o poder criador de Jesus foi
manifestado? João 2:7-11; 6:8-13; 9:1-34
Cada um desses milagres nos dá um vislumbre do poder de Deus
sobre o mundo material que Ele mesmo criou.
Em primeiro lugar,
que tipo de processo seria necessário para transformar a água em vinho? Não
sabemos. Na verdade, o que Jesus fez naquela ocasião foi um ato fora das leis
da natureza, pelo menos como as conhecemos agora.
No milagre dos peixes
e pães, Jesus começou com cinco pães e dois peixes e terminou com o suficiente
para alimentar uma multidão e obter doze cestos de sobras. Todo o alimento foi
feito de átomos e moléculas. No fim, havia muitas vezes mais átomos e moléculas
de alimento do que quando Jesus começou a alimentar a multidão. De onde vieram
as moléculas adicionais, se não pela intervenção sobrenatural de Deus?
Além disso, que mudanças
físicas ocorreram no cego quando ele foi curado? Ele era cego de nascença.
Assim, seu cérebro nunca havia sido estimulado a formar imagens a partir das
mensagens enviadas pelo olho através do nervo óptico. Seu cérebro teve que ser
renovado, para que pudesse processar as informações recebidas, formar imagens e
interpretar seu significado. Além disso, havia algo errado com o próprio olho.
Talvez algumas moléculas fotorreceptoras houvessem sido produzidas de forma
incorreta, como resultado de uma mutação em seu ADN. Ou talvez alguma mutação
tivesse ocorrido, no momento da concepção, nos genes que controlam o
desenvolvimento das partes do olho – retina, nervo óptico, lente, etc. Ou
talvez tivesse ocorrido algum dano mecânico que impedisse o olho de funcionar
adequadamente.
Quaisquer que fossem
os detalhes da cegueira do homem, as palavras de Jesus fizeram com que
moléculas se formassem nos lugares apropriados, criando receptores funcionais,
conexões neuronais e células cerebrais, de modo que a luz recebida pelo olho
formasse imagens, e o homem tivesse a capacidade de reconhecê-las como nunca
havia visto antes.
Embora os milagres sejam maravilhosos, qual é o perigo de
fundamentar a fé neles?
A obra da criação jamais poderá ser explicada pela ciência.
“A teoria de que Deus não criou a matéria ao trazer à
existência o mundo, não tem fundamento. Na formação de nosso mundo, Deus não
dependeu de matéria preexistente. Ao contrário, todas as coisas, materiais e
espirituais, surgiram perante o Senhor Jeová ao Seu comando, e foram criadas
pelo Seu próprio desígnio. Os céus e todas as suas hostes, a Terra e tudo
quanto nela há, são não somente obra de Suas mãos, mas vieram à existência pelo
sopro de Sua boca” (Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja, v. 8, p. 258,
259).
“Precisamente como Deus realizou a obra da criação, jamais
Ele o revelou ao homem; a ciência humana não pode pesquisar os segredos do
Altíssimo. Seu poder criador é tão incompreensível quanto Sua existência”
(Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 113).
Perguntas para
reflexão
1. Por que somente um
Criador sobrenatural pode explicar a criação? Comente com a classe.
2. A ciência fala
sobre o que ela chama de “coincidências antrópicas” (da palavra grega anthropos
[homem]), em referência aos equilíbrios incrivelmente bem ajustados entre as
forças da natureza, que tornam possível a vida humana. Observe, no entanto, o
preconceito embutido revelado na palavra coincidências. Se você não acredita em
Deus, então tem que atribuir esses equilíbrios à mera coincidência. Por que a
crença de que eles foram o produto da atuação de um Deus Criador é uma
explicação mais razoável do que simplesmente chamá-los de “coincidências”?
3. Considere o amor do Criador, quando Ele formou Adão e Eva
e lhes deu um belo lar no Paraíso, sabendo que Ele mesmo sofreria e morreria no
Calvário, nas mãos da humanidade que estava criando. O que aprendemos sobre o
amor de Deus a partir da Sua decisão de ir em frente com a criação, mesmo
sabendo que sofreria?
4. Qual é a diferença
entre a teoria do “Big Bang” e a declaração de Gênesis 1:1? O “Big Bang”
poderia ser uma descrição da maneira pela qual o Universo passou a existir, por
meio da palavra de Deus? Quais questões ou problemas você vê nessa ideia? Por
que seria perigoso vincular nossa teologia a qualquer teoria científica,
especialmente quando a ciência muda com tanta frequência?
Respostas sugestivas:
1. O Universo foi formado pelo poder da palavra de Deus, a partir do que era
invisível. 2. Os céus anunciam a glória de Deus e o firmamento a obra de Suas
mãos. Por meio de evidências, sem palavras, percebemos Seu poder e Sua
divindade nas obras da criação. 3. O poder de Sua palavra criadora. 4. Jesus, o
divino e eterno Verbo de Deus criou todas as coisas. Em Jesus, Deus Se tornou
homem para salvar a humanidade. Ele tem a imagem do Pai e por isso pode
revelá-Lo plenamente. 5. Ao transformar água em vinho, ao multiplicar os pães e
peixes e ao curar o cego de nascença.
Tremensário, 1ª Semana de 2013